quinta-feira, 30 de abril de 2009

Pelotense citado em discurso da ABL

João Manuel dos Santos Cunha sempre diz que nunca criou nada e que inveja de coração os grandes criadores das artes, especialmente da literatura e do cinema. Até parece que ele despreza o pensamento crítico e a comparação de textos e gêneros, mas não é assim; na verdade, ele extravasa uma enorme paixão por esses focos de estudo, aos quais dedica todo seu tempo, há mais de 40 anos, e seguirá dedicando até o fim da vida, com entusiasmo crescente.

Quem o conhece por aqui sabe que ele é famoso em sua área, pelo menos no Estado, mas não suspeita que suas pesquisas chegaram a ouvidos da Academia Brasileira de Letras, a mesma de Machado de Assis e dos fardões renascentistas.
A tese de doutorado de João Manuel (UFRGS, 1996) foi citada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos em sua posse na Academia, em julho de 2006. O título completo da tese de João Manuel (veja o currículo Lattes) é: A lição aproveitada - modernismo e cinema em "Amar, verbo intransitivo" (referência ao livro de Mário de Andrade, publicado em 1927).
A inclusão de Pereira dos Santos (esq.) entre os imortais das letras foi a maior homenagem que a ABL podia ter feito ao cinema - hoje com 80 anos, seu currículo inclui 27 filmes dirigidos e/ou produzidos desde 1949 até 2005. É o único acadêmico que não tem bibliografia; somente filmografia. Talvez seja o único caso no mundo - não fiz a pesquisa. Mas também devemos reconhecer que a Academia faz nele, ao mesmo tempo, uma saudação ao modernismo e ao nacionalismo e reconhece a equiparação dos gêneros artísticos e textuais. O próximo passo da ABL deverá ser mudar seu nome para Academia Brasileira de Textos.
No discurso de Pereira dos Santos, uma parte se refere à relação entre cinema e literatura, em que introduz ideias que João Manuel pesquisou e organizou - sendo sua tese somente um de tantos trabalhos. Transcrevo em azul o trecho alusivo, e deixo o link para o site da Academia, que traz informação completa sobre todos os acadêmicos desde 1897 (leia o discurso completo).
O professor João Manuel dos Santos Cunha, em sua tese de Doutorado, "Uma Lição Aprendida", faz um excelente resumo de todas as abordagens teóricas sobre o assunto. Demonstra exaustivamente que é mais do que consagrada a constatação de que o cinema influenciou as artes narrativas, em especial o romance. 
Em contrapartida, cita autores que apontam a influência da literatura no cinema, especialmente no cinema de vanguarda e nos filmes pós Nouvelle Vague [sem grifar e em minúsculas, no original], enquanto outros provam que a linguagem cinematográfica está presente na literatura, desde a Antigüidade clássica. 
João Manuel dos Santos Cunha registra em seu trabalho que o teórico francês Paul Léglise escreveu um "ensaio de análise fílmica do primeiro canto de Eneida", de Virgílio, e cita, a propósito, outro importante teórico da Sétima Arte, Henri Agel, que afirmou: "...existe um cinema em estado latente, presente desde sempre, e de forma especial, nas literaturas antigas".
Imagens da web.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mostra de cinema francês, em 2001

Vejam o que acontecia em Pelotas há somente sete anos e meio, segundo informava o Diário Popular:
- Pelotas sediará Seminário Regional de Professores de Francês (leia).
- Depois de quase dez anos Pelotas volta a sediar mostra de cinema francês (leia).

De 23 a 25 de agosto de 2001, realizou-se em Pelotas o 1º Seminário Regional de Professores de Francês, encontro organizado pelos cursos de Letras da UFPel, da UCPel e da FURG, com apoio municipal e da Embaixada Francesa.
A programação de trabalhos, conferências e mesas redondas incluiu a exibição de três filmes franceses, especialmente conseguidos para o evento, fora do circuito comercial.

A gestão foi feita pela Secretaria de Cultura - primeiro ano do governo Marroni - na pessoa do coordenador das Artes da Palavra e da Imagem, João Manuel dos Santos Cunha (dir.), professor de literatura com pós-doutorado na França.

Na época, o antigo Cine Pelotense já estava desativado, mas se prestou de modo ideal, pois a sala e seus equipamentos ainda não haviam sido desmantelados. Os preços foram de 6 e 3 reais, mas para alunos dos colégios que ensinavam francês (D. João Braga e N. S. de Lourdes) cobrou-se R$ 1,50.

A Mostra de Cinema Francês Contemporâneo apresentou:
- "Hotel das Américas" (Hôtel des Amériques, 1981), com Catherine Deneuve e Patrick Dewaere (esq.). Diretor: André Techiné.
- "Ninguém me ama" (Personne ne m'aime, 1994), com Bernadette Lafont e Jean-Pierre Léaud. Diretora: Marion Vernoux.
- "A vida é um longo rio tranqüilo" (La vie est un long fleuve tranquille, 1988), com Benoît Magimel e Valérie Lalande. Diretor: Etienne Chatiliez (abaixo).

João Manuel contatou a Embaixada da França e iniciou na SeCult uma área sobre cinema e formação de platéia. "É um projeto a médio prazo que prevê a formação de um público educado e crítico, que vá além do cinema comercial norte-americano", informava a matéria de jornal. A atividade começou com filmes franceses, encaixando-se na programação do encontro de professores.

João Manuel ainda sonhava com uma sala municipal de cinema, para que os ingressos pudessem ser subsidiados. Ao parecer o projeto não teve continuidade, mas hoje, oito anos depois, há mais meios em Pelotas para exibir-se filmes em salas fechadas; inclusive existem alguns cineclubes e um curso de Cinema na UFPel.

A Secretaria de Educação também deu apoio ao seminário, e um dos resultados do encontro - que teve relativa continuidade - foi a implantação de oficinas de francês em algumas escolas municipais. Na mudança de governo, em 2005, houve reformulações e algumas atividades continuaram, na SME e na SeCult.

Em 1995, tinha havido um evento semelhante. Em 2005, um artigo de três professoras informou sobre este encontro de 2001 e outro de 2004 (leia). De acordo a esse nosso ritmo de "longo rio tranquilo", talvez vejamos uma iniciativa parecida nos próximos anos. As pessoas já não estão nos mesmos lugares, mas ainda há universidades e secretarias municipais.

O poliglotismo interessa a linguistas e pedagogos, mas também tem a ver com políticas culturais. A França é nesta área um modelo de referência mundial; todas as instituições francesas defendem seu idioma e suas expressões artísticas, especialmente contra a hegemonia norte-americana que ocupa as culturas nacionais com sua terminologia inglesa e com sua mentalidade comercial e matemática. No entanto, os franceses não deixam de estudar o idioma inglês, como se vê nesta cena do filme La vie est un long fleuve tranquille, exibido em 2001 em Pelotas, por única vez.


Trio VIP, o passo adiante de Cláudia Braunstein

Cláudia Braunstein Daniel Ribeiro apresentou esta terça (28) no Sete de Abril sua nova produção musical, que, mantendo a continuidade de seu estilo pessoal e de sua carreira como professora e tecladista, a coloca num degrau superior quanto à formação de um público próprio, a qualidade musical e sua própria satisfação no palco.

Em 2005 Cláudia se mudou de Rio Grande com sua família, para incorporar-se à cultura pelotense e crescer musicalmente.

Em 2008, a vida a obrigou a amadurecer: viúva desde 2007, terminou seus estudos de locução no SENAC e a licenciatura em música na UFPel, também descobrindo na voz um instrumento em bom estado e poderoso para avançar em suas metas artísticas.

Deixou antigas parcerias e formou o Trio VIP, com dois músicos pelotenses que vieram enriquecer os arranjos que antes se baseavam no teclado que ela mesma sempre tocava, para que outros cantassem.

Esses músicos são Carlos Renato Pinto ("Popó", 30 anos, baterista do grupo pelotense Soul da Silva) e Leon Souza de Campos ("Vezo", 46 anos, integrante original do San Remo).

O trio deu certo, incorporando talentos para ritmo e harmonia, e mantendo o mesmo estilo e repertório pop suave de Cláudia.

Sua voz agora é a condutora das canções, cativando a atenção do público - sem deixar de emprestar protagonismo à criatividade e segurança baterística de Renato Popó e às incursões melódicas de Vezo, muito oportunas, além do apoio harmônico permanente no baixo, e segunda voz na Canção da Meia-Noite.

Ainda sobre a voz de Cláudia, é de notar que por vinte anos ela não cantou em público, nem sequer entre amigos, apesar de gostar de fazê-lo e ter um bom material e habilidades - afinação, timbre suave, pouco vibrato, expressividade, bom uso do microfone e enfrentamento do público - requisitos básicos de um bom cantor popular (seja solista ou backing vocal). Com sua prática no coro Música pela Música, estudos de locução e trabalhos de condução coral, o passo adiante foi conseguido.

A primeira apresentação cantando foi na Feira do Livro de Pelotas em novembro passado, ainda na parceria com Roberto Silva, outro rio-grandino. Logo veio a formação do trio, que fez um primeiro show na Feira do Mar, em 4 de abril, e o Sete ao Entardecer esta semana.

Toda a experiência dos três e o incondicional apoio do público não impediram algumas falhas de entrosamento, imperceptíveis de longe mas que serviram para mostrar-lhes que a presença de espírito e a harmonia interpessoal são os recursos para resolver detalhes, mesmas virtudes que servem para improvisar trechos solo. A sensibilidade também os capacita para tocar os corações das pessoas e liberar suas tensões e inibições.

O trio já está pronto para voos mais altos, mas quando tiver a total confiança em si, poderá dar novos passos à frente: gravação de discos, shows em cidades maiores e públicos mais exigentes. O talento e a simpatia já deram as mãos.
Fotos: Eduardo Ribeiro (1 e 3), Rejane Botelho (2), F.A. Vidal (4).

A estética das tijoletas

A palavra tijoleta não é muito usada no Brasil, sugerindo a ideia de pequena laje ou tijolinho de cerâmica. Em Pelotas ela significa uma coisa só: ladrilho hidráulico - uma lajota de cimento mais ou menos de 20 x 20cm, muito usada para pavimentar calçadas. A Fábrica de Mosaicos exporta tijoletas para o mundo.

Ainda que com atraso, deixo aqui registrada a exposição que termina hoje (29) no Corredor Arte do Hospital da UFPel, justamente inspirada na gráfica dos ladrilhos hidráulicos. Trata-se da primeira individual de André Barbachan, artista que criou para esta ocasião uma série de 15 serigrafias intitulada: "A estética sob meus pés".

As obras são criadas a partir de fotos do calçamento da cidade e, segundo André, não pretendem mostrar o belo, nem períodos históricos, mas representar de uma forma diferente os trajetos que percorremos diariamente para chegar a algum destino.

“Mostro os caminhos que fazem parte dos meus rumos, calçadas com ladrilhos onde brinco de não pisar nas emendas, rachaduras, buracos, até mesmo a profunda escuridão do asfalto que me faz andar em uma rápida linha reta”, diz o autor.

Há dez anos envolvido com artes visuais, André já passou por várias áreas da arte, como serigrafia, vídeos, intalações, stencil, escultura, publicidade e atualmente estuda Artes Visuais na UFPel, habilitação em Gravura, além de tocar no grupo de rock Canastra Suja. Veja mais de seu trabalho no blog Estação da Moda.

“Nossa cidade é rica em detalhes. Se brincarmos com a poética do olhar, seremos tomados por um campo imenso de imaginação. Existe poesia em tudo”, diz o artista.
Sobre o Corredor Arte, projeto de saúde mental dentro do hospital-escola, André comenta: “Acho fundamental um hospital ter um espaço para que as pessoas se desprendam nem que seja por alguns minutos do que as leva ali”.

Visitando o Corredor, não pude deixar de observar que as linhas do chão que o artista transformou em serigrafias estão agora nas paredes, que fazem o papel de calçada. Nossos olhos, então, tomam a função dos pés que caminham pelos ladrilhos, pedras, asfalto e meios-fios.
Imagens: André Barbachan (1-3), F.A. Vidal (4).

domingo, 26 de abril de 2009

Aula inaugural sobre Literatura e Cinema

O curso de Cinema e Animação da UFPel começou o ano letivo 2009 na terça-feira 14 de abril com uma Aula Inaugural proferida pelo professor de literatura João Manuel dos Santos Cunha (dir.) no auditório da Rua Alberto Rosa nº 62.

O tema interessava aos alunos do curso, que está iniciando sua terceira turma, e a todos os especialistas em literatura comparada ou em artes fílmicas: Literatura e Cinema, natureza e limites de uma relação intertextual e transemiótica.

João Manuel tem dedicado sua vida acadêmica - 42 anos de magistério - a pesquisar sobre as relações entre o cinema e a literatura e não deixa de mostrar todo o entusiasmo que sente, entregando a riqueza de seus conhecimentos e estimulando o intelecto dos ouvintes a que se leia mais sobre cada assunto e logo a discutir cada ponto exaustivamente.

Nesta ocasião, o ponto central do tema era a possibilidade de se traduzir textos literários ao gênero fílmico. Não é concebível transpor um livro ao cinema, pois os gêneros são diferentes; as linguagens impedem transcrever os conteúdos, mas é possível recriar ou "transcriar". Os textos escritos despertam nossa imagens mentais, enquanto os filmes já trazem imagens visuais feitas; no entanto, as imagens mentais seguem latentes à observação de um filme.

A palavra "traduzir" é aceitável se for considerado que não existem as traduções exatas, pois pelas diferenças dos contextos é preciso reconstituir uma obra, parte por parte, ao passá-la de um idioma a outro. "Tradução criativa" ou "transcriação" são expressões de Haroldo de Campos (1969) para referir-se à recriação de uma obra ao ser vertida a outra linguagem ou idioma (veja um artigo de Flávio Carneiro sobre este ponto).

Não foi projetado nenhum vídeo, mas os exemplos foram abundantes. Como se já estivesse dentro de uma disciplina regular, o professor pediu que lêssemos o livro "Reparação", de Ian McEwan, e víssemos o filme inglês do mesmo nome - Atonement (2007), com a atriz Keira Nightley (esq.) - chamado em português "Desejo e Reparação". Este é um simples exemplo de como os tradutores recriam até no título de uma obra. Em uma próxima oportunidade, poderíamos fazer comparações entre gêneros e linguagens à base dessas obras.

João Manuel também nos entusiasmou com o filme "A Hora da Estrela", versão cinematográfica de 1985 do romance homônimo de Clarice Lispector, de 1977.

Outra comparação a ser feita: entre o conto do gaúcho João Gilberto Noll "Alguma coisa urgentemente" (1980) e sua adaptação fílmica, "Nunca fomos tão felizes", dirigido por Murilo Salles (1984).

As duas horas desta verdadeira aula magna transcorreram rápido, em meio a exemplos, perguntas e comentários feitos em dois contextos paralelos: o diálogo vivo entre o mestre e quase uma centena de discípulos e a leitura formal de um texto de 16 páginas - versão adaptada para os alunos de Cinema de uma aula antes proferida por João Manuel sobre o mesmo tema.

A intenção era ler tudo em 50 minutos, mas após uma hora e meia, com tantos parênteses ilustrativos e algumas perguntas dos presentes, o professor só pôde chegar à página 6 e declarou a exposição terminada, passando então a um diálogo livre de perguntas e respostas.

A propósito de escritores gaúchos que usam imagens do tipo cinematográfico em seus textos literários, veio à baila o livro de Aldyr Garcia Schlee escrito em espanhol "El Día en que el Papa fue a Melo" (Ediciones de la Banda Oriental, 1991).

Os livros de Schlee ainda não foram "transpostos" ao cinema, mas apareceu um filme com a mesma temática, "O Banheiro do Papa" (2007), que não menciona o livro nem o escritor em seus créditos. Verdade que Schlee teve a ideia primeiro, mas as duas obras não têm inspiração mútua, mas sim num mesmo fato da realidade, a partir do qual desenvolvem conteúdos, formas e processos diferenciados.
Imagens da web (2-4) e F.A.Vidal (1).

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Pinturas inspiradas em cidades

Maria do Carmo Marisquirena Duarte está expondo até 30 de abril na Galeria da UCPel quinze quadros sob o título de Fragmentos Urbanos.
A artista plástica rio-grandina, que tem ateliê no Cassino, reuniu uma coletânea de obras abstrato-figurativas onde expressa a sua visão sobre as cidades.
O material usado é tinta acrílica sobre tela em suportes de MDF criados pela artista. O MDF (medium-density fiberboard, placa de fibra de densidade média) é um material sintético feito com fibras de madeira, resinas e aditivos, com boa consistência, flexibilidade e alta capacidade de absorção de tinta.
As cidades são conjuntos variadíssimos de figuras, movimentos e sensações; nelas há espaços, tensões, geometrias, natureza... até seres humanos, que às vezes não se decidem em ser seus protagonistas.
Tal complexidade urbana é foco de interesse de cientistas e humanistas, e cada artista também dá sua visão, que pode centrar-se nas linhas retas da arquitetura, ou nas colorações naturais, ou nos jogos de luminosidades ao longo do dia, ou numa mescla de tudo isso. Como Maria do Carmo já morou em várias cidades, seu testemunho nos parece mais abstrato, não localizado num meio específico.
Declarações da artista registradas pelo Jornal Agora:
“No colorido destes quadros, mostro a alegria e a liberdade que experimentei ao fazê-los, reunindo diferentes materiais e técnicas, em conjunto com figuras geométricas mesclando-as com transparências. As formas e cores foram se misturando e assim surgiram resultados surpreendentes, que visam a cativar a atenção e os sentidos do espectador”.
Fotos de F. A. Vidal (1-3), e UCPel (4).

quarta-feira, 22 de abril de 2009

LagoaMania: lembrando Pelotas


LagoaMania é a loja 44 do shopping Mar de Dentro, no balneário Santo Antônio. Pertence a Olavo e Eliane, donos da loja de roupas e objetos de praia "Lagoa Beach"; eles abriram há poucos meses este local vizinho no térreo, exclusivamente para lembranças relacionadas com o Laranjal, Pelotas e arredores. Olavo é o senhor de vermelho nas fotos acima.
À primeira vista, somente parece uma loja de souvenirs, mas os mapas do Estado e da Lagoa dos Patos logo sinalizam que o conceito está focado na geografia e na cultura local. Isto é de maior atração para os visitantes que em geral querem alguma lembrança de Pelotas e no centro somente encontram doces, miudezas e antiguidades. Ainda que pareça incrível, é difícil achar na cidade postais de Pelotas.
Assim, parece que estes pequenos empresários são dos poucos a trabalhar com um sentido turístico baseado no lugar em que estamos. Nesta loja não somente há postais, mas também almofadas, relógios, camisetas, chaveiros.
O primeiro que me chamou a atenção na vitrine foram as canecas com imagens de teatros, charqueadas e catedrais (acima). Na parede visível ao observador externo há um grande mapa da Lagoa, que obviamente não está à venda mas inspira o comprador a ver camisetas com mapas semelhantes, com desenhos do Grande Hotel e outros motivos.
Além dessas lembranças típicas, há outras menos comuns, como os sabonetes esculpidos com a imagem de um casarão rural e uns sabonetinhos em forma de quindins e outros doces - com os respectivos aromas de coco, ovos, chocolate.
A pintura em veludo (dir.) ilustrando uma charqueada não se encontra em outros locais; não é comum os artistas trabalharem neste material. A imagem real é mais escura e tive que fazê-la mais clara para mostrá-la aqui.
O visitante ainda encontra aqui artesanato mais elaborado, como serigrafias, bordados (v. post abaixo), conchas pintadas (acima à esq.) e entalhe em madeira, tudo com temática local - como as praias, charqueadas, casarões e a zona colonial.
Fotos de F. A. Vidal.

Dois roteiros que levam ao passado

A Revista da Costa Doce nº 4 (p. 12), publicada em fevereiro passado, informa sobre as atividades do verão em 19 cidades e balneários do sul do Estado. Numa das notas sobre Pelotas, apresenta brevemente dois roteiros turísticos em nossa cidade. Chamou-me a atenção o significado do segundo.

Pelotas Colonial
A colônia de Pelotas apresenta uma diversidade étnica rara e muito atraente. Uma formação cultural que mistura às influências portuguesas, os costumes alemães, africanos, italianos e franceses.
Patrimônio Histórico
O patrimônio histórico de Pelotas é outra atração imperdível. São magníficos casarões no entorno da Praça Coronel Pedro Osório e área central da cidade que, restaurados, revivem os tempos da imponente cidade do charque e do Banco Pelotense.

Nosso centro histórico é um verdadeiro museu arquitetônico a céu aberto que nos situa no século XIX. Sem querer ser exato, em torno da praça há umas 8 construções modernas e uma dúzia de prédios anteriores a 1930, a maioria em bom estado.

No entanto, só estão realmente restauradas e abertas à visitação: a Casa 2, a Prefeitura, a Biblioteca Pública, o Teatro Sete de Abril e a antiga Casa da Banha.

Outros casarões quase em ruínas e o Clube Caixeiral esperam a recuperação; o antigo Grande Hotel está em reforma. Uma casa antiga só ficou com a fachada e virou estacionamento (esq.), como se usa em Pelotas e já denunciei aqui no blogue (veja o post). O resto são prédios residenciais ou comerciais que não recebem turistas.

Se vivemos no meio das antiguidades, deveríamos cuidar e organizar o museu-habitação, de modo a usá-lo como cartão de visitas e mostrá-lo dignamente a visitantes e estudiosos do passado. Na imagem abaixo, um bordado que está à venda na loja de lembranças LagoaMania, no Laranjal.

A Prefeitura se encarrega disso a seu ritmo, mas e os pelotenses em geral, o que fazem? Há duas posições extremas, com os indiferentes no meio:
  • Alguns desprezam os símbolos do passado como sendo vaidade inútil ou freio para o progresso; vão embora de Pelotas ou se incomodam ao ver tanta coisa antiga; passando asfalto sobre o velho calçamento se sentem um pouco aliviados;
  • outros assimilam a mentalidade decadente e se identificam com as peças de museu, como se o tempo não mais transcorresse e nenhum futuro pudesse desenhar-se; não só se dedicam ao restauro, mas se angustiam ao ver coisas novas impondo-se; vestem roupas modernas, mas são personagens bicentenários.

Em nosso contexto atual, a conservação e a renovação deveriam unir-se, e poderíamos dar passos progressivos, valorizando nosso patrimônio e nossos recursos humanos, fazendo que renda lucros para o bem comum.
Fotos de F. A. Vidal.

domingo, 19 de abril de 2009

2ª Semana do Camarão

Lançado em 2007, o projeto Sabores do Laranjal é um conjunto de desenvolvimento empresarial centrado nos balneários Valverde e Santo Antônio, para fazer do Laranjal um lugar ainda mais interessante do ponto de vista do turismo.

Naquele ano, o grupo de sete restaurantes promoveu a iniciativa "Luar, Seresta e Laranjal", em que nas noites de lua cheia os clientes comem ao som de seresteiros. A ideia teve continuidade no ano seguinte.

Em 2008, Sérgio do Aki na Praia propôs a Semana do Camarão, sete dias coincidentes com a Semana Santa, destinados a valorizar este produto da Lagoa dos Patos e atrair visitantes da Zona Sul. Houve também shows musicais e atividades para crianças.

Calcula-se que nessa semana oito mil pessoas foram aos restaurantes Aki na Praia, Grill Santo Antônio, Clube da Eskina, Restaurante Sítio, Cia da Gula, Café Panqueca e Cebola Mix. A inauguração desta iniciativa foi divulgada pelo Diário Popular na ocasião (leia a notícia).

Em 2009, os empreendedores gastronômicos realizaram a Semana do Camarão por segunda vez, culminando também no domingo de Páscoa. Algumas das opções gastronômicas foram: estrogonofe de camarão, filé de peixe ao molho de camarão, bobó de camarão, camarão à baiana e risotos.

Este ano, o evento reuniu os mesmos restaurantes, menos o Clube da Eskina. A loja de lembranças turísticas LagoaMania, aberta há poucos meses, entrou apoiando a promoção, que segue contando com o apoio do SEBRAE e a parceria com a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer.

Houve anúncios no jornal, mas me pareceu que a divulgação foi menos ampla que no ano passado. Inclusive os pelotenses preferem outros lugares para passar o feriadão. O banner usado este ano é o que se vê na primeira imagem acima, e me foi emprestado para a fotografia pelo Edson, administrador do Cebola Mix.
Fotos de F. A. Vidal.

sábado, 18 de abril de 2009

Estação da tristeza

Há uns dias, vimos aqui no blogue um escuro diagnóstico de nossas vias férreas, com uma imagem de nossa ex-estação em total abandono (veja o post). Num dia de sol, já entrado o outono, pensei que a Estação Ferroviária em ruínas pudesse render uma foto que não fosse tão melancólica ou dolorosa como aquela, que era ao mesmo tempo de grande beleza.
Chegando à Praça Rio Branco, que é o nome oficial daquele espaço hoje vazio (dir.), vi a estação com suas linhas solenes, tão firme como sempre, bem iluminada de cima, mas com aspecto de réu perpétuo que foi dar um passeio ao sol. Como se não fosse expressiva sua deterioração, alguém escreveu na fachada a palavra "socorro" (clique na foto para aumentar).
Nenhum elemento muito animador parecia destacar-se visualmente, exceto alguns detalhes arquitetônicos oferecendo contrastes com o céu azul (acima à esq.).
Cada detalhe do lugar merecia uma atenção específica, que poderei tratar futuramente, mas vou destacar agora o seguinte.
Ao ver-me fotografando a antiga cobertura do lado interno, literalmente caindo aos pedaços (dir.), uma senhora que passava me dirigiu a palavra, em tom mais de censura que de lamento:
— O senhor está fotografando essa tristeza?
Sua expressão facial denotava incomodidade; seria pela intromissão do fotógrafo? A segunda frase definiu, sem mediar pergunta de minha parte, a quem se dirigia sua fúria:
— Foi o governo que deixou a estação nesse estado!
As pedras falam quando o povo cala, diz o Evangelho. Mas neste caso a voz do povo ainda se escuta com força. Só os governantes estão cegos e surdos.
Fotos de F. A. Vidal.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quadros de Maria Lúcia Drummond

Maria Lúcia Drummond formou-se no Conservatório de Música de Pelotas como soprano lírico, e por um tempo treinou com cuidado suas habilidades musicais, mas a vida a levou por outros caminhos. Há cerca de uma década, chegou ao ateliê de Giane Casaretto, e ali tem se desenvolvido como artista plástica, com sucesso crescente.

Neste período, participou em coletivas e individuais em cidades gaúchas e uruguaias e ganhou prêmios em concursos, o primeiro deles com direito a exposições internacionais. Em visita a sua casa ontem (16), registrei parte de sua produção.
Concentrando-se na pintura com pastel seco, Maria Lúcia tem obtido progressivamente, com o estudo minucioso, melhores efeitos de textura e brilho. Evoluindo rapidamente como pintora, ela define e soluciona desafios precisos, como um torso masculino com certa superfície, um gato enrolado num pelego (acima), um detalhe de madeira num móvel.
A representação da lenha ardendo (dir.) é outro exemplo desses desafios, fazendo que as colorações despertem a sensação de calor e o contraste entre madeira e fogo sugira imperceptivelmente a associação entre matéria e espírito.
A imagem é de 2008 e se denomina "Do trotar"; está diretamente inspirada numa frase do prefácio dos Contos Gauchescos, em que João Simões Lopes Neto apresenta o narrador Blau Nunes nas proximidades do fogo de chão, em torno ao qual a sabedoria do gaúcho é gerada e compartilhada.
Na bota do "Domador" (dir.) observamos como a artista reproduz pequenos detalhes, quase imperceptíveis a mais de dois metros de distância. No detalhe à esquerda, vê-se melhor a profundidade numa tira de couro, e uma sutil luminosidade no metal.
Maria Lúcia não se satisfaz com um só desafio plástico no mesmo trabalho, como vemos nos exemplos aqui apresentados; por outro lado, não deixa de valer-se de algum motivo condutor, nunca evidente demais. Na contemplação, descobrimos significados secundários, personagens ocultos e às vezes algumas sonoridades.
O torso nu copiado de uma foto (dir.) mostra efeitos de sombreado, relevo, cor da pele e a postura corporal do modelo. Já é expressivo ver o quadro na parede com esse conjunto de aspectos desafiantes (também ao espectador). Logo, ao fotografar esta obra no pátio da casa, um novo efeito apareceu, no contraste com as folhas de uma trepadeira na parede externa.
O quadro intitulado "Amarração" (abaixo) combina o cuidado técnico na forma e um conteúdo conceitual sugestivo. Além do jogo visual de tonalidades, sombras, reflexos e texturas, ficamos pensando no sentido das amarras de um barco, objeto que não vemos cotidianamente em Pelotas. Nosso porto não é usado, falta-nos a experiência de navegar. Imaginamos a utilidade de uma corda para segurar o barco, mas estas parecem muito firmes, talvez acomodadas na posição. Seremos nós mesmos os amarrados?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Três formas de escrever Uruguai

É comum encontrar, na sinalização urbana, diversas formas de se grafar o nome da mesma rua, mesmo que sejam formas oficiais e mais ou menos rígidas. Essas diferenças inesperadas podem ter várias causas; vejamos exemplos com as ruas de Pelotas:
  • quando os nomes são muito difíceis, cheios de agás e letras duplas, como Mário Meneghetti, Júlio Fehrenbach ou Otto Pommerening;
  • quando há controvérsias sobre a grafia: Morais ou Moraes, Luís ou Luiz;
  • quando algum acordo ortográfico reforma as palavras que conhecíamos tão bem (em 1971, Porto Alegre perdeu o circunflexo);
  • quando os saudosistas querem resgatar a escrita original do século XIX: Barão de Butuhy, Barão de Tramandahy, Cypriano Barcellos;
  • por distrações ou desinformação dos encarregados: Bevilacqua - Bevilaqua - Beviláqua, ou Cury - Curi - Cúri.

Sabendo da mutabilidade das palavras, me surpreendi ao ver duas grafias de URUGUAI, a duas quadras uma da outra.

Por que escrever, segundo o uso antigo, com Y final? Era costume preferir o Y em palavras do tupi-guarani. Também se conservava a mesma forma do espanhol, sem necessidade de aportuguesá-la.

Em que momento foi feita esta mudança nas placas, se o Y foi abolido do abecedário em 1943?

Por que convivem duas formas tão distantes no tempo e próximas no espaço? Parece uma alusão a que o Uruguai é realmente um país próximo no espaço mas distante no tempo.

O que me deixou mais intrigado foi a omissão da palavra onde a placa foi retirada (não deve ter caído de velha).

Por que retirá-la (algum colecionador)?
Que informação está sendo dita nesse espaço vazio?
E a pergunta indefectível: ali antes dizia URUGUAI ou URUGUAY?
Fotos de F. A. Vidal.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A gestão cultural nos municípios

O Plano Nacional de Cultura 2ª ed. (p. 59) traz um diagnóstico geral, feito pelo IBGE em 2006, de como os municípios brasileiros classificam a cultura na organização da gestão pública. Em outras palavras, como o órgão administrador da cultura é caracterizado no organograma municipal.
  • EM CONJUNTO. Na grande maioria (72%), a Cultura é administrada por uma Secretaria que contém seu nome e de outras áreas. Por exemplo, em Jaguarão a Secretaria de Cultura e Turismo (SeCulT) coordena as políticas dessas duas áreas. Em Santa Vitória do Palmar, a SECTur administra Esporte, Cultura e Turismo.
  • SOB SECRETÁRIO. Em 12,6%, a Cultura é um setor subordinado a uma secretaria que não leva seu nome. Por exemplo, em Arroio do Padre, a Secretaria de Educação inclui a gestão cultural e esportiva, mas não usa a denominação por extenso.
  • SOB PREFEITO. Em 6,1% dos municípios brasileiros a Cultura é subordinada diretamente ao Executivo.
  • EXCLUSIVA. 4,2% têm uma Secretaria municipal exclusiva para Cultura. Em nosso Estado, é o caso de Pelotas (SeCult), Caxias do Sul, Santa Maria e Porto Alegre (SMC), mas também de cidades pequenas como Charqueadas (33 mil habitantes), que também tem uma Lei de Incentivo à Cultura para financiar projetos nesta área.
  • SOB FUNDAÇÃO.Em 2,6% dos municípios a Cultura depende de uma fundação pública.
  • ABANDONADA. Em 2,4% não há uma estrutura específica que atenda o setor cultural.
A Confederação Nacional de Municípios tem a seguinte informação sobre a gestão cultural:
  • Somente em 13,2% das cidades existe um Conselho na área de Cultura: são 734 municípios.
  • Em 570 deles, o Conselho realizou alguma reunião.
  • Na maioria deste último subgrupo (570), as reuniões tiveram periodicidade: mensal (249), mais espaçada, de 2 a 6 por ano (144), ou irregular (147). Uma ínfima minoria - 30 municípios, 0,5% do total no país - realizou reuniões mais frequentes (2 ou mais por mês).
  • Em 461 desses 570 municípios com Conselho de Cultura reunindo-se, este é paritário (com participação dos vários atores culturais).
O blogue Anuário de Estatísticas, do Ministério da Cultura, informa em 2008 que 88% dos municípios têm no orçamento recursos para a cultura, sem especificar porcentagens. O Rio Grande do Sul está em 7º lugar entre as 27 unidades federativas: 93% de seus municípios têm recurso voltado à área cultural.
Imagens: detalhes de um quadro de Tarsila do Amaral.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Síntese da história de Pelotas

Acaba de lançar-se em Pelotas o opúsculo de 44 páginas "Pelotas: História e Cultura", uma síntese dos 200 anos de trajetória de nossa cidade, escrita pelo pesquisador José Antonio Mazza Leite.

A obra corresponde ao nº 56 dos Cadernos de História do Memorial do Rio Grande do Sul, uma divisão da Secretaria de Cultura do Estado. O Memorial é um centro cultural dirigido pelo professor Voltaire Schilling, que criou os Cadernos com o fim de difundir a história gaúcha e algumas de suas influências em nosso cotidiano.

Mazza Leite formou-se em medicina veterinária mas sua dedicação é à História, a qual estuda de modo incessante e entusiasta. Patrono da Feira do Livro de Pelotas em 2007, seu livro mais recente tratou sobre o Bazar da Moda, um relato livre sobre Pelotas, centrado no Edifício Glória, sucesso comercial de seu avô, o empresário italiano Raffaele Mazza.

O Caderno 56 já havia sido lançado em Porto Alegre em janeiro passado, mas faltava a sua apresentação no lugar dos fatos e terra natal do autor. O local escolhido foi o Instituto João Simões Lopes Neto.

O lançamento, na sexta 3 de abril, trouxe a Pelotas o coordenador Voltaire Schilling (dir., com o microfone na mão) e incluiu a sessão de autógrafos -acompanhada de champanhe - e a exposição sobre o tema "Xarqueadas".

Cada edição dos Cadernos de História organiza, junto ao texto escrito, uma amostra de artes plásticas. Neste caso referente a Pelotas, a exposição foi de uma dezena de banners baseados em xilogravuras do artista plástico Danúbio Gonçalves, com intervenção gráfica do designer Nathanael Anasttacio. Na última imagem (abaixo), uma das gravuras de Danúbio. As obras ficam expostas até maio no Instituto.

As duas obras de Mazza Leite (esq.) que tenho em mãos são de fácil leitura, como uma aula ilustrada com imagens, feita por alguém que viveu o que relata, ou faz pensar que ali esteve (o autor só tem 70 anos, mas vai contando sobre os inícios de Pelotas desde 1777, sabedor de tudo o mais importante nesses três séculos). Este conhecimento se observa no modo de fazer as citações no texto: ou as menciona como quem conversa com o leitor, ou as omite para fazer-se mais sintético - mas as referências bibliográficas estão no final de cada texto.

As duas obras têm um mesmo defeito: dados contraditórios entre a ficha catalográfica e o título de capa.

No Caderno "Pelotas: história e cultura", o autor aborda os 200 anos de nossa cidade em 6 seções - algo mescladas entre si - desde os tempos do Rincão das Pelotas, passando pelo crescimento das charqueadas, os Anos Dourados do final do século XIX, mais um louvor à cultura pelotense, que já foi mais brilhante mas da qual restam importantes testemunhos.

Nas últimas páginas, o texto tenta recolher o que o vento levou. Levou as charqueadas, os escravos, as guerras e os saraus, mas deixou os magníficos prédios, a criação artística, o sacrificado povo afrodescendente e a vida universitária. A história termina como o relato de uma viagem viva, cujo final ainda não aconteceu - esperando um melhor porvir. Esta é sua última palavra:
Esse Rincão - depois cidade de Pelotas - gerou riqueza, fausto e cultura durante todo o século XIX, seu "século de ouro". Apesar dos percalços do século XX, Pelotas ressurge no século XXI como um polo de intelectualidade, com quatro universidades, cursos técnicos, arte e também lazer, herdeiros dos saraus e do espírito festivo de seu povo.
As planícies do pampa que a rodeiam estão prometendo novas riquezas. Irmanada com Rio Grande e ao seu porto, começa a abrir-se um porvir promissor no terceiro milênio.
Imagens da web (4) e F. A. Vidal (1-3)

POST DATA
Veja o artigo de A. A. Fetter Jr. Bicentenário de Pelotas, publicado em janeiro de 2012, que resume em poucas linhas a história da cidade.