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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Museu da Colônia Francesa inaugura duas mostras

Profª Carla Gastaud, sra. Sônia Crochemore
e o pesquisador Leandro Ramos Betemps
Nos festejos de aniversário do Museu da Colônia Francesa, este domingo (6-07) na Vila Nova (Quilombo, 7º Distrito) foi inaugurada a exposição Das linhas Latécoére à Aéropostale.

O projeto da mostra foi tratado em Pelotas pela historiadora Mônica Cristina Corrêa (USP), com o objetivo de resgatar a memória da Aéropostale nas cidades brasileiras atendidas pela empresa nos tempos da Primeira Guerra Mundial.

O evento foi organizado pela Professora Carla Gastaud (UFPel), coordenadora do Museu da Colônia Francesa, e por bolsistas do Museu, que tem apoio direto da UFPel. Entre os diversos convidados, estiveram a Vice-Prefeita Paula Mascarenhas e dona Sônia Maria Crochemore, Presidente da Sociedade Francesa de Santo Antônio e responsável pela manutenção do Cemitério da Colônia Francesa.

Na ocasião também foi feita a inauguração da mostra O Patrimônio Cultural Quilombola, para destacar a história da etnia negra no distrito de Quilombo, a cargo da historiadora Cristiane Bartz de Ávila.

Cristiane concluiu recentemente sua dissertação "Entre esquecimentos e silêncios: Manuel Padeiro e a memória da escravidão no Distrito de Quilombo" (Mestrado em Memória e Patrimônio, UFPel, 2014).

De acordo com essa pesquisa, houve em Pelotas, após terminada a Revolução Farroupilha (1835-1845), uma caçada aos quilombolas da Serra dos Tapes. Foi oferecido um prêmio de 400 mil-réis para quem capturasse o líder, conhecido como Manuel Padeiro. Em 1848, houve um forte ataque armado que exterminou o grupo de quilombolas, com seu líder.

Hoje existem 3 comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombos: Vó Elvira, Alto do Caixão e Algodão. A região serrana de Pelotas ainda guarda as marcas do passado, se bem a população local e os descendentes dos quilombolas não falam do assunto. Os conflitos entre as diversas etnias (negra, italiana, francesa, pomerana, alemã) e a dor e o medo ainda fazem que os fatos históricos permaneçam no espaço simbólico pré-consciente, "entre o esquecimento e o silêncio".

O Museu da Colônia Francesa comemorou desta forma o 7º aniversário de sua fundação (14/07/2007) e o 5º aniversário de abertura do Museu ao público (14/07/2009). Vale a pena visitar e conhecer mais sobre esses dois importantes trabalhos que envolvem o município de Pelotas.

Museólogos, equipe de apoio e visitantes do Museu da Colônia Francesa
Fotos: Facebook

quarta-feira, 14 de maio de 2014

12ª Semana dos Museus

De 12 a 18 de maio transcorre a 12ª Semana Nacional dos Museus, megaevento cultural organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), em celebração do Dia Internacional dos Museus, 18 de maio (v. a postagem de 2009 Dia internacional dos museus). Em 2014, com o tema "Museus: as coleções criam conexões", participam 1.337 instituições brasileiras, promovendo 4.268 atividades nestes sete dias.

No Rio Grande do Sul, 71 municípios anunciam exposições, oficinas, palestras e recitais (v. programação). Em Pelotas, sete entidades inscreveram ações nesta Semana: o INBRAJA, o Museu da Colônia Maciel, o Museu Histórico da Biblioteca Pública e mais as seguintes instituições:

O Museu Municipal Parque da Baronesa participa da programação com a exposição “Coleções: Acervo Sacro do Museu da Baronesa” (de 14 de maio a 31 de agosto) e duas palestras (somente na quarta 14):
  • "Do culto público à devoção doméstica: considerações sobre o acervo sacro do Museu da Baronesa", com o professor mestre Jonas Klug da Silveira e 
  • "Formação de Coleções: materiais, simbólicas, espirituais", com o professor doutor Diego Lemos Ribeiro.
No Museu do Colégio Municipal Pelotense as atividades giram em torno do intercâmbio juvenil com a cidade-irmã de Pelotas no Japão:
  • palestra sobre o resgate da trajetória do Clube de Correspondência “Amigos” e seu intercâmbio com escolas da cidade de Suzu, e a relação com a doação de peças do artesanato japonês da coleção de Luiz Carlos Vinholes: terça 13, das 9h às 12h, no auditório interno;
  • exposição do acervo japonês do Clube Correspondência “Amigos”, composta por cartas, fotos, livros e trabalhos de alunos e da coleção doada por Vinholes: de 13 a 16 de maio, das 9h às 12h.
Animais empalhados do Museu de História Natural da UCPel visitam salas e corredores da Universidade.
Nesta semana, o Museu da UCPel (MUCPel) expõe parte de seu acervo em locais de grande circulação do Campus I, de segunda a sexta. Alunos, funcionários e visitantes encontrarão na Biblioteca ou no Saguão exemplares de espécies da região, como lobo marinho, cachorro do mato e ratão do banhado.

A Sala de Professores virou espaço de novas conexões.
A atividade permite que o público conheça as peças deste museu sem precisar entrar em sua sede, e veja a importância de cuidar de coleções científicas como esta.

Ao fazer-se visível fora de seu ambiente tradicional, o Museu estimula a sociedade a reflexionar sobre o lado social e educativo das coleções museológicas, cumprindo assim o objetivo da Semana Nacional dos Museus, em harmonia com outras instituições em todo o Brasil.

Por outro lado, a Universidade Federal de Pelotas organiza nestes dias uma exposição com artistas alemães no MALG, mas não a incluiu na Semana Nacional de Museus. De acordo à programação oficial, uma oficina para doceiras (13 e 14 de maio) e um recital do grupo Filhos da Véia (18 de maio, 20h) são atividades a realizar-se no Casarão 8 da Praça Coronel Pedro Osório.

O destaque da Universidade ficou com a inauguração do Memorial Anglo, mostra permanente sobre o antigo Frigorífico Anglo, prédio que atualmente sedia a reitoria e alguns cursos. No terceiro andar foi montada uma exposição que recolhe imagens e lembranças da empresa que por cinquenta anos empregou pelotenses. A Escola Louis Braille disponibilizou recursos manuais e auditivos para uso de deficientes visuais (v. notícia e vídeo do Diário Popular).


Fotos: Facebook, UCPel

terça-feira, 25 de março de 2014

Biblioteca tem o museu privado mais antigo


Além de milhares de obras impressas, a Biblioteca Pública contém o museu privado mais antigo no Rio Grande do Sul, criado em 1904. Algumas das peças que despertam maior interesse são a faixa de Miss Universo de Iolanda Pereira (1910-2001), alguns símbolos originais da Revolução Farroupilha, a arma usada por Bento Gonçalves (1788-1847) e um nu masculino do pintor Luís Carlos Melo da Costa (1947-1993). 1500 peças formam diversas coleções do Museu Histórico da Biblioteca Pública Pelotense.

Apesar do nome, a entidade cultural foi fundada por particulares, com o objetivo de contribuir à educação permanente de todos os cidadãos. Em 1875, sob o regime imperial, a palavra "pública" não era sinônimo de "governamental" mas de "aberta". Se a biblioteca fosse, na época, denominada como "privada" ou "particular", o entendimento seria de uma instituição seletiva, fechada ao público geral.

Nome original com o lema
"Trabalho Instrucção Progresso"
A grafia original "Bibliotheca Publica" (dir.) foi modificada pela reforma de 1943, que aboliu o "th" (originado de étimos gregos) e determinou que todas as proparoxítonas fossem acentuadas (antes não eram). Lembremos que as reformas ortográficas causam modificações nos costumes (e incomodações), mas têm força de lei. O Acordo assinado pelo Presidente Lula em 2009 vinha sendo formulado entre os países lusófonos desde 1990, e no Brasil deverá ter plena vigência em 2017.

Setenta anos depois da antiga reforma, muitos pelotenses conservam o "th" deste nome próprio, como se ele fosse parte do patrimônio histórico, mas acentuam a proparoxítona, seguindo a norma atual, que se impôs plenamente no costume popular. Neste blogue preferimos sempre a forma vigente (nem a arcaica nem a híbrida, ambas fora da realidade e da lei), também usada nos carimbos da Biblioteca Pública Pelotense.

Grafia correta é usada nos carimbos.

Fotos: F. A. Vidal (1), Rádio Pelotense (2)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Reflexão sobre o colecionismo no museu

A equipe do Museu da Baronesa organizou uma nova exposição na chamada “sala das vitrines”. A mostra se chama “Coleções de Memória” e reúne objetos de colecionismo, que o próprio museu acumula em seu acervo, ou que foram doados em forma de coleção. Há leques, cartões postais, bonecos de outros países e imagens sacras (v. notícia no sítio da Prefeitura Municipal).

O assunto das coleções leva a refletir sobre o sentido da acumulação de objetos para a conservação da memória, pessoal e social. O MAPP já realizou 3 mostras com este tema (veja o post Coleção de coleções).

Há quem se apegue a certas coisas como devoção às lembranças, e há quem por curiosidade pesquisadora reúna objetos por temas e os classifique para entendê-los (sobre o esquecimento, veja a nota Viver, lembrar, esquecer).

O assunto é de interesse dos pelotenses, pois a cidade se ancora no passado, cheio de conotações traumáticas e detalhes que costumam ser desviados da consciência. O turismo se apoia na visitação a casarões e lugares representativos da riqueza levantada no século XIX. Além de diversos museus e sebos, Pelotas tem cursos universitários dedicados à conservação e à museologia. Também existem o Quiosque Pelotas Memória, de Nelson Nobre, hoje mantido pela UCPel, e um Instituto que cultiva a figura do escritor João Simões Lopes Neto (1865-1916). Pelotas tem tantas coisas para recordar e preservar, que não consegue construir ou empreender a longo prazo. Uma adequada elaboração do passado permitiria planejar o futuro e progredir com sucesso.

 “Coleções de Memória” segue no Museu da Baronesa até os primeiros dias de dezembro. O Parque está aberto todos os dias, manhã e tarde. O Museu abre somente pela tarde, de terça a domingo, com entrada de R$ 2 (livre para crianças). Grupos podem agendar visitas (3228 4606).

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Danúbio, o filme, chega a Pelotas

O documentário "Danúbio", projeto da Cinematográfica Pampeana, será exibido no Instituto João Simões Lopes Neto amanhã (18), às 19 horas. A sessão tem entrada franca e será acompanhada pelo artista plástico Danúbio Gonçalves (fotos), cuja trajetória é contada no filme, e pelo diretor Henrique de Freitas Lima.
Primeiro episódio da Série Grandes Mestres, sobre artistas gaúchos, "Danúbio" será mostrado também na sexta 19, no Museu Dom Diogo de Souza, em Bagé, terra natal do pintor e gravurista de 85 anos. A primeira apresentação foi na Capital do Estado, em agosto deste ano (leia nota). O projeto recebeu o apoio do FUMPROARTE, da Prefeitura de Porto Alegre.
As primeiras cenas do filme foram gravadas na Capital, onde Danúbio atualmente reside, em Torres e em Bagé. A filmagem se deslocou também para o México, para mostrar como a sua obra ganhou as fortes influências dos gravadores Leopoldo Méndez (1902-1969) e Mario Reyes, hoje com 84 anos. Aparecem no filme grandes nomes das artes do Sul, como Alfredo Nicolaievski, Anico Herscovitz, Miriam Tolpolar, Maria Tomaselli, Helena Kanaan, Wilson Cavalcanti e Paulo Chimendes.
Henrique de Freitas Lima conheceu Danúbio Gonçalves através do pelotense José Antonio Mazza Leite, que levou o artista à pré-estreia do filme de Lima "Concerto Campestre" (2004).
Rodado em Pelotas, o longa-metragem reconstituiu a época áurea do charque, adaptando ao cinema a novela de Luiz Antônio de Assis Brasil. Na época, o cineasta doou ao Museu do Charque, dirigido por Mazza Leite, a maquete da charqueada (feita a partir da gravura clássica de 1828 de Jean-Baptiste Débret), adereços e figurinos do filme.
Posteriormente, Henrique teve a colaboração de Danúbio em outra filmagem, relacionada com Simões Lopes Neto, e a convivência fez o artista revelar o desejo de ver sua trajetória filmada por Henrique. O convite foi aceito e o projeto saiu do papel.
Como criador na década de 50 da série Xarqueadas - gravuras que lhe renderam os prêmios mais importantes de sua carreira - Danúbio foi o doador principal do pequeno Museu do Charque. Desde 1993, este empreendimento de um grupo de abnegados tenta manter viva em Pelotas a herança da atividade que gerou e deu forma à cultura local (veja histórico). O Museu do Charque está localizado na Charqueada Santa Rita, às margens do arroio Pelotas.
Imagens de divulgação (1 e 3) e F. A. Vidal (2)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Museu Carlos Ritter reabriu

Há cerca de dez dias, o Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter reabriu suas portas em novo endereço: rua Barão de Santa Tecla, 576 (v. foto inferior). O único museu de ciências naturais de Pelotas precisava sair de uma casa estreita e com danos estruturais, e achou este espaço, três vezes mais amplo.

A notícia não foi dada por jornais de Pelotas, nem sequer pelo portal da UFPel, instituição à qual pertence o museu, mas pelo Correio do Povo (leia o texto), acessível somente para assinantes. A fotografia de Carlos Queiroz (acima) foi tomada especialmente para essa reportagem.

A parte mais antiga do acervo tem cerca de 120 anos.
Em janeiro passado, a casa fechou as portas e ficou cerca de seis meses, na sede antiga, à espera da burocracia. Definido o novo local em maio (leia notícia), a mudança foi feita e o material ficou sendo montado  sem abrir as portas do museu  durante mais três meses, e ainda não tem todo seu acervo exposto: parte está guardada, parte está jogada no chão, à espera dos móveis (dir.).

O acervo vem sendo formado desde as últimas décadas do século XIX, quando Carlos Ritter (1851-1926), empresário gaúcho radicado em Pelotas, se dedicava à taxidermia de pássaros e ao estudo dos insetos (veja histórico).

Ritter criou verdadeiros quadros entomológicos que ainda se conservam neste museu (são 3 mosaicos cujas peças são insetos). Em 1979, o Museu adotou o nome que tem hoje, funcionando na Escola de Agronomia até 1988, quando ganhou casa própria (na verdade, alugada), a da Marechal Deodoro 823.

Coleção de aves empalhadas é a maior do Estado, com 450 peças.
Os 4500 insetos conservados constituem uma das maiores coleções entomológicas no Brasil; há quem a tenha como a maior (leia nota), mas uma pesquisa no Google mostra pelo menos as seguintes: o Museu Fritz Plaumann (SC), a Coleção Entomológica da UNISC (RS) e a Coleção Padre Jesus Santiago Moure (PR). Esta coleção foi formada pelo professor Ceslau Maria Biezanko (1895-1985), cientista polonês que viveu em Pelotas.

Além dos insetos e das 450 aves empalhadas, o Museu Carlos Ritter também tem as seguintes coleções (leia detalhes do acervo): Ictiológica (peixes), Herpetológica (répteis), Mastozoológica (mamíferos), Osteológica (esqueletos) e Paleontológica (fósseis).

Museu não sai na mídia, mas é famoso nas escolas.
Definido como um departamento do Instituto de Biologia da UFPel, o Museu atende pouco mais de uma centena de visitantes por dia, uns 20 mil por ano, provenientes de cem escolas da região. Não aparece na imprensa nem em folhetos turísticos, a não ser em momentos como este, mas é velho conhecido de professores e estudantes de todas as idades.

Seus funcionários o consideram "o primo pobre" da Universidade, por sentir uma demora burocrática e uma escassez de verbas que outras unidades não parecem sofrer. Uma visão realista de toda a UFPel mostrará um panorama contraditório: vários primos pobres e alguns favorecidos.

Na verdade, o Museu é uma plataforma de divulgação científica de Pelotas e da UFPel, além dos serviços educativos que presta à comunidade. Não há razões lógicas  somente políticas  para desfavorecê-lo.

Após 20 anos na antiga sede, Museu ficou parado um ano à espera da mudança.
Fotos: CP (1) e F. A. Vidal (2-5)

POST DATA
15.10.10
Veja a reportagem no portal da UFPel e nota histórica sobre o Museu na página do Instituto de Biologia.

sábado, 14 de agosto de 2010

Memorial do Sete foca nos oitenta

“Um Sete para Recordar os 80” é o título da mostra organizada pelo Memorial Theatro Sete de Abril, com 35 peças publicitárias, entre cartazes, fôlderes e fotografias de espetáculos realizados na década de 1980, neste teatro.

1985 foi o ano da retomada democrática, com o primeiro presidente civil em 21 anos, e o fim da repressão política no Brasil. Muitos espetáculos foram permitidos e realizados com mais liberdade, nas artes em geral.

Em outubro de 1988, realizou-se a I Mostra de Música Popular Latino-Americana. Também se recordam nesta exposição a presença da bela gaúcha Aldine Müller, um show do paulista Traditional Jazz Band (dir.), o Dança-Sul de 1988 (prosseguiu até 1997) e uma apresentação da trupe pelotense GATA, Grupo de Artes Teatrais Aplicadas (agosto de 1987). É preciso notar que nenhum destes documentos se encontra na internet, nem sequer no sítio de Teatro, que dispõe de reduzida informação.
Imagens: F. A. Vidal

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Memorial revisa a "Arte no Sete"

Em dezembro e janeiro, esteve no Memorial do Theatro Sete de Abril a mostra “Arte no Sete”, uma revisão de três projetos principais que se desenvolvem no Teatro.

A inauguração ocorreu em 1º de dezembro passado, recordando mais um aniversário do Sete de Abril, fundado em 2 de dezembro de 1833, um dos mais antigos no Brasil ainda em funcionamento.

O Sete ao Entardecer abre espaço a talentos musicais, novos ou consolidados, em apresentações semanais de março a novembro. Os músicos e grupos podem candidatar-se, mas o Teatro também convida alguns artistas, para fazer uma lista o mais heterogênea possível.

É o projeto mais antigo, iniciado há uma década com o nome de "Música ao Entardecer". Toda terça-feira às 18h30min, o público sabe que poderá ouvir diversos tipos de música, durante uns 45 minutos.

O Cena Literária são apresentações mensais, no foyer do Teatro, de esquetes teatrais que facilitam a interação entre artistas e plateia.

Com dois anos de vida, o projeto Sete Imagens - também mensal, mas na sala principal do teatro - mostra sete filmes de curta-metragem produzidos no Estado, promovendo debates entre os criadores e o público.

O primeiro ano começou bem, com curtas pelotenses, mas ampliou-se em 2009 a autores de outras cidades gaúchas, o que trouxe problemas para trazer os artistas aos debates. O maior sucesso destes encontros foi com o filme Estacionamento (veja o filme), da produtora Moviola, em julho de 2008 (veja nota sobre o evento).
Imagens da web

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Dia internacional dos museus

A presença de museus numa cidade qualifica suas relações sociais. 
Visitar museus e extrair o melhor proveito de suas múltiplas atividades são hábitos que precisamos cultivar e estimular em nossas comunidades.
Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), da UFPel
No Dia Internacional dos Museus, 18 de maio, a Secretária Estadual da Cultura, Mônica Leal, escreveu as frases acima, em artigo no Correio do Povo (p. 4).

O Rio Grande do Sul conta atualmente com 368 museus de diferentes tipos e esferas de administração, destaca a Secretária. Segundo ela, o Governo do Estado tem aumentado os investimentos em conservação do patrimônio cultural. Por outro lado, duas universidades federais gaúchas (UFRGS e UFPel) contribuem à capacitação de pessoal técnico, com cursos de graduação em Museologia.

Pelotas tem vinte museus e memoriais abertos ao público, alguns deles com muito pouca divulgação: pouco visitados e pouco conhecidos pelos pelotenses. Por exemplo, muitos conhecem o Museu da Baronesa - de nome, ou por haver entrado - mas pouquíssimos sabem da existência do Museu Carlos Ritter, na Deodoro com Cassiano. Há também quem não saiba que o Instituto João Simões Lopes Neto, a Biblioteca Pública e o Colégio Municipal Pelotense contêm pequenos museus.

Neste blogue, já vimos alguns deles (veja a seção Museus). Há outros ainda em construção; a lista foi feita pelo Diário Popular no domingo passado (site não disponível), dia de início da Semana dos Museus 2009 (de 17 a 23 de maio), promovida pelo Sistema Nacional de Museus.
Foto: site da Charqueada Santa Rita.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Memorial dos Prefeitos

Há cerca de duas décadas, a Prefeitura vem reunindo material histórico sobre cada um dos governantes da cidade no período republicano. Ainda há objetos arquivados em gavetas, mas no último governo Bernardo uma parte foi organizada para exposição pública, no segundo piso do Paço Municipal (dir.).

A mostra permanente deverá ampliar-se com o tempo, mas já é de interesse para quem estuda a história política nacional, a vida política pelotense e de seus chefes, muitos deles conhecidos como empresários, intelectuais ou deputados federais.
O material se encontra em mesas e armários, bem protegido por vidros. É possível ver tudo o que está escrito em fichas e documentos, mas sem manuseá-los. Também pode-se fotografar sem restrições, com a dificuldades dos reflexos do flash (abaixo à esq.).
Os nomes históricos
Uma lista geral explica a ordem cronológica dos governantes, dando um panorama desde a época do Império. No entanto, a amostragem em mesas e armários não segue uma ordem lógica, nem há flechas indicativas no recinto.
No tempo da monarquia não havia "prefeitos", mas Presidentes da Câmara. Os registros de seus nomes começam em 1880, com Leopoldo Antunes Maciel, que seria, antes do fim do Império, um dos "barões do charque" (veja o post).
A partir de 1889, no início da República, a modo de chefes municipais houve dois Presidentes da Junta Administrativa: o governante ocupava a chefia dos dois poderes (executivo e legislativo).
Os nomes do Memorial
Dois anos após, apareceu a figura do intendente municipal, equivalente à de prefeito, denominação que foi introduzida a partir de 1933, com a implantação do Estado Novo.
Assim, nosso primeiro "prefeito" (chefe do Executivo que não era também do Legislativo) assume dois anos depois: o médico Gervásio Alves Pereira. Ele e o seguinte intendente foram nomeados pelo Presidente do Estado (RS).
O primeiro intendente eleito, Francisco de Paula Gonçalves Moreira, também médico, assumiu em 1900.
No Estado Novo, ditadura civil de Getúlio Vargas, os governantes ganharam a denominação de prefeitos. Todos foram nomeados, desde 1932 a 1946. O primeiro deles foi Augusto Simões Lopes, que já havia sido intendente eleito, oito anos antes.
O sistema democrático reinstalou-se, voltaram as eleições, mas ficou a denominação de Prefeito. Joaquim Duval (1947-1951) foi o primeiro deste novo período.
O regime militar não alterou maiormente as eleições municipais em Pelotas: Edmar Fetter (1963-1969) seguiu no governo e foi sucedido por Francisco Alves da Fonseca (1969-1972).
O memorial de ex-prefeitos inclui 26 nomes. Nem todos foram pelotenses: houve um jaguarense - José Barbosa Gonçalves, o que promoveu a criação do Colégio São José (veja o post) -, dois porto-alegrenses (Sílvio Barbedo e Mário Meneghetti), Sérgio Abreu da Silveira, que era de Herval do Sul, de Pedro Osório Bernardo de Souza, e o santa-vitoriense "Governaço" Anselmo.
Quanto às titulações ou atividades, a maioria dos governantes são advogados, engenheiros civis e fazendeiros. Também há agrônomos, médicos e economistas. Fetter Júnior é o primeiro administrador de empresas.
O único prefeito do qual não há informações pessoais no Memorial - nem sequer a data de nascimento - é Fernando Marroni. Na sua recente visita ao Prefeito, em abril, foi-lhe novamente solicitado que contribuísse com dados e documentos.
No mesmo piso do Memorial, em ambos os lados do salão de reuniões da Prefeitura, há uma exposição permanente de retratos de todos os ex-prefeitos (foto acima à esq.), desde Gervásio Pereira (dir.; 1891-1893) até Bernardo de Souza (2005-2007). Os que exerceram o cargo mais de uma vez não precisariam ter dois retratos, mas José Anselmo Rodrigues iniciou esse costume, e foi seguido por Bernardo.
Fotos: F. A. Vidal

POST DATA
2014
V. álbum Histórico administrativo da cidade de Pelotas 1891-1987, com imagens cedidas pelo ex-prefeito Adolfo Antônio Fetter Júnior.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Museu Farmacêutico Moura

A partir de sua coleção particular de antiguidades e curiosidades farmacêuticas, José Gilberto Perez de Moura criou o Memorial Natura, que funcionou por alguns anos num espaço dentro da Farmácia Natura, na Quinze de Novembro 610.

A coleção foi aumentando pelas constantes doações de muitas pessoas e Moura não parava de pesquisar, no Brasil e em outros países. Então foi inevitável dar ao material um ordenamento científico, aproveitando que em Pelotas existe um curso de Museologia.

Foi adquirida a loja do lado da farmácia, na Quinze de Novembro 612 (foto à direita), duas estagiárias da UFPel catalogaram todos os elementos e prepararam o novo espaço, para que a coleção - agora elevada à categoria de acervo museológico - ficasse disposta à visitação de público numeroso e catalogada no Sistema Nacional de Museus (veja a nota no site da UFPel).
A inauguração foi realizada na segunda-feira 23 de março, com uns duzentos convidados, inclusive autoridades, meios de comunicação e representantes do Conselho Federal de Farmácia. Afinal, Pelotas estava ganhando um novo museu e este é uma originalidade no Brasil, nascida do interesse cultural, do detalhismo e da sensibilidade do seu fundador (que também pagou todos os custos, mas não revela o valor do presente à comunidade).
Também é bom dizer: Beto Moura (dir.) é o mais entusiasta promotor, guia, recepcionista e garoto-propaganda deste museu; ele mesmo explica a história de cada peça desta grande coleção, como a história em quadrinhos feita em Pelotas, elemento que outros museus não têm.
O site do novo Museu Farmacêutico Moura ainda está em preparação, mas já é fato de interesse nacional (veja a notícia de Zero Hora). O Conselho de Farmácia de São Paulo identifica este museu como o 3º em seu tipo no Brasil (veja a nota).
Na internet achei uma dúzia de museus farmacêuticos brasileiros; pela informação disponível, o de Pelotas parece ser o maior em quantidade de peças (3 mil).
  • O mais antigo da América do Sul é o Museu de Farmácia Antônio Lago, fundado em 1951 no Rio de Janeiro. Tem 450 peças e pertence à Associação Brasileira de Farmacêuticos.

  • O Museu de Ciências Farmacêuticas Paulo Queiroz Marques , fundado em 2005, encontra-se na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e conta com 500 peças (veja a notícia).

  • Em Curitiba, O Boticário mantém o Museu da Farmácia Augusto Stellfeld, conservando o patrimônio da família do primeiro farmacêutico da cidade, o alemão Karl August Stellfeld.

  • Além dos 3 anteriores e do Museu Moura (dir.), o Sistema Nacional de Museus registra alguns outros estabelecimentos relacionados com a farmacêutica, como o da Santa Casa do Pará, o Museu Professor Lucas Marques do Amaral (Juiz de Fora), Santa Casa do Rio de Janeiro, Museu da Farmácia da USP e Museu da Escola de Farmácia (Ouro Preto).

  • Em Araruna, Paraíba, há um Museu da Farmácia em processo de formação desde 2002.

  • Ainda em São Paulo, a "Pharmacia Drogamérica" tem um museu com 150 peças.

  • O Museu da Farmácia de Niterói é um site voltado à cultura da Farmácia; autodenomina-se "museu virtual", trazendo algumas informações de valor histórico, mas não reconhece a existência de museus brasileiros nesta área.
Em sua primeira semana de atendimento, o Museu Farmacêutico Moura estava sendo visitado por umas 200 pessoas diariamente, ainda sem receber grupos. Só uma parte do acervo está em exposição, pois o material é muito e o espaço está sendo organizado aos poucos, com uma cafeteria por habilitar-se e o segundo piso ainda sem uso.
Há material em exposição em vitrines, nas paredes, em mesas, álbuns, depósitos especiais e num DVD.
É permitido tirar fotos, mas as museólogas pedem que não se use flash, como forma de preservação do material. Esta norma terá que ser revisada, considerando que boa parte do acervo está protegida por plástico e vidro, e alguns elementos estão expostos justamente para manipulação (sendo absurda nesse caso a proibição do flash). De qualquer forma, os vidros criam tal quantidade de reflexos que se faz impossível fotografar detalhes - somente a clássica lembrança "eu estive aqui".
Fotos de F. A. Vidal (1-4).
Imagens fornecidas por Beto Moura (5-6).

terça-feira, 3 de março de 2009

Uma casa, tantas histórias

João Simões Lopes Neto nasceu em Pelotas em 9 de março de 1865. O Instituto que leva seu nome prepara atividades para celebrar a data, esta segunda-feira, aniversário nº 144 de nosso ilustre conterrâneo.

Um dos motivos de alegria para os simonianos terá relação com uma reportagem, publicada no Diário Popular em novembro passado, sobre a casa onde viveu alguns anos o conhecido contador de histórias. Sob o título "Uma casa, tantas histórias", rendeu uma menção honrosa a sua autora, a jovem jornalista pelotense Bianca Zanella Ribeiro. Transcrevo aqui a parte que se refere à recuperação do prédio, construído em 1891 e situado na rua Dom Pedro II, 810.

Até o final da década de 1990 o local estava caindo aos pedaços. O imóvel, abandonado, por pouco não teve sua destruição decretada. Se isso tivesse ocorrido, os escombros do casario teriam enterrado uma história que, por sorte, alguém se interessou em investigar.

Esse alguém era o pesquisador Carlos Sicca Diniz, que através de registros nos cartórios de Pelotas comprovou as suspeitas de que a casa havia pertencido ao mais célebre dos escritores pelotenses. No período em que viveu ali, de 1897 a 1907, João Simões escreveu a lenda O Negrinho do Pastoreio.

A descoberta deflagrou uma batalha judicial que mobilizou a comunidade, desde a imprensa até os historiadores e admiradores da literatura simoniana. Sete anos mais tarde a aprovação de um projeto de lei do então deputado Bernardo de Souza transformou a casa em Patrimônio Cultural do Estado. A demolição não aconteceria, mas nada impedia que o prédio ruísse irremediavelmente - no final de um processo de degradação longo, solitário - apenas com a ajuda do tempo e da umidade.

Foi então que um grupo de pessoas disposto a devolver a casa ao seu antigo e mais notável dono apareceu. Esse grupo fundou o Instituto João Simões Lopes Neto, e através dessa instituição civil conseguiu captar recursos, restaurar o prédio e, principalmente, devolver a vida ao lugar.
Leia todo o texto.

O texto homenageia Simões e os seus admiráveis admiradores - valha o trocadilho. A casa é um lugar interessante do ponto de vista arquitetônico e histórico, mas sobretudo é um espaço cultural da melhor qualidade, que presta à comunidade serviços gratuitos de museu, escola e lugar de estudos e debates. Tomei as fotos ontem, com a luz natural das 19h.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo

O Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo existe desde novembro de 1986, como parte do Instituto de Artes da Universidade Federal de Pelotas. Mas é somente nos últimos seis anos que ele funciona na atual sede, na rua General Osório 725, esquina General Neto.

Começou numa casa da rua Félix da Cunha, que se fez pequena para as necessidades do MALG. Em 2000 pensou-se na mudança para a antiga Faculdade de Agronomia, mas o centenário prédio requeria ainda total restauração, e o Museu terminou indo para o casarão Alsina, comprado em 1951 por Léo Zilberknopp, que o aluga para a UFPel.
A diretora do museu desde 2006 é a professora Raquel Schwonke, que fez inovações internas, como a Sala de Pesquisa, a reformulação da Sala do Patrono e um Auditório reequipado, agora pelo lado da General Osório (foto abaixo).
O trabalho de conservação do acervo envolve o problema permanente da climatização da Reserva Técnica (há obras com mais de cem anos). O MALG também passou a abrir nos domingos, sendo seu "feriado" agora nas segundas-feiras. Estive ali no último sábado de carnaval às 19h, mas não havia outros visitantes, o que facilitou a tomada de fotos. Como entidade universitária pública, o MALG não cobra entrada.

A casa do MALG foi construída em 1876 por Francisco Alsina, espanhol que chegou a Pelotas em 1860 com sua família. O uso do prédio era residencial na parte de cima, e destinado a lojas comerciais no piso térreo.
Em 1926 o casarão foi doado ao Asilo de Meninos Desvalidos (fundado em 1922), o que modificou totalmente sua estrutura e funcionamento. A doação não foi de agrado de uma parte dos descendentes, que com os anos o comprou de volta. José Alsina Lemos se determinou a ocupá-lo mas faleceu enquanto o reformava, e sua viúva finalmente o vendeu em 1951, ao atual dono.
Houve recentemente uma restauração completa da casa, a cargo do arquiteto Fernando Caetano. Pode-se notar o cuidado extremo nos detalhes, como as escaiolas do andar de cima (dir.), a sacada que dá para a rua Osório (esq.) e o terraço dos fundos, não acessível aos visitantes.
Fotos: F. A. Vidal.