Os esperados móveis novos do Salão Milton de Lemos chegaram este fim de semana. São 150 cômodas cadeiras de estofamento verde e dimensões parecidas às antigas, com encosto fixo e assento dobrável.
Em 18 de setembro de 2008, a diretora do Conservatório e o reitor da Universidade confirmaram que as cadeiras seriam trocadas, e que a compra já estava encaminhada. Inclusive, a expectativa inicial era que elas estivessem naquele momento, o dos 90 anos de fundação da escola.
Mas a demora foi mais que o esperado - quase um ano - um mistério que tentarei decifrar com o tempo.
A estreia ocorreu há dois dias, num recital de música de câmara, com onze duos de alunos do Conservatório (alguns deles se encontram na foto abaixo, de divulgação do concerto):
Flauta: Lucian Krolow.
Saxofone: Elder Oliveira (aluno de Composição, que abriu o recital com sua peça "Lá é relativo", para flauta, sax e percussão).
Percussão: Guilherme Curi.
Violino: Clarissa Ferreira, Lys Márcia Ferreira, Paulo Alfrino Borba
Violão: Davi Covalewsky, João Alexandre Gomes, Gustavo Beroth, Maithan Knabach.
Canto: Caroline Peres, Ângela Pachon, Rafaéli Knabach
Piano: Adrian Borges e Washington Rodrigues.
POST DATA
Sobre os recitais feitos com cadeiras provisórias, leia a postagem Esperando as novas cadeiras (20 de julho). Sobre a estreia dos novos assentos, veja: Recital de formatura de Laira Campos (agosto).
quarta-feira, 29 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Prazeres caseiros, pinturas domésticas
A exposição "Prazeres Caseiros" se encontra na Galeria de Arte da Universidade Católica de Pelotas até 31 de julho.
São trabalhos de Maria Laura Brenner de Moraes, coordenadora do curso de Pedagogia da UCPel. Cheias de cores vivas, as telas são figurativas ou abstratas.
Mostram casas, flores, máscaras ou abstrações bastante livres, num sentido autoexpressivo. Os traços ora parecem improvisados ou aleatórios, ora muito bem ordenados. O contraste ilustra assim a diferença entre os caminhos da natureza e os estilos artificiais do ser humano.
A forma de expor as obras também lembra essa contraposição entre formalismo reprodutivo e espontaneidade criativa: algumas das telas estão presas num cordão, como roupas num varal (esq.).
Além dos quadros, há telhas pintadas (foto 2, acima à dir.). Note-se o sutil jogo de palavras: as telhas são telas.
Na aparência, estas telhas não mostram nada muito original, sendo uma alusão implícita à própria obra da artista (as casas que ela também pinta) e à parte do ser humano que cobre a cabeça, a "cobertura" da casa.
O suporte parece muito sólido, mas tem sua fragilidade, como o barro do qual os seres humanos somos feitos. Ou seja, as mensagens estão mais na forma que no conteúdo.
Fotos de F. A. Vidal
São trabalhos de Maria Laura Brenner de Moraes, coordenadora do curso de Pedagogia da UCPel. Cheias de cores vivas, as telas são figurativas ou abstratas.
Mostram casas, flores, máscaras ou abstrações bastante livres, num sentido autoexpressivo. Os traços ora parecem improvisados ou aleatórios, ora muito bem ordenados. O contraste ilustra assim a diferença entre os caminhos da natureza e os estilos artificiais do ser humano.
A forma de expor as obras também lembra essa contraposição entre formalismo reprodutivo e espontaneidade criativa: algumas das telas estão presas num cordão, como roupas num varal (esq.).
Além dos quadros, há telhas pintadas (foto 2, acima à dir.). Note-se o sutil jogo de palavras: as telhas são telas.
Na aparência, estas telhas não mostram nada muito original, sendo uma alusão implícita à própria obra da artista (as casas que ela também pinta) e à parte do ser humano que cobre a cabeça, a "cobertura" da casa.
O suporte parece muito sólido, mas tem sua fragilidade, como o barro do qual os seres humanos somos feitos. Ou seja, as mensagens estão mais na forma que no conteúdo.
Fotos de F. A. Vidal
domingo, 26 de julho de 2009
Violonista belga visita Pelotas
Antoon Vandeborght é um jovem músico belga que vem em contínua ascensão nos últimos quinze anos. Hoje ele tem 30, e é professor universitário de violão em seu país, nas cidades de Tienen e Lovaina.
Ele esteve em Pelotas para uma única apresentação pública, na sexta 17 de julho, e uma masterclass para os alunos de violão no Conservatório, no sábado; as atividades foram coordenadas pelo professor Thiago Colombo. Os dois vinham de Porto Alegre, onde participaram do III Seminário de Violão Estação Musical, organizado pelo Espaço de Música e Artes Estação Musical em parceria com o Goethe-Institut de Porto Alegre.
O programa incluiu as seguintes obras: 3 sonatas de Scarlatti - Canción y Danza nº 1 (A. Ruiz-Pipo) - Capricho Árabe (Francisco Tárrega) - Homenagem a Tárrega (Emilio Pujol) - Variações sobre um tema de Haendel (Maurizio Giuliani) - Sonata de Leo Brouwer - Milonga del Ángel - La Muerte del Ángel (Astor Piazzola) - Seis Miniaturas Balcânicas (Dusan Bogdanovic).
Para explicar que tocaria sem intervalo o Capricho Árabe, de Tárrega [veja no vídeo abaixo, gravado em 2008], e uma obra em homenagem deste (do discípulo Emilio Pujol, também catalão), o solista se dirigiu à audiência em fluente espanhol, o que falou positivamente da qualidade interpretativa que seria ouvida.
A plateia estava tão motivada por esta música que tolerou - silenciosa e pacientemente - algumas adversidades, pequenas para quem tem bom ouvido, mas que funcionam como ruído, no sentido de não serem educativas: assentos inadequados e falta de programas impressos.
Na ausência das novas cadeiras e calculando um público de 80 pessoas, o Conservatório colocou 60 móveis de plástico e 30 de salas de aula. Como chegaram 90 pessoas, faltaram programas e os assentos ficaram mal distribuídos.
Foto de F. A. Vidal
Ele esteve em Pelotas para uma única apresentação pública, na sexta 17 de julho, e uma masterclass para os alunos de violão no Conservatório, no sábado; as atividades foram coordenadas pelo professor Thiago Colombo. Os dois vinham de Porto Alegre, onde participaram do III Seminário de Violão Estação Musical, organizado pelo Espaço de Música e Artes Estação Musical em parceria com o Goethe-Institut de Porto Alegre.
O programa incluiu as seguintes obras: 3 sonatas de Scarlatti - Canción y Danza nº 1 (A. Ruiz-Pipo) - Capricho Árabe (Francisco Tárrega) - Homenagem a Tárrega (Emilio Pujol) - Variações sobre um tema de Haendel (Maurizio Giuliani) - Sonata de Leo Brouwer - Milonga del Ángel - La Muerte del Ángel (Astor Piazzola) - Seis Miniaturas Balcânicas (Dusan Bogdanovic).
Para explicar que tocaria sem intervalo o Capricho Árabe, de Tárrega [veja no vídeo abaixo, gravado em 2008], e uma obra em homenagem deste (do discípulo Emilio Pujol, também catalão), o solista se dirigiu à audiência em fluente espanhol, o que falou positivamente da qualidade interpretativa que seria ouvida.
A plateia estava tão motivada por esta música que tolerou - silenciosa e pacientemente - algumas adversidades, pequenas para quem tem bom ouvido, mas que funcionam como ruído, no sentido de não serem educativas: assentos inadequados e falta de programas impressos.
Na ausência das novas cadeiras e calculando um público de 80 pessoas, o Conservatório colocou 60 móveis de plástico e 30 de salas de aula. Como chegaram 90 pessoas, faltaram programas e os assentos ficaram mal distribuídos.
Foto de F. A. Vidal
Mais fotos de Francisco Vargas
Em post anterior (leia aqui), mostrei o trabalho fotográfico de Francisco Roberto Silva Vargas, que - depois de aposentado como funcionário público - optou pelo passatempo que sempre havia admirado. Seus estudos profissionais foram em Administração de Empresas.
Desde 2007, Francisco vem apresentando fotografias em concursos, no seu fotolog, em exposições coletivas e individuais.
Seu trabalho artístico é um olhar amoroso e esmerado sobre Pelotas e seus detalhes. Há cerca de um mês, ele esteve expondo 31 fotografias na Galeria de Arte da UCPel, na mesma temática.
Com humildade, ele sempre diz que é um fotógrafo amador, que segue aprendendo, e seu trabalho nunca está terminado. Nesta ocasião, as obras estiveram à venda por R$ 30 cada uma.
Destaco aqui sua visão das janelas, que simbolizam a comunicação humana entre o interior e o exterior. Neste caso, o fotógrafo prefere olhá-las desde fora, sem conhecer o que há dentro.
sábado, 25 de julho de 2009
Telas de Mário Schuster
A fauna brasileira foi o tema escolhido pelo artista Mário Schuster para a exposição que esteve até 22 de julho no Corredor Arte do Hospital Escola UFPel/FAU.
Schuster formou-se em medicina veterinária e depois tomou o caminho das artes plásticas. Aqui ele trata justamente da fauna, de dois pontos de vista diferentes.
Um deles é baseado no livro HISTORIA NATURALIS BRASILIE, publicado na Holanda em 1648 por cientistas e artistas que tinham vindo ao Brasil e estudado a diversidade dos pássaros.
Na mesma mostra, em 14 telas em tinta acrílica (esq. e dir.), o artista representa pássaros de cerâmica.
Schuster formou-se em medicina veterinária e depois tomou o caminho das artes plásticas. Aqui ele trata justamente da fauna, de dois pontos de vista diferentes.
Um deles é baseado no livro HISTORIA NATURALIS BRASILIE, publicado na Holanda em 1648 por cientistas e artistas que tinham vindo ao Brasil e estudado a diversidade dos pássaros.
Na mesma mostra, em 14 telas em tinta acrílica (esq. e dir.), o artista representa pássaros de cerâmica.
“É a natureza brasileira vista de duas formas diferentes. Uma com olhar de estrangeiro, onde o estranhamento do exotismo possui um interesse de pesquisa e da busca do conhecimento como forma de admiração. E uma outra, com o distanciamento do natural”, explicou o artista à coordenação do Corredor Arte.
Nesse contraponto de visões e distâncias, há uma proposta delicada de reflexão sobre o descaso com a natureza. A vida é bela, tanto no sentido existencial como no biológico.
Imagens do artista
Belo violão, do erudito ao popular
O Instituto de Artes e Design da UFPel organizou esta semana, em seu auditório, dois espetáculos musicais para mostrar o trabalho de alunos e ex-alunos: o segundo destes foi o recital de violão "Do erudito ao popular", realizado na quinta 23 de julho.
Apresentaram-se como solistas cinco alunos do curso de Licenciatura em Música, em alguns casos acompanhados por colegas. Com coordenação da professora Isabel Hirsch, o concerto contou com cenografia especial e uma locutora que anunciou os números - uma novidade introduzida pelos próprios estudantes.
João Alexandre Gomes começou interpretando uma sonatina de Moreno Torroba, seguido de Bruno Soares, que trouxe a "Valsinha" de Chico e Vinícius (com acompanhamento rítmico de Roberto Pohlmann) e "Romanza", do argentino Carlos Aguirre.
Com impressionante agilidade, Leonardo Ximendes tocou "Veterano", de Vítor Teixeira, e "Missioneiro", de Tio Bilia. Nos últimos compassos desta última, realizou uma proeza que nem os mestres ousam tentar: fez os acordes finais - bem golpeados e separados por breve pausa - girando em malabares o instrumento. Consegui, casualmente, uma imagem do violão no ar, entre os acordes (esq.).
Alzevir Maicá, em violão de oito cordas, tocou com firmeza o "Chamamé" de Yamandú Costa e "Brejeiro" de Nazareth, dando a impressão de tocar dois instrumentos, dada a amplitude sonora conseguida com as cordas mais graves e mais agudas.
Eduardo Moreira conseguiu o melhor momento da noite, com três trechos hispânicos: "Guajiras", de Paco de Lucía, "Mediterranean Sundance", de Al di Meola, para dois violões (acompanhado por Ximendes), e "Entre Dos Aguas", de Paco de Lucía [veja abaixo o vídeo da Televisión Española], para dois violões (acompanhamento de Fagner Moura), baixo (Ottoni de Leon) e percussão (Luís Britto no cajón).
Verônica Freitas, também da Licenciatura em Música, anunciou os números ao microfone, o que não é costume em recitais eruditos. Com simpatia e boa pronúncia, marcou com leve exagero uma condução mais típica de um programa de TV.
A intenção comunicativa é um bom início de caminho para quem quer levar a melhor música às plateias mais variadas, que requerem exatamente isto: uma centralização que focalize as atenções e explique coisas que a maioria desconhece. Neste caso, houve só uma leitura do programa - desnecessária para quem o tinha à vista, e que poderia ser enriquecida com detalhes interessantes, num tom mais repousado.
Imagens de F. A. Vidal
Apresentaram-se como solistas cinco alunos do curso de Licenciatura em Música, em alguns casos acompanhados por colegas. Com coordenação da professora Isabel Hirsch, o concerto contou com cenografia especial e uma locutora que anunciou os números - uma novidade introduzida pelos próprios estudantes.
João Alexandre Gomes começou interpretando uma sonatina de Moreno Torroba, seguido de Bruno Soares, que trouxe a "Valsinha" de Chico e Vinícius (com acompanhamento rítmico de Roberto Pohlmann) e "Romanza", do argentino Carlos Aguirre.
Com impressionante agilidade, Leonardo Ximendes tocou "Veterano", de Vítor Teixeira, e "Missioneiro", de Tio Bilia. Nos últimos compassos desta última, realizou uma proeza que nem os mestres ousam tentar: fez os acordes finais - bem golpeados e separados por breve pausa - girando em malabares o instrumento. Consegui, casualmente, uma imagem do violão no ar, entre os acordes (esq.).
Alzevir Maicá, em violão de oito cordas, tocou com firmeza o "Chamamé" de Yamandú Costa e "Brejeiro" de Nazareth, dando a impressão de tocar dois instrumentos, dada a amplitude sonora conseguida com as cordas mais graves e mais agudas.
Eduardo Moreira conseguiu o melhor momento da noite, com três trechos hispânicos: "Guajiras", de Paco de Lucía, "Mediterranean Sundance", de Al di Meola, para dois violões (acompanhado por Ximendes), e "Entre Dos Aguas", de Paco de Lucía [veja abaixo o vídeo da Televisión Española], para dois violões (acompanhamento de Fagner Moura), baixo (Ottoni de Leon) e percussão (Luís Britto no cajón).
Verônica Freitas, também da Licenciatura em Música, anunciou os números ao microfone, o que não é costume em recitais eruditos. Com simpatia e boa pronúncia, marcou com leve exagero uma condução mais típica de um programa de TV.
A intenção comunicativa é um bom início de caminho para quem quer levar a melhor música às plateias mais variadas, que requerem exatamente isto: uma centralização que focalize as atenções e explique coisas que a maioria desconhece. Neste caso, houve só uma leitura do programa - desnecessária para quem o tinha à vista, e que poderia ser enriquecida com detalhes interessantes, num tom mais repousado.
Imagens de F. A. Vidal
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Quiosque mostra imagem de cem anos
O Quiosque Nelson Nobre Magalhães está apresentando postais antigos da cidade, digitalizados do acervo de Nelson e alguns emprestados pelo professor Eduardo Arriada.
Um desses documentos é a imagem acima, da Igreja Matriz de Pelotas em 1908. Quando a Diocese foi constituída em 1910, a Igreja foi declarada Catedral. Seguiu existindo a paróquia de São Francisco de Paula (formada em 1812). Por isso será celebrado o centenário da Diocese em 2010 e o bicentenário da Freguesia em 2012.
O frontispício desta igreja é o mesmo da atual Catedral, mas o templo na época era pequeno: foi demolido quase todo, exceto essa fachada. O que conhecemos do templo hoje é o que foi refeito em 1948.Observa-se também um chafariz, neste que era o ponto central da Freguesia, até ser elevada a Vila, com administração autônoma, instalada em 1832 defronte à Praça da Regeneração (hoje, Coronel Pedro Osório), lado norte.
Este era o quarto chafariz da cidade, colocado aqui em 1873, mas que os historiadores não sabem dizer onde foi parar. Os outros três encontram-se hoje no Calçadão e em duas praças. Na época eram fontes de abastecimento de água, mas perderam essa função e ficaram como adorno urbano.
Neste mês, foi colocado ao lado do Quiosque Nelson Nobre um novo poste decorativo (esq.), com vasos de flores móveis que estão sendo guardados no interior do pequeno recinto. Das 9h às 17h30 há sempre alguma pessoa atendendo o público interessado em informações turísticas.
Imagens: UCPel (1), F. A. Vidal (2-3)
Imagens: UCPel (1), F. A. Vidal (2-3)
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Crônica de uma festa literária
A escritora pelotense Beatriz Mecking esteve na 7ª FLIP e fez um resumo, que condensei ainda mais para caber num único post. Ao iniciar este blogue, mencionei esta Festa Literária como um exemplo a ser seguido (veja o post).
É preciso imaginação, amor e ousadia para romper a inércia e estabelecer nexos com o resto do Brasil, especialmente na área cultural, onde Pelotas se considera autossuficiente. Aceitemos o convite de viajar nesse impulso. Parati é especialmente inspiradora por sua história de 440 anos e por sua geografia - situada entre dois rios, à beira do Atlântico e no limite fluminense-paulista.
Ao sul do Rio
De ônibus, Paraty está quase quatro horas ao sul do Rio de Janeiro. A cidade tem umas quatrocentas pousadas.
Ao chegar, almoço um peixe com camarões num quiosque da praia [acima], e a pouco mais de um quilômetro, entre morros e a mata exuberante, encontro o palco onde, durante cinco dias, se desenrolará a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty, evento que se realiza anualmente na cidade desde 2003).
Toda a cidade vive em função da Festa
Em duas longas filas esperam: os que buscam os ingressos já comprados e os que tentam vaga para as atividades que ainda não lotaram. São 18 mesas de debate que se sucedem de quinta de manhã a domingo à tarde, no palco da Tenda dos Autores [dir.].
Na Casa da Cultura, há uma programação paralela, este ano dedicada às relações Brasil-França. Para as crianças, existe a Flipinha; para os adolescentes, a FLIPZona. Sem falar em atividades culturais que compõem a OFF Flip. Além de outras visitas e passeios turísticos.
Toda a comunidade parece envolvida, de alguma forma, no grande acontecimento. E dou-me conta de que, infelizmente, não vou poder atender a tudo.
Abertura da Festa
O início oficial foi dado pelo escritor Davi Arrigucci Jr., um dos mais conceituados críticos literários brasileiros.
O homenageado da FLIP 2009 foi Manuel Bandeira, cuja poesia Arrigucci já analisou em dois livros: "Humildade, paixão e morte" (1990) e "O cacto e as ruínas" (1997). Ele discorreu sobre o alumbramento de Bandeira - um sentimento poético baseado no desvendar da rua, das coisas humildes, vivido por ele no bairro da Lapa, no Rio.
Após a conferência de abertura, Adriana Calcanhotto apresentou-se na vizinha Tenda do Telão, espaço em que muitos assistiam às mesas, já que não era fácil conseguir um lugar na Tenda dos Autores. Para ir de uma tenda a outra, usa-se a romântica pontezinha [esq.] que teve movimento ininterrupto durante os dias da FLIP.
Alguns destaques da FLIP
Nos dias seguintes, frequentamos as mesas e uma avalanche de debates e depoimentos que, de maneira geral, se mostraram enriquecedores. Autores de nove países versaram sobre os mais diferentes temas, apresentaram trechos de suas obras, trocaram experiências, interagiram com a platéia.
Ma Jian e Xinran, chineses exilados na Inglaterra, estiveram na mesa de debate "A China no Divã". Mas preferi ir a uma palestra com o francês David Foenkinos e, para me penitenciar da falta, comprei "Les funérailles célestes", da escritora Xinran, sobre as relações da China com o então soberano Tibete.
Em conversa com Silio Boccanera, o biólogo britânico Richard Dawkins, autor de "Deus, um delírio", revelou-se um darwinista convicto; embora não darwinista social, Dawkins é tido como o principal evolucionista em atividade.
Chico Buarque [dir.] e Milton Hatoum, na concorrida mesa intitulada "Sequências brasileiras", cotejaram seus últimos livros (respectivamente: "Leite derramado" e "Órfãos do Eldorado"), em que mostram visões críticas do Brasil.
O português Antonio Lobo Antunes esteve à frente da mesa "Escrever é preciso", com sua presença forte, suas respostas inteligentes e por vezes irônicas. Neto de brasileiro, afirmou ter começado a amar a literatura através dos versos de nossos poetas.
As francesas Sophie Calle e Catherine Millet se inserem na autoficção, vertente que mescla a vida privada e a vida literária.
Esses são alguns destaques de um encontro que nos fez conhecer nomes de estatura e relevância mundial.
Gostaria também de mencionar o cálido poeta Eucanaã Ferraz e a poetisa pelotense Angélica Freitas, que lindamente evocaram Bandeira [veja a no blogue da FLIP].
Retorno a Pelotas
No domingo à tarde (5 de julho), deixei já com saudade o ambiente tranquilo de Paraty, suas ruas de pedras, seu belo casario colonial, aquele centro histórico onde me havia sentido bem acolhida.
Na lembrança, levava o exemplo que poderia ser imitado por outras comunidades (e já várias cidades estão montando eventos do gênero). Com dedicação, paulatinamente, é possível chegar lá, organizando uma programação que divulgue valores, que os traga para junto das pessoas, que intercambie cultura. Que seja suficientemente instigante.
Fotos de Beatriz Mecking (1-3, 5-6) e FLIP (4)
É preciso imaginação, amor e ousadia para romper a inércia e estabelecer nexos com o resto do Brasil, especialmente na área cultural, onde Pelotas se considera autossuficiente. Aceitemos o convite de viajar nesse impulso. Parati é especialmente inspiradora por sua história de 440 anos e por sua geografia - situada entre dois rios, à beira do Atlântico e no limite fluminense-paulista.
Ao sul do Rio
De ônibus, Paraty está quase quatro horas ao sul do Rio de Janeiro. A cidade tem umas quatrocentas pousadas.
Ao chegar, almoço um peixe com camarões num quiosque da praia [acima], e a pouco mais de um quilômetro, entre morros e a mata exuberante, encontro o palco onde, durante cinco dias, se desenrolará a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty, evento que se realiza anualmente na cidade desde 2003).
Toda a cidade vive em função da Festa
Em duas longas filas esperam: os que buscam os ingressos já comprados e os que tentam vaga para as atividades que ainda não lotaram. São 18 mesas de debate que se sucedem de quinta de manhã a domingo à tarde, no palco da Tenda dos Autores [dir.].
Na Casa da Cultura, há uma programação paralela, este ano dedicada às relações Brasil-França. Para as crianças, existe a Flipinha; para os adolescentes, a FLIPZona. Sem falar em atividades culturais que compõem a OFF Flip. Além de outras visitas e passeios turísticos.
Toda a comunidade parece envolvida, de alguma forma, no grande acontecimento. E dou-me conta de que, infelizmente, não vou poder atender a tudo.
Abertura da Festa
O início oficial foi dado pelo escritor Davi Arrigucci Jr., um dos mais conceituados críticos literários brasileiros.
O homenageado da FLIP 2009 foi Manuel Bandeira, cuja poesia Arrigucci já analisou em dois livros: "Humildade, paixão e morte" (1990) e "O cacto e as ruínas" (1997). Ele discorreu sobre o alumbramento de Bandeira - um sentimento poético baseado no desvendar da rua, das coisas humildes, vivido por ele no bairro da Lapa, no Rio.
Após a conferência de abertura, Adriana Calcanhotto apresentou-se na vizinha Tenda do Telão, espaço em que muitos assistiam às mesas, já que não era fácil conseguir um lugar na Tenda dos Autores. Para ir de uma tenda a outra, usa-se a romântica pontezinha [esq.] que teve movimento ininterrupto durante os dias da FLIP.
Alguns destaques da FLIP
Nos dias seguintes, frequentamos as mesas e uma avalanche de debates e depoimentos que, de maneira geral, se mostraram enriquecedores. Autores de nove países versaram sobre os mais diferentes temas, apresentaram trechos de suas obras, trocaram experiências, interagiram com a platéia.
Ma Jian e Xinran, chineses exilados na Inglaterra, estiveram na mesa de debate "A China no Divã". Mas preferi ir a uma palestra com o francês David Foenkinos e, para me penitenciar da falta, comprei "Les funérailles célestes", da escritora Xinran, sobre as relações da China com o então soberano Tibete.
Em conversa com Silio Boccanera, o biólogo britânico Richard Dawkins, autor de "Deus, um delírio", revelou-se um darwinista convicto; embora não darwinista social, Dawkins é tido como o principal evolucionista em atividade.
Chico Buarque [dir.] e Milton Hatoum, na concorrida mesa intitulada "Sequências brasileiras", cotejaram seus últimos livros (respectivamente: "Leite derramado" e "Órfãos do Eldorado"), em que mostram visões críticas do Brasil.
O português Antonio Lobo Antunes esteve à frente da mesa "Escrever é preciso", com sua presença forte, suas respostas inteligentes e por vezes irônicas. Neto de brasileiro, afirmou ter começado a amar a literatura através dos versos de nossos poetas.
As francesas Sophie Calle e Catherine Millet se inserem na autoficção, vertente que mescla a vida privada e a vida literária.
Esses são alguns destaques de um encontro que nos fez conhecer nomes de estatura e relevância mundial.
Gostaria também de mencionar o cálido poeta Eucanaã Ferraz e a poetisa pelotense Angélica Freitas, que lindamente evocaram Bandeira [veja a no blogue da FLIP].
Retorno a Pelotas
No domingo à tarde (5 de julho), deixei já com saudade o ambiente tranquilo de Paraty, suas ruas de pedras, seu belo casario colonial, aquele centro histórico onde me havia sentido bem acolhida.
Na lembrança, levava o exemplo que poderia ser imitado por outras comunidades (e já várias cidades estão montando eventos do gênero). Com dedicação, paulatinamente, é possível chegar lá, organizando uma programação que divulgue valores, que os traga para junto das pessoas, que intercambie cultura. Que seja suficientemente instigante.
Fotos de Beatriz Mecking (1-3, 5-6) e FLIP (4)
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Pelotas merece um abraço
A jornalista gaúcha Erika Hanssen Madaleno escreveu um artigo falando de seu amor e encantamento com Pelotas.
O texto saiu na edição impressa do Diário Popular de hoje, mas como o site não publicou me pareceu triplamente interessante divulgá-lo aqui: pela ausência na internet, por referir-se a Pelotas e pela bela redação (Erika ganhou o Prêmio Esso Regional em 1991).
O verbo "merecer" se refere à possibilidade de ter algum mérito ou direito, mas a autora mostra o lado emocional de quem ouve essa nossa expressão, tão comum para agradecer, que faz o outro se sentir valioso. Ela se sente amada e nos retribui o abraço.
O texto saiu na edição impressa do Diário Popular de hoje, mas como o site não publicou me pareceu triplamente interessante divulgá-lo aqui: pela ausência na internet, por referir-se a Pelotas e pela bela redação (Erika ganhou o Prêmio Esso Regional em 1991).
O verbo "merecer" se refere à possibilidade de ter algum mérito ou direito, mas a autora mostra o lado emocional de quem ouve essa nossa expressão, tão comum para agradecer, que faz o outro se sentir valioso. Ela se sente amada e nos retribui o abraço.
Pelotas merece
A primeira vez que vim a Pelotas foi no final da década de 80. Como jornalista, tinha a tarefa de escrever uma reportagem sobre as praias do Litoral Sul. Ainda era primavera, fazia muito frio, chovia e o Laranjal estava deserto. Não foi um bom começo!Para esperar a melhora do tempo, decidi caminhar sozinha pelas ruas centrais. Resultado: me perdi e não sabia mais voltar ao hotel. Definitivamente, Pelotas e eu não estávamos nos entendendo.
Ninguém havia nos apresentado formalmente e senti falta de um contato mais caloroso. A imagem que guardei da cidade foi essa: um local frio, chuvoso e onde a gente se perdia com a maior facilidade. Até visitar Pelotas novamente, anos mais tarde. Bem acompanhada e, especialmente, com olhos mais maduros e com a cabeça mais arejada.
A primeira surpresa ocorreu em uma pequena loja, onde, ao agradecer o atendimento, a moça me respondeu "Merece!". Com essa simples palavra, começava um novo amor, uma nova visão sobre a Princesa do Sul. Com encanto, percebi que todas as pessoas diziam "merece", em vez do tradicional "de nada".
Policiais militares, comerciários, o povo na rua, na rede hoteleira ou em restaurantes, qualquer pessoa a quem eu agradecia por um favor me respondiam com um sorriso: "A senhora merece!". Era apaixonante.
Foi também em Pelotas, no início deste ano, que recebi meu primeiro abraço, daqueles que a gente vê nos filmes e nos e-mails, onde pessoas portam cartazes oferecendo este carinho gratuito [veja o vídeo abaixo]. Um grupo de alegres adolescentes passou por mim na praça Coronel Pedro Osório e recebi um abraço apertado, além de ouvir que eu "merecia" tudo aquilo. De repente, Pelotas entrou em minha vida como um turbilhão de emoções.
Com o calor humano que me foi oferecido, ergui os olhos para a cidade, comecei a pesquisar sua história, descobri sua imensa riqueza cultural, suas casas de espetáculo - onde passaram as melhores e maiores companhias - e os prédios históricos, que não me canso de fotografar.
A beleza da Catedral São Francisco de Paula [acima], o Grande Hotel [esq.], o Theatro Sete de Abril e o Guarany, que me deixaram extasiada, as praças, o povo, os doces... ah, os doces... a perdição do meu regime esquecido.
Hoje não tenho mais medo de me perder em Pelotas. Não penso que seja um município frio e chuvoso. Ando pelas ruas como se vivesse aqui eternamente. O Calçadão virou minha casa; a praça central, meu local de descanso e contemplação.
Quem mora na cidade pode pensar de outra forma, pois vivencia problemas que não percebo. Afinal, ser turista eventual é sempre diferente. Mas neste mês de julho, em que a cidade completa 197 anos, gostaria de homenageá-la, escrevendo este texto de amor incondicional e me redimindo de um dia não tê-la achado tão interessante.
Pelotas tem açúcar no sangue, tem um povo amoroso e hospitaleiro. Me faz bem, me traz alegrias, faz com que eu viaje no tempo e vislumbre o futuro. Na verdade, quem "merece" algo não sou eu. É a gente que vive nesta cidade, que trabalha, estuda, luta por dias melhores, que me recebe tão bem e a tantos outros simpatizantes.
Muito obrigada, Pelotas!
Merece!
______
O psicólogo brasileiro Ary Itnem Whitacker ficou famoso no YouTube em 2006, quando replicou, em plena Avenida Paulista, uma faceta da campanha Abraços Grátis (Free Hugs Campaign)[veja o verbete na Wikipedia], criada em 2004 pelo australiano Juan Mann.
O brasileiro aplica às empresas o efeito social do contato afetuoso, chamando-o "abraço corporativo".
A Terapia do Abraço (Hug Therapy) foi proposta nos anos 80 pela americana Kathleen Keating.
Pintando ruas de Pelotas
Dias antes da Semana de Pelotas, o Bar João 100 Gilberto inaugurou uma exposição de 12 telas de pintura e uma fotografia, sob o título "Ruas da minha cidade". De 26 de junho a 15 de julho, as obras estiveram expostas e com possibilidade de venda.
O "João Gilberto", como é conhecido, funciona como bar, restaurante e palco de shows musicais; sem mesas, ali cabem umas 500 pessoas de pé, e o público costuma prestigiar os artistas convidados, sejam eles pelotenses ou visitantes.
A denominação deriva de seus primeiros donos, que se chamavam João e Gilberto (nome bem musical, no Brasil e da bossa nova). A dupla deu certo em todo sentido, e o público guardou facilmente o nome, até hoje.
Mas Gilberto deixou a sociedade, e João Lopes quis seguir com o negócio. Por isso mudou o nome para "João 100 Gilberto", querendo mostrar que era o mesmo restaurante, só que sem o Gilberto.
O Ateliê Zilah Costa organiza as mostras para este local, pensando em difundir de novas formas as obras de artistas pelotenses. Os quadros são um bom complemento visual para o restaurante, que aposta mais na música e no bom cardápio.
Mas as obras são percebidas em segundo plano, e ajudam no complemento estético, sofrendo quanto à conservação, pois o fumo liberado deteriora em certa medida cores e texturas. Será que ninguém se dá conta ou se importa com isso?
Na primeira imagem, a Almirante Barroso é pintada por Michele Ianarella nas primeiras horas da manhã, no quadro por ele intitulado "Inizio matino nella via Barroso". Quem mora por ali está acostumado a ver os veículos de autoescola dirigindo-se às "aulas" na zona do Porto.
Acima à esquerda, a "Rua do Redentor" de Maria Cecília Rosa (referência à General Teles, neste caso vista desde a Padre Anchieta). Nada mudou nesta esquina, nos últimos 40 anos.
"Minha rua no Laranjal" é a artéria sem nome que Marlei Piltcher pinta com cores e perspectivas (com certeza no elegante balneário Santo Antônio).
Destaco também o clima sonhador e romântico do óleo "Dia de chuva", representado por Maria Heloísa Braga. A água inunda a cidade, como sabemos em nosso cotidiano, mas a umidade e os reflexos também inundam a percepção do espectador e até mesmo a sala de exposição.
Fotos de F. A. Vidal
O "João Gilberto", como é conhecido, funciona como bar, restaurante e palco de shows musicais; sem mesas, ali cabem umas 500 pessoas de pé, e o público costuma prestigiar os artistas convidados, sejam eles pelotenses ou visitantes.
A denominação deriva de seus primeiros donos, que se chamavam João e Gilberto (nome bem musical, no Brasil e da bossa nova). A dupla deu certo em todo sentido, e o público guardou facilmente o nome, até hoje.
Mas Gilberto deixou a sociedade, e João Lopes quis seguir com o negócio. Por isso mudou o nome para "João 100 Gilberto", querendo mostrar que era o mesmo restaurante, só que sem o Gilberto.
O Ateliê Zilah Costa organiza as mostras para este local, pensando em difundir de novas formas as obras de artistas pelotenses. Os quadros são um bom complemento visual para o restaurante, que aposta mais na música e no bom cardápio.
Mas as obras são percebidas em segundo plano, e ajudam no complemento estético, sofrendo quanto à conservação, pois o fumo liberado deteriora em certa medida cores e texturas. Será que ninguém se dá conta ou se importa com isso?
Na primeira imagem, a Almirante Barroso é pintada por Michele Ianarella nas primeiras horas da manhã, no quadro por ele intitulado "Inizio matino nella via Barroso". Quem mora por ali está acostumado a ver os veículos de autoescola dirigindo-se às "aulas" na zona do Porto.
Acima à esquerda, a "Rua do Redentor" de Maria Cecília Rosa (referência à General Teles, neste caso vista desde a Padre Anchieta). Nada mudou nesta esquina, nos últimos 40 anos.
"Minha rua no Laranjal" é a artéria sem nome que Marlei Piltcher pinta com cores e perspectivas (com certeza no elegante balneário Santo Antônio).
Destaco também o clima sonhador e romântico do óleo "Dia de chuva", representado por Maria Heloísa Braga. A água inunda a cidade, como sabemos em nosso cotidiano, mas a umidade e os reflexos também inundam a percepção do espectador e até mesmo a sala de exposição.
Fotos de F. A. Vidal
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Esperando as novas cadeiras
O primeiro concerto de 2009 no Salão Milton de Lemos foi no dia dos namorados, 12 de junho (veja o post), com importantes artistas brasileiros, trazidos por um projeto nacional do Arte-SESC. Na ocasião, ainda não haviam chegado as novas cadeiras, compradas pela Universidade para substituir os velhos móveis de madeira, em uso desde 1940. Nos seis meses anteriores, piso, paredes e teto foram limpos e encerados para a reforma do Salão (veja o artigo), iniciada com os 90 anos do Conservatório de Música.
A direção do SESC em Pelotas alugou da Brahma uma centena de cadeiras plásticas (esq.), que cumpriram sua função até melhor que as antigas, que eram duras e rangentes.
Foi o inquieto público que as fez soar, movendo-as contra o piso como se fossem instrumentos de percussão (as velhas cadeiras rangiam como idiofones e mereceram uma composição eletrofônica (nos termos da classificação internacional de Hornbostel-Sachs), que homenageou os 90 anos da Casa.
Seguindo suas atividades, o Conservatório programou mais três recitais, mesmo sem a chegada das cadeiras novas:
* o violonista baiano Vladimir Bonfim (leia entrevista), na quinta 18 de junho,
* a pianista gaúcha (dir.) Alessandra Feris (leia currículo), na terça 30 de junho e
* o violonista belga Antoon Vandeborght (veja seu site), na sexta 17 de julho.
Em e-mail de 19 de junho, Isabel Nogueira me esclareceu que tem insistido ante a reitoria sobre o andamento da aquisição das cadeiras. A burocracia universitária é habitualmente lenta, mas, preocupada com esta situação transitória, a diretora achou preferível que a comunidade pudesse ouvir boa música, mesmo que fosse em cadeiras alugadas.
Depois da Brahma, foi a vez de a Skol ver seu amarelo inundando o tradicional Salão (dir.). Não se pode dizer que estes assentos sejam incômodos; somente que as associamos com lancherias e restaurantes baratos.
As masterclasses (audições didáticas ante os mestres) têm sido feitas neste auditório, com as mesmas cadeiras.
A boa música só chega a esta cidade do interior pelos contatos feitos por instituições como o Conservatório e seus professores. Quem vai escutá-la - estudantes, músicos, professores, apreciadores - não repara muito nos móveis e até tenta compreender a dificuldade de conseguir uma renovação, sem cobrar entrada. No entanto, o sinal é negativo - do ponto de vista turístico e por mostrar quão lentamente caminha a arte em Pelotas.
O Amigos de Pelotas publicou uma nota sarcástica sobre esta situação, e um leitor relacionou o fato com um detalhe interessante apreciado neste blogue (veja o vídeo neste post): na Europa os músicos também usam cadeiras plásticas (talvez sejam provisórias, mas não são de cerveja).
Fotos de F. A. Vidal
A direção do SESC em Pelotas alugou da Brahma uma centena de cadeiras plásticas (esq.), que cumpriram sua função até melhor que as antigas, que eram duras e rangentes.
Foi o inquieto público que as fez soar, movendo-as contra o piso como se fossem instrumentos de percussão (as velhas cadeiras rangiam como idiofones e mereceram uma composição eletrofônica (nos termos da classificação internacional de Hornbostel-Sachs), que homenageou os 90 anos da Casa.
Seguindo suas atividades, o Conservatório programou mais três recitais, mesmo sem a chegada das cadeiras novas:
* o violonista baiano Vladimir Bonfim (leia entrevista), na quinta 18 de junho,
* a pianista gaúcha (dir.) Alessandra Feris (leia currículo), na terça 30 de junho e
* o violonista belga Antoon Vandeborght (veja seu site), na sexta 17 de julho.
Em e-mail de 19 de junho, Isabel Nogueira me esclareceu que tem insistido ante a reitoria sobre o andamento da aquisição das cadeiras. A burocracia universitária é habitualmente lenta, mas, preocupada com esta situação transitória, a diretora achou preferível que a comunidade pudesse ouvir boa música, mesmo que fosse em cadeiras alugadas.
Depois da Brahma, foi a vez de a Skol ver seu amarelo inundando o tradicional Salão (dir.). Não se pode dizer que estes assentos sejam incômodos; somente que as associamos com lancherias e restaurantes baratos.
As masterclasses (audições didáticas ante os mestres) têm sido feitas neste auditório, com as mesmas cadeiras.
A boa música só chega a esta cidade do interior pelos contatos feitos por instituições como o Conservatório e seus professores. Quem vai escutá-la - estudantes, músicos, professores, apreciadores - não repara muito nos móveis e até tenta compreender a dificuldade de conseguir uma renovação, sem cobrar entrada. No entanto, o sinal é negativo - do ponto de vista turístico e por mostrar quão lentamente caminha a arte em Pelotas.
O Amigos de Pelotas publicou uma nota sarcástica sobre esta situação, e um leitor relacionou o fato com um detalhe interessante apreciado neste blogue (veja o vídeo neste post): na Europa os músicos também usam cadeiras plásticas (talvez sejam provisórias, mas não são de cerveja).
Fotos de F. A. Vidal
domingo, 19 de julho de 2009
Nova produção de Madu Lopes
Filhas da terra
Sopradas pelo vento elas contemplam a noite fria.
As obras capturam um olhar sobre o aspecto feminino do pampa, representado nesta mostra pelas cores e formas de uma anima presente que permeia o imaginário do sul.
Como uma bruma gélida das noites de inverno.
Madu Lopes
Na sala Inah D'Ávila Costa, encontra-se por todo o mês de julho uma coleção de 9 telas em tinta acrílica de Madu Lopes. A sala se encontra no prédio atual da Secult, em cujo térreo funciona o Centro Cultural Adail Bento Costa.
Como de costume, Madu Lopes pinta mulheres rodeadas de elementos femininos, como casas, luas com estrelas, bolsas, cabelos com flores, gatos, instrumentos para tecer, guarda-chuvas, bicicletas e delicados objetos como relicários, fitas e laços.
Apesar de tão enfática redundância, não é cansativo olhar estas imagens. Elas são puramente femininas; não mostram o que os homens veem no sexo oposto, mas o que as próprias mulheres sentem de si mesmas, em seu lado mais receptivo, amoroso, paciente e inclusivo.
Por consequência, mostram também o lado feminino de todo ser humano: essa capacidade matricial ou maternal, de homens ou de mulheres, pode conter um botãozinho, um novo ser humano, uma sinfonia, ou o universo.
Elas viajam pelo mundo em suas casas ou barcos, ou constroem sinfonias com suas máquinas de costura. Ou até mesmo fazem uma gaiola com estrelas parecer um lampião (esq.).
Estas mulheres mostram o feminino da terra do sul, da paisagem fria e dos sentimentos da solidão. Os nomes dos quadros reiteram os mesmos conteúdos: Bruma, Terra brumada, Modista, Viajante de vento, Estrelas da terra, Relicário de Ana.Pode-se dizer que Madu Lopes utiliza as artes plásticas para transmitir imbricadas mensagens psicológicas, sociológicas e existenciais.
O artista plástico Manoel Eduardo Lopes de Oliveira, o Madu, é natural de Dom Pedrito e está em Pelotas desde 1991. No período de sua formação artística contou com três anos de atividade no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, de 1996 a 1998.
Iniciando pela cerâmica, desenvolveu-se na pintura em tela e na escultura e pintura em porongo. Profissionalizado a partir de 2000, sua produção segue a linha figurativa, com destaque para “mulheres com cabelo ao vento” e São Francisco de Assis.
sábado, 18 de julho de 2009
Maria Inês Rodrigues na Alma da Gravura
A porto-alegrense Maria Inês Rodrigues é uma artista plástica completa, conhecida como pintora, escultora e gravurista. Também faz desenhos, mosaicos, serigrafias e instalações artísticas. Em 40 anos de carreira (veja biografia), já expôs em todo o Brasil, Europa, Estados Unidos, Japão.
Foi aluna de Iberê Camargo, Vasco Prado e Alfredo Volpi. Especialmente na gravura, sua obra é das mais importantes no Brasil, onde esta arte só começa a desenvolver-se a partir dos anos 60, justamente quando esta artista pioneira começa seus estudos, já na Europa, com os maiores artistas da época.
Ela foi selecionada pela Secretaria de Cultura para expor na sala Antônio Caringi, do Centro Cultural Adail Bento Costa. A vernissage ocorreu no primeiro dia da Semana de Pelotas, no início das comemorações dos 197 anos da cidade.
Sob o título "Alma da Gravura", apresentam-se por todo o mês de julho 26 obras em diversas técnicas de gravura: água-tinta, água-forte e pó de carborundum.
No folheto trilingue, Paulo César Brasil do Amaral (diretor do MARGS, também porto-alegrense) aponta uma sutileza que o emociona ao olhar o trabalho de Maria Inês: a importância da figura humana, destacada nos seus mais íntimos meandros, sob todos os ângulos.
Ele considera que a sua obra em gravura é "substancialmente psicanalítica, digna da observação acurada, da exploração onírica que a artista revela pelo bailado dos buris sobre o papel, pelos vernizes e pelos ácidos que, amalgamados, compõem o vasto mundo de sua arte".
Os conteúdos nesta exposição confirmam o interesse principal da artista pelo ser humano em suas partes físicas e simbólicas: cabeça, relação de casal, sociabilidade, corporalidade. Secundariamente, aparecem as emoções e paixões, especialmente amorosas e construtivas. Exemplos: "Vitória" em carborundum (acima à direita), "Cabeça em tons vermelhos", relevo (esq.) e "O Outro", água-tinta relevo em cores (dir.).
Paulo Amaral arremata o comentário com um duplo elogio:
Esta exposição na Sala Antônio Caringi é o presente que merece, nas comemorações de seu aniversário, a cidade de Pelotas, uma das mais dignas capitais brasileiras da cultura.
Fotos de F. A. Vidal (2-4).
Fotos de F. A. Vidal (2-4).
Pinturas de Deborah Blank Mirenda
Exposição de Deborah Blank Mirenda na Sala Frederico Trebbi |
A artista plástica Deborah Blank Mirenda (esq.) expõe 16 quadros na sala Frederico Trebbi, hall de entrada da Prefeitura de Pelotas (acima), de 1 a 31 de julho.
Natural de Erechim, Deborah reside em Pelotas há muitos anos. Sua formação artística inclui cursos superiores de graduação e pós, em Artes Plásticas, Pedagogia, Orientação Educacional e Arte na Educação.
"Reflexos da Primavera" |
Esta coleção de Deborah Mirenda traz o título "Ser", alusão à autenticidade e a busca de superar as aparências. Os quadros estão identificados com seu nome (exceto dois), a técnica usada (tinta acrílica) e preço de venda (entre R$ 800 e 1200).
Sobre as cores
Em um texto de divulgação, a artista diz usar as cores com liberdade, sem entrar em detalhes formais:
Aos poucos vão surgindo formas que conduzem o meu sentimento naquele momento. A ideia surge aos poucos, sou muito livre para criar.Sobre as flores
Em certa fase, após uma operação cirúrgica, Deborah pintou muitas flores, por uma sensibilidade especial com a vida. Nesta exposição elas estão onipresentes.
"Semente" |
Sobre as mulheres
Quando pinta mulheres, Deborah também o faz orientando-se por emoções: Na figura, especialmente o rosto, gosto de exagerar os olhos para dar ênfase à expressão que desejo.
Muitas dessas caras se parecem, mas cada uma tem seu nome e impacta o espectador por um sentido de conjunto, levando-o de uma atitude realista à subjetividade.
Nas duas primeiras fotos deste post (acima), veem-se exemplos desta diferenciação pela subjetividade: na imagem maior, as duas mulheres (mesmas das fotos abaixo) parecem olhar na mesma direção. Somente uma observação cuidadosa, in situ, permite ver diferenças anímicas entre elas. Não está nos detalhes visuais, mas no que o espectador possa sentir ao vê-las de perto.
Como testemunho pessoal, Deborah deixa mensagens simples mas sábias, a modo de orientações existenciais, úteis para um profissional da arte ou para pessoas sem estudos artísticos:
As descobertas entusiasmam a vida. Descubra a arte dentro de você.
Fotos: F.A.Vidal (1, 3-6).
POST DATA
Veja outras pinturas desta artista nos seguintes posts:
10 anos do Corredor Arte: duas mulheres [15-10-10]
Débora e Esther, no Corredor [6-3-12]
A arte desde um olhar geométrico (e natural) [16-4-13]
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