sexta-feira, 31 de maio de 2013

Lágrimas nordestinas

José Daniel (E) e Alexandre (D)
Os violonistas Alexandre Simon e José Daniel dos Santos, acompanhados pelo percussionista Jucá de Leon, interpretam  os quatro trechos da primeira série "Lágrima Nordestina", para duo de violões, do compositor e violonista carioca Marcelo Fortuna (v. site oficial e MySpace). O clipe (abaixo) pertence ao canal de vídeos do compositor.

Graduados no Conservatório de Música da UFPel, na classe do professor Thiago Colombo de Freitas, os violonistas criaram em 2008 o Latino-América Duo, que divulga música para dois violões, mediante gêneros populares latino-americanos. Em 2010, incluindo um percussionista, eles se apresentaram como Latino-América Trio (v. nota).

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Rio de Sangue, na charqueada

Rio de Sangue é um espetáculo montado pela Cia. de Dança Afro Daniel Amaro, com base na história do negro no Rio Grande do Sul, especialmente em Pelotas, onde existiu a cultura do charque, desde fins do século XVIII até inícios do século XX. Os escravos trazidos da África no anos de 1779 e 1780 contribuíram decisivamente, ainda que de modo forçado, para o enriquecimento econômico e cultural da região, gerando assim um rio de sangue e sofrimento que se estende até nossos dias.

O espetáculo propõe uma análise da alma da cidade, enfocando o simbolismo do sal e do enxofre, presentes na história da indústria do charque e nos tradicionais doces pelotenses. Desde o olhar negro daqueles que aqui nasceram e através do movimento da dança afro, o grupo pretende recontar a história de uma Pelotas negra, feita não só do doce, mas também do sal. O simbolismo do sal e do enxofre na história de Pelotas foi explicado pela psicóloga Rose Mary Kerr de Barros (veja nota), que atualmente segue o curso de formação como analista no Instituto Junguiano do Rio Grande do Sul.


O espetáculo de dança tem montagem única no Teatro Guarani, no sábado 8 (v. cartaz).

Antes disso, haverá dois ensaios ao ar livre, abertos ao público, na Charqueada São João (sábado 1 e domingo 2). Agendar presença pelo fone: 3228 2425 ou pelo sítio virtual da charqueada (link acima).

Intérpretes e bailarinos: Anderson Martha, Carolina Paz, Carolina Rodrigues, Cauã Kubaski, Fernanda Chagas, Janaína Gutierres, Jaqueline Vigorito, Karina Azevedo, Lisia Peixoto, Paula Farias, Thomas Marinho, Thuani Siveira.

Outros artistas e técnicos: Júlio Barbosa (figurino e cenário), Neco Tavares (fotografia), Roger Terres (edição de imagens), Fabiana dos Santos e Victória Amaro (assistentes de direção), Iver Folha e Douglas Passos (contra-regra), Mano Amaro (coreografia) e Daniel Amaro (coreografia e direção artística).
Imagem: divulgação 
Informação: Dalida Artística

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Duo Alzevir e Ottoni

Alzevir Maicá, violão de 8 cordas (D), Ottoni de Leon, violão baixo de 5 cordas (E)
O Duo Alzevir Maicá e Ottoni de Leon formou-se em 2013, com o objetivo de divulgar repertório popular brasileiro e latino-americano em arranjos instrumentais, para a formação de violão solo (oito cordas) e baixo acústico. Ambos têm 28 anos de idade e vêm tocando desde 1998 em diferentes agrupações, sempre em cidades gaúchas.

Sua primeira apresentação como duo será na 21ª FENADOCE, este sábado (1), às 17h, no palco Cidade do Doce. Alguns dos compositores escolhidos para os primeiros shows são Tom Jobim, Raphael Rabello, Yamandu Costa, Lucio Yanel, Alessandro Penezzi e Cenair Maicá. Os músicos estão preparando também composições próprias.

Nascido em Santo Ângelo (RS), Alzevir Maicá (v. Facebook) é Licenciado em Música pela UFPel (2013). Estudou violão com os professores Arakem Maicá, Maurício Marques e Lucio Yanel. Como instrumentista, já recebeu quatro premiações em festivais nativistas. Reside em Pelotas, onde trabalha como violonista, dá aulas de seu instrumento e transcreve repertório para violão de oito cordas.

Ottoni de Leon (v. Facebook) é natural de Pelotas e iniciou seus estudos no contrabaixo aos 14 anos. Acompanha, desde então, músicos da cidade de Pelotas, Rio Grande, Porto Alegre, Canguçu e outras cidades da região, tendo passado por diversos ritmos e estilos. Premiado cinco vezes como instrumentista em festivais gaúchos, atualmente leciona contrabaixo na Escola de Música Rass e integra as bandas Feijão no Dente (música brasileira e latino-americana) e Pimenta Buena (pop latino).
Imagem: Facebook

domingo, 26 de maio de 2013

Rua Pelotas, no centro do Brasil

Asfaltada e arborizada, em bairro tranquilo de uma capital — assim é Pelotas (SP).

Desci a rua
Adentrou em mim ... melancolia

Geminados sentimentos
Asfaltados seus ladrilhos pavimentados
Revi a infância ... o ir e vir de um dia

Uma Pelotas que é periférica dentro da metrópole
A rua estava lá
Ar ... argúcias e amarguras
Continuei descendo em mim

Assim me revi correndo nela
Nu ... infância nua de saudades
Perspicaz ... amor por onde se nasce

E se vê toda a lembrança virar um nome
Essa nomenclatura faz sentido
Pois sinto o coração em clausura

Um vício de olhar para uma Pelotas que vivi
E desço deixando placas para trás
E aquele lar continua lá

Hábitat habitado ... habitual
Nossa Pelotas conceitual
Nossas janelas ...

Do lado de cá, uma Pelotas em construção
No coração da Vila Mariana, aqui em São Paulo, há uma rua. Dentro da selva de concreto e aço há uma pequena rua chamada Pelotas. Arborizada, calma e com traços de cidade pequena.

Nessa rua de casas antigas contrastando com prédios que arranham o céu existe uma linha tênue entre modernidade e casas geminadas. As pessoas andam a pé e sorriem quando se diz:

— Bom dia!

E os dias parecem bons na dinâmica da Rua Pelotas.

O novo trama-se à arquitetura antiga como plantas que cobrem fachadas de casas do século passado. Nada de mais nesse choque temporal, pois tudo condiz, tudo se ajusta e coabita.

Mesmo longe, paulistanos sabem de Pelotas.
No final da alameda ainda vemos os paralelepípedos originais que o asfalto não cobriu por inteiro. Isso em específico lembrou-me algo que qualquer pelotense nato lembraria.

Ao perguntar ao dono de uma banca de jornais, nas esquinas Pelotas com Humberto I, se ele já ouvira falar da Pelotas que deu nome à rua, ele sorriu.

— Todo o Brasil já ouviu falar sobre aquela cidade — ele disse.

Também contou-me sobre os filhos dos fazendeiros e seus frufrus. E rimos juntos sobre isso e outras histórias dessa cidade que se faz conhecer e nomeia uma rua muito simpática, encravada no meio da maior metrópole da América Latina.

É fato que Pelotas habita o imaginário Brasileiro e sua cultura permeia com elegância a cultura nacional.

Nathanael Anasttacio (SP)

O asfalto metropolitano nunca recobre totalmente as ruas de pedra.
Fotos: N. Anasttacio

Foto do Mercado antes do incêndio de 1969

Em 1968 o Mercado funcionava e o relógio marcava a hora certa.
Numa tarde de 1968, a torre do Mercado apareceu com propaganda de refrigerante. Eram tempos de guerra de colas multinacionais. Também era época de protestos em nome da liberdade de expressão.

Raul Gomes Nunes enviou a foto anteontem (24) ao Projeto Pelotas Memória (álbum Olhares sobre Pelotas). Ele conta que Flaubiano Santos e outros funcionários da Coca-Cola pintaram os painéis, subiram na torre e, mesmo sem autorização, afixaram a publicidade à tardinha.

No dia seguinte veio a ordem para retirar o anúncio. Mas o golpe publicitário fora conseguido: fazer a foto e deixar a imagem gravada para sempre.

Na guerra das colas (v. na Wikipédia), todo espaço vazio era ambicionado. Para chegar mais alto (no tempo e no espaço), a Coca hegemônica podia invadir um ponto tão emblemático como o Relógio do Mercado, içar sua bandeira e gritar ao mundo: "Pelotas é nossa!". A tomada da torre sintetiza como a cultura ianque ocupa os territórios de todo o planeta mediante o inocente domínio comercial.

O registro também é histórico para quem viveu os anos 60 e lembra os ônibus da empresa Esperança, os velhos fuscas e os Simca Chambord.

Dois chamados João

Música é vida interior. E quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão.
Arthur da Távola foi perfeito nesta interpretação. Mas, segundo esta professora de línguas, leitura é vida interior, e quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão!

À semelhança do excelente e longo registro de AMonquelat (dez artigos, de dezembro/2012 a março/2013), que, pela credibilidade de quem o assinou, deve figurar como documento histórico, igualmente fui apresentada a João Simões Lopes Neto (1865-1916).

Desenho de autoria de Mário Mattos, 2005 (v. biografia)
Há mais ou menos 35 anos, em aula de literatura brasileira, uma jovem professora universitária trouxe um texto, de autor gaúcho, do qual emanava a brisa do campo, o ser humano não conspurcado pelas manhas da cidade e que se integrava perfeitamente ao ambiente. Fazia parte da natureza, assim como seu pingo e seu cusco. Via com olhos de ver.
Deus estava no luzimento daquelas estrelas [...] O cachorrinho tão fiel lembrava a amizade da minha gente, o meu cavalo lembrava a liberdade, o trabalho, e o grilo cantador trazia a esperança [...] era luz de Deus por todos os lados! [Trezentas Onças, JSLN]
A natureza flamante de vida! O ser humano em transcendência!

Não falávamos em regionalismo. Analisávamos um dos bons escritores brasileiros. E estou convicta de que o provincianismo e os rótulos aplicados a JSLN, restringiram duramente a divulgação de suas obras e demais talentos. Consequentemente, a percepção do quão abrangente é seu trabalho: como educador, patriota, escritor.

Empresário? Como Érico Veríssimo, Castro Alves, John Keats, tantos e tantos outros, em todos os países, sequer conseguiam manter-se num emprego ou empresar o que quer que fosse, pois seu mundo era muito maior. Fossem pessoas normais, não teriam deixado o legado que, gerações após gerações, os cultuam. Não morreram, não morrerão jamais, permanecem encantados em suas obras.

Na revelação do Antigo Testamento, o gesto criador de Deus é a Palavra. As coisas existem e são o que são porque falamos por um poder instituidor original.

Selo para Rosa em 2008
Leitora assídua e pesquisadora de J.G. Rosa (1908-1967), há muitos anos, seguidamente percebo a intertextualidade, o diálogo entre os textos dos dois Joões. Em quê? Além da coincidência perfeita na estrutura narrativa, principalmente pela linguagem, a qual, deduzo, é uma necessidade temática profunda – uma forma de conhecimento e de interpretação da realidade, em ambos! O vocábulo inédito leva ao âmago das coisas e a revelação de sua essência se faz unicamente por meio desse vocábulo.

Em ambos, há a fusão perfeita entre prosa e poesia. O que valeu foi o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda ouvido além das fronteiras em que foi concebido. A expressão regional, pela temática universal, alcançou o cosmo.

A diferença entre os dois está em que Rosa, ao invés de apenas recolher a linguagem coloquial regionalista e estampá-la em sua obra, recria essa linguagem, servindo-se para isso de recursos inusitados, que vão desde a criação linguística pessoal até a mistura artisticamente dosada de vocábulos arcaicos e modernos, nacionais e estrangeiros, eruditos e populares (inclusive gíria e termos indígenas) e ao jogo exótico das palavras na frase, obtendo assim um ritmo personalíssimo e surpreendente.

Ao invés de caracterizar limitadamente o homem do sertão mineiro, dá um sensível toque de universalidade ao enfoque desse homem: partindo das tradições e costumes restritos de um determinado grupo humano, medita tão a fundo sobre isso, que suas postulações passam a ser válidas como tradução da problemática humana em todos os lugares e em todos os tempos.

Rosa e Simões, citadinos cultos, fixaram o momento histórico e o homem do interior, mas o diálogo existente entre seus textos, e muitos outros que as análises cada vez mais intensas mostram e mostrarão, promove a universalidade de suas obras. Os seres rudes, em mundo próprio, retratados pelos Joões, são mergulhados, através dos temas, num horizonte aberto, universal, mas cuja moldura é sempre, em Rosa, o sertão mineiro, e em Simões, a inigualável, apaixonante e solitária campanha rio-grandense!

Loiva Hartmann
Conselheira do IJSLN

sábado, 25 de maio de 2013

CD Singular, 12 canções para o Sul do mundo

Por eso ahora ponemos el mapa al revés, y entonces ya tenemos justa idea de nuestra posición, y no como quieren en el resto del mundo. La punta de América, desde ahora, prolongándose, señala insistentemente el Sur, nuestro norte. [Joaquín Torres García, 1941].

Os músicos Paulo Timm e Gilberto Isquierdo e o letrista Maurício Raupp Martins apresentam o disco "Singular", dia 4 de junho, às 20h, na Biblioteca Pública Pelotense, com entrada franca. Vídeo publicado ontem (24) por Maria Bonita Comunicação. Veja como comprar e confira as 12 letras em português e espanhol.
Cartaz baseado no desenho "América Invertida",
do uruguaio Joaquín Torres García (v. biografia)

Os arranjos musicais são coletivos ou assinados por Éverson Maré, Luciano Fagundes, Negrinho Martins, Paulo Timm e Silvério Barcellos. Vinte músicos participaram nas gravações.

VOZ: Gilberto Isquierdo, Hélio Mandeco, Leonardo Oxley e Paulo Timm.

CORDAS: Éverson Maré, Paulo Timm e Silvério Barcellos (violões), Rodrigo Maia (baixo), Negrinho Martins e Hélio Mandeco (violão e baixo), Luciano Fagundes (violão e guitarra), Fabrício Moura (bandolim e baixo), Clarissa Ferreira e Leonardo Oxley (violino).

SOPROS: Gil Soares (flauta), Dione Silveira e Marcos Fragoso (gaita de boca).

PIANO: Fernando Leitzke e Hélio Mandeco.

PERCUSSÃO: Hélio Mandeco, Jucá De Leon e Nando Barcellos.

Imagem: blogue Prosa Galponeira

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Café ou água (conto)

Ele pensa, e a menina aguarda, se no resto da xícara vai café ou água.

Quer afastar o cheiro do bolor e o peso dos móveis herdados: madeira pura, amanhecer e rua.

Precisa de algo que o desperte e agrade. Assim, enquanto não corre com os fantasmas dos armários, busca apoio na luz do dia ou na juventude destas moças, mesmo frias, como distração à parte.

— Hoje quero "carioquinha", por favor, complete com água!

Imagem e conto para cafetômanos
celebram Dia do Café (veja post de 2009).
Pela vitrine, a cerração esconde o lado oposto da calçada, a fluorescente sombreia o guardanapo, dando mistério aos rabiscos que substituem os ponteiros do relógio. Não há hora para nada!

A conversa alheia trouxe todas as novidades: placar, morte e atentado. Permanecem as lembranças noturnas e o clima que não devia estar fechado. Sono, sonho ou cansaço?

Cuida no espelho se a veste está adequada, pelo reflexo o apelo vem da silhueta do engraxate.

Esfria o líquido sem libertação ou companhia, mais, então, um "quem sabe?"

— Mocinha... outro café!

Ele pensa, e a menina aguarda, se no resto da xícara vai café ou água.

Marcelo Freda Soares
Foto: M. F. Soares

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Contrabandista, o filme

O Instituto João Simões Lopes Neto exibe o curta-metragem "Contrabandista" nesta quinta (23), em sessão comentada pelos professores da UFPel João Luis Ourique e Luís Rubira. O filme é um dos 5 episódios do longa "Contos Gauchescos", que teve pré-estreia em Gramado em agosto de 2012 (v. notícia) e chegou aos cinemas gaúchos em novembro do mesmo ano (v. nota de imprensa).

Ingra Liberato (C) e Lindsay Gianoukas (D)
representam mulher e filha do contrabandista.
O livro "Contos Gauchescos" completou em 2012 cem anos de publicação (v. o post 100 anos do conto Duelo de Farrapos). Em sua homenagem, o cineasta Henrique de Freitas Lima recriou livremente a obra de Simões usando recursos audio-visuais.

Assim como no original literário, a condução narrativa no filme é feita por Blau Nunes (Pedro Cardoso), que introduz o espectador ao documentário de abertura e narra as adaptações de 4 dos 19 contos do livro: "Os Cabelos da China", "Jogo do Osso", "Contrabandista" e "No Manantial" (veja notícia).

O segmento “Contrabandista” conta a história do velho Jango Jorge, ex-contrabandista que para garantir o enxoval de sua filha atravessa a fronteira com o Uruguai, voltando a exercer sua antiga atividade ilegal. O conto começa assim (leia aqui o texto completo):
— Batia nos noventa anos o corpo magro mas sempre teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandistas que fez cancha nos banhados do Ibirocaí. 
Doutores Ourique (E) e Rubira (D)
Os professores convidados discutem as relações entre literatura e cinema. Ourique é doutor em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (2007). Atua nas áreas de Teoria Literária, Literatura Brasileira, Literatura Comparada e Ensino de Literatura.

Rubira é doutor em Filosofia pela USP (2009). Participa do Grupo de Estudos Nietzsche da USP e do Groupe International de Recherches sur Nietzsche. Atualmente coordena o ciclo “A Filosofia e o Cinema Existencial”.

O longa-metragem "Contos Gauchescos" inclui alguns atores locais, como Vagner Vargas no papel de Simões Lopes Neto. Confira abaixo o trailer do filme (v. ficha técnica). O crítico Willian Silveira não gostou do resultado final (v. artigo).
Fotos: IJSLN

terça-feira, 21 de maio de 2013

Janela de Cinema, 4 dias para o cinema nacional

Em "O Som ao Redor" abre-se uma janela para o exterior e para o mundo psíquico, metáfora do cinema.
Esta semana começa a Janela de Cinema de Pelotas, mostra de filmes nacionais ainda inéditos em nossa cidade. A iniciativa é muito oportuna, pois carecemos de salas de cinema, estamos a grande distância das capitais e temos grande público interessado em conhecer o que se produz no Brasil. Além de dois debates sobre cinema, serão exibidos curtas-metragens gaúchos e produções brasileiras recentes.

O acadêmico de Cinema da UFPel Renato Cabral tomou a ideia da Janela Internacional de Cinema do Recife, que funciona como festival e como mostra, desde 2008. Esta primeira versão servirá para medir o interesse do público, mas já é previsível a necessidade de uma sala não comercial, que seja grande e pertença a uma entidade pública (atualmente, nem a Prefeitura nem as universidades contam com um cinema próprio).

O projeto é uma realização do Centro de Artes da UFPel e do Zero Três Cineclube, tem o apoio master da Vitrine Filmes e os apoios da Casa Fora do Eixo Pelotas, A Vapor Estúdio, Garage Bakery, Avante Filmes e SOMOS - Comunicação, Saúde e Sexualidade.
  • Quarta (22): mostra de 12 curtas (15h), mostra de 4 documentários (17h), documentário pelotense (18:30), documentários "Futuro do Pretérito" (19h) e "O Liberdade" (20:45)
  • Quinta (23): mostra de 3 curtas (15h), documentário da mostra principal (16:30), curta e longa da mostra principal (18:30 e 18:45), "Uma Longa Viagem" (20:45).
  • Sexta (24): debate com realizadores locais (15:30), curta e longa da mostra principal (18:30 e 18:50), "O Som ao Redor" (20:50).
  • Sábado (25): "Sudoeste" (14h), debate sobre Cinema e Gênero (16:30), curta e longa da mostra principal (18:30 e 18:45), "O Abismo Prateado" (20:30).
Todas as atividades serão no Auditório do Centro de Artes (Alberto Rosa 62), com entrada gratuitas. Senhas antecipadas (apenas para os longas-metragens) estarão disponíveis no saguão do Centro, a partir das 15h do dia da sessão. No sábado, excepcionalmente, a distribuição de senhas inicia às 13h30. Veja a programação completa aqui.


"O Abismo Prateado", de Karim Ainouz, premiado nos festivais de cinema de Havana e do Rio de Janeiro, estreou no circuito comercial em abril de 2013. O programa Metrópolis da TV Cultura entrevistou-se com o diretor e com a protagonista Alessandra Negrini (parte 1 acima, parte 2 aqui).

O Som ao Redor, longa-metragem do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, já acumula dezenas de prêmios e já estreou nos cinemas brasileiros. O filme conta a vida numa rua de classe-média, aonde chega uma milícia que oferece proteger o local. Os moradores veem alterada sua tranquilidade e questionada sua segurança, especialmente a estressada Bia, que precisa aprender a lidar com o "barulho ao redor".

Numa cena de "O Som ao Redor",  Bia (Maeve Jinkings) é massageada pelos filhos, Fernanda (Clara Oliveira) e Nelson (Felipe Bandeira). Veja aqui a protagonista convidando o público para a estreia do filme no circuito comercial (v. perfil de Maeve Jinkings).

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Daniel Wolff traz autores gaúchos

O violonista e compositor Daniel Wolff excursiona por sete municípios do Estado para apresentar obras recentes de autores gaúchos ainda pouco conhecidos. Esta quinta (23), ele chega a Pelotas com essas "Novas Vertentes" que vem estudando há anos, para realizar uma oficina (às 14h, na Félix da Cunha 651) e um recital (às 20h, na Lobo da Costa 1877), ambos com entrada gratuita. Em nossa cidade, ele já mostrou parte desse trabalho violonístico em 2009 (veja o post).

O programa inclui os compositores Henry Wolff, Fernando Mattos, Ricardo Mitidieri, Radamés Gnatalli, Dimitri Cervo, Celso Loureiro Chaves e o próprio Daniel Wolff. Em nota de divulgação, ele explica o seguinte:
Quando se fala em "violão gaúcho", se pensa primordialmente nos ritmos do nosso folclore, ou seja, a milonga, a rancheira, o vanerão etc. De fato, a música com esta inspiração representa um importante papel na tradição; contudo, um dos méritos culturais do Rio Grande do Sul é o pluralismo em todas as linguagens artísticas.
No caso específico da música, a produção dos nossos compositores vai bem além do folclore, abarcando vertentes como o neoclassicismo, o atonalismo e o serialismo. Apesar da alta qualidade das obras contempladas neste projeto, a maioria dos gaúchos ainda não as conhece. O projeto Violão do Sul pretende sanar esta lacuna.
Daniel Wolff explora novas vertentes gaúchas
Nas oficinas, de duas horas de duração, o professor contextualiza historicamente as técnicas composicionais e os estilos de cada autor abordado no projeto, ilustrando-as também ao violão: por exemplo, harmonia expandida, uso de estruturas formais arquitetônicas, efeitos percussivos, música programática e afinações não convencionais.

As aulas são voltadas a profissionais, estudantes e professores, tanto do ensino regular quanto de música. Cada turma será para até 30 pessoas, sem inscrições prévias, com participação por ordem de chegada.

Primeiro doutor em Violão do Brasil, Daniel atua como concertista, compositor, arranjador e didata. Nessas diversas facetas, seu trabalho viaja por todo o mundo, especialmente Estados Unidos e Europa. Coleciona diversos prêmios internacionais e nominações ao Grammy. Formado pela Escuela Universitaria de Música de Montevidéu, cursou mestrado e doutorado em Violão na Manhattan School of Music, em Nova Iorque. Desde 1991, é catedrático de Violão na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde criou o curso de Mestrado em Violão.

As novidades sobre o projeto "Violão do Sul: novas vertentes na música gaúcha" são postadas no Facebook de Daniel Wolff. Informações: 51-9121.0880.

Ciranda, 1º movimento da Suite Scordatura, de Daniel Wolff

domingo, 19 de maio de 2013

Outro ex-cinema virou estacionamento


O antigo salão do Cine Rádio Pelotense converteu-se em estacionamento neste mês de maio de 2013. Com a próxima implantação da Zona Azul (estacionamento rotativo), esse espaço será muito mais requerido por quem quiser estacionar no perímetro central, bastante movimentado de segunda a sexta.

O antigo cinema de calçada já recebeu um supermercado [v. nota O Penúltimo Moicano (1962-1997)]. Logo uma igreja pentecostal esteve ali por uns poucos anos (v. Nova igreja em velha sala).

Segundo minha lembrança, antes de cada sessão as cortinas do Pelotense se abriam ao som do Tema do Êxodo, de Ernest Gold, que ganhou Oscar e Grammy de melhor trilha sonora em 1961 (ouça, no clipe abaixo, a gravação de 1962 para dois pianos). Com a orquestra, acendiam-se as luzes; logo, com a entrada do solo em piano, o mecanismo abria as imensas cortinas, lenta e solenemente, sugerindo que viria uma grandiosa sessão de cinema. Em alusão ao relato bíblico, "Êxodo" era um filme de guerra envolvendo forças israelitas.

Versão para dois pianos, de Ferrante e Teicher,
foi usada pelo Cine Rádio Pelotense desde a inauguração.

O Cine Capitólio, único cinema de Pelotas de 1997 a 2007, vem sendo usado há seis anos para acomodar veículos durante o dia (v. nota "O John Wayne dos cinemas"). Agora ele não está mais só como "ex-cinema que virou estacionamento" e Pelotas passa a ter duas dessas patéticas e grotescas "joias urbanas".

O que os dois prédios ainda têm e poderiam explorar (cultural, turística ou comercialmente) é um mezanino desocupado, sem serventia para estacionamento. Prefeitura e universidades poderiam interessar-se em ter um cinema de propriedade pública. Por única vez, a Sala 2 do Capitólio voltou à vida em setembro de 2011, quando estudantes da UFPel organizaram um Noitão de Cinema, exibindo três filmes para 300 pessoas (v. notícia no Diário Popular e nota com fotos no E-Cult).
Foto: F. A. Vidal

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Kleiton Ramil apresenta seu quarto livro

Kleiton autografa em Pelotas o novo livro
Hoje (16), Kleiton Alves Ramil vem a Pelotas para apresentar seu quarto livro, "Memórias de um Sonhador", publicado pela editora paranaense InVerso. A atividade é organizada pela Livraria Vanguarda no Instituto João Simões Lopes Neto, das 18h em diante.

O trabalho foi lançado em Porto Alegre há um mês (veja aqui trecho do programa "Tudo Mais" levado ao ar em 19 de abril pela TVCOM), com sessão de autógrafos na Livraria Cultura (v. resenha).

Esta postagem menciona os outros livros de Kleiton Ramil, pouco conhecidos em relação a suas músicas. Uma pesquisa pela rede virtual não permite achar com rapidez uma lista completa dessas obras, nem das de seus irmãos Kledir e Vítor, que também compõem, cantam e escrevem. Quantos e quais livros cada um deles já publicou?

Por ocasião do lançamento na Capital, a notícia do Correio do Povo observou entre linhas que o músico pelotense faz um esforço pessoal para desenvolver o seu trabalho literário, bem menos visível que o musical. Veja dois trechos da matéria, escrita pelo jornalista Marcos Santuário:
Escrito em um ano e meio e dividido em três partes, "Memórias de um Sonhador" faz parte do "lado B" do aplaudido músico e compositor, aqui sem a parceria frequente do irmão Kledir.
Feliz com o novo "filho", Kleiton Ramil comenta que o ritmo intenso segue sendo a marca de seus trabalhos. Apesar disso, e de vários compromissos, Kleiton fica em Porto Alegre para o lançamento do livro e, em seguida, volta para suas atividades no Rio de Janeiro, onde mora. [Leia a matéria completa]
Livro didático para crianças (UFPel, 1997)
Sobre esta obra mais recente, Kleiton fez uma longa apresentação, que se encontra numa página do Facebook (Kleiton Ramil Livros), único lugar da internet que cita todos os livros do músico-escritor.

Leia o trecho inicial:
Os sonhos sempre despertaram minha curiosidade e a partir da adolescência passaram a ter um lugar fundamental em meus interesses e pesquisas. Depois de entender o significado de um sonho emblemático que muito me impressionou, passei a ler grandes pesquisadores do mundo onírico, como Freud, Jung, Marie Louise von Franz, Artemidorus, Scott Cunningham, Joseph Campbell, entre outros, e tornei-me um autodidata no assunto.
Esse conhecimento teórico foi sedimentado durante décadas, em terapias que vivenciei com psiquiatras, psicólogos, grupos de estudos, assim como em debates acalorados com amigos e outros especialistas que manifestavam interesse pelos estudos da psique.
Memórias de um Sonhador é meu segundo livro sobre o assunto, sobre o qual pretendo, junto com a música, dedicar toda minha vida, seja pelo material inesgotável de pesquisa que oferece, como pela inegável riqueza que há no nosso inconsciente, um grande tesouro para o desenvolvimento pessoal e para criações artísticas. Grandes mestres beberam dessa fonte, como o pintor surrealista Salvador Dali e o cineasta espanhol Luis Buñuel.
Primeira incursão nos sonhos (Fivestar, 2007)
O irmão mais velho da dupla "Kleiton e Kledir" tem estudos superiores em engenharia e em música. Sua pesquisa sobre sonhos, área da Psicanálise, se alimenta em leituras, debates e em terapias pessoais.

Como autodidata no assunto, seus escritos equivalem ao de um estudante universitário de psicologia, informativo para o público leigo mas limitado a um nível introdutório. O divulgador é simpático e convincente, mas para aprender no ritmo dele é preciso consultar fontes científicas e passar por um processo terapêutico como o dele.

Os irmãos Kleiton, Kledir e Vítor são famosos, desde os anos 70, como cantores e compositores. Duas décadas depois, sem deixar a música popular, começaram a escrever e hoje  totalizam 9 livros publicados. O talento deles também se espalha pelos gêneros da escrita: ficção, crônica, didático e ensaio.

A fama musical dos já maduros artistas (Kleiton tem 61 anos, Kledir 60 e Vítor 51) permanece insuperável em relação à literária – em tempo, em volume e em espaço. São 40 anos de canções, mais de 30 discos e um milhar de shows ao longo do Brasil, com vendas até fora do país.

Confissões aos 3 filhos (Santa Cruz, 2011)
Os livros deles, no entanto, apesar de estarem bem escritos, são ainda poucos em quantidade e de alcance menos popular. A Wikipédia menciona a música e a literatura de Vítor Ramil mas não cita os livros da dupla no único verbete dedicado a Kleiton&Kledir.

Até mesmo os sítios oficiais dos artistas minimizam a existência de uma obra além da música, evidenciando o pouco interesse deles na divulgação da leitura. Os três parecem escrever para si mesmos, mais pelo prazer expressivo do que seguindo um projeto artístico.

A imprensa especializada se confunde com a multiplicidade de suas obras: os especialistas em música popular ignoram sua obra impressa, e os críticos literários simplesmente os consideram músicos. Como então os fãs se informarão desse "lado B" dos ídolos musicais, um lado que busca a profundidade que as canções não permitem? Afinal, estes livros são mais reveladores e mais verdadeiros que as centenas de músicas por eles cantadas ante milhões.

Os livros dos irmãos Ramil são os seguintes:
  • Vítor, o caçula: "Pequod" (1995), "A Estética do Frio" (2004), e "Satolep" (2008).
  • Kledir, o moreno: "Tipo Assim" (2003) e "O Pai Invisível" (2006). 
  • Kleiton, o de óculos: "O Voo do Dragão" (1997), "Sonhos e Sonhadores" (2007), "O Livro das Confissões: uma trilogia" (2011) e "Memórias de um Sonhador" (2013).

Jô Soares tinha na infância um sonho existencial mítico.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Banda Mídia


O encanto de Simone Passos e os criativos arranjos da Banda Mídia se uniram a um cancioneiro intimista, adequando-se com carinho ao Salão Nobre da Biblioteca e com a alegria de estar abrindo o Sete ao Entardecer deste ano. A agrupação vem abrindo-se à sensibilidade de públicos mais maduros e em menor número, como se viu em 2012 (v. nota Simone Passos ao piano).

O bom resultado confirma que é possível adaptar o repertório de uma banda de acordo ao local e ao público. Neste caso, o quinteto se ajustou muito bem, com harmonia interna e em relação ao ambiente. Eles são: Simone (voz solista), Mateus Cardozo (teclados), Di Fonseca (bateria), Giordani Marias (baixo) e Diego Schneider (guitarra).

Inicialmente, os grupos selecionados iriam tocar ao ar livre no Laranjal, no verão passado, mas foi preciso suspender os shows, e a SECULT optou por reagendá-los ao longo do ano. Metade dos artistas tocará na Biblioteca (espaço de tamanho semelhante à Fábrica Cultural, mas bem mais solene) e metade em bairros periféricos (ginásios, escolas, clubes). Novos segmentos de público ouvirão a música ao entardecer, ampliando o alcance deste projeto municipal, que nasceu há uns vinte anos com Gilberto Strauch - como "Música ao Entardecer" - e foi retomado em 2005, da mão do maestro Sérgio Sisto.

Na abertura da temporada 2013, a formalidade do ambiente, a rica acústica e a presença da dupla governante Eduardo e Paula podem ter deixado cantora e instrumentistas levemente mais emocionados do que de costume, mas a graça expressiva e a capacidade de improviso da Banda Mídia cativaram o público, crescentemente, ao longo do breve espetáculo. As virtudes da vocalista também contribuíram a essa conquista: a bela afinação, o correto fraseio, o amplo sorriso e uma qualidade timbrística tão amável que deixa a sensação de se estar ouvindo uma das grandes vozes da música popular brasileira.


Fotos: E. Beleske (ASCOM)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Cristiano Mascaro fotografou Pelotas


O trabalho fotográfico do paulista Cristiano Mascaro, um dos mais importantes fotógrafos do Brasil, volta-se totalmente ao urbano. Formado em Arquitetura, ele descobriu na fotografia uma vocação de repórter das cidades. Autor de 10 livros, seus trabalhos estão em acervos de importantes museus: MASP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC (SP), MAM (RJ), Centro Georges Pompidou (Paris) e Museu Internacional da Fotografia de Rochester (Estado de Nova Iorque). 

Cristiano Mascaro,
foto de Silvio Tanaka
Em 2003, ele reuniu 34 fotografias em preto e branco na série "Imagens do Rio Grande do Sul", com registros feitos na Capital e em cidades do interior, como Pelotas, Rio Grande e São Miguel das Missões.

Na época, o Diário Popular publicou a reportagem Pelotas é destaque em mostra fotográfica na capital gaúcha (17-03-03), onde o artista dizia que em 2002 fora contratado, pela UNESCO e pelo Ministério da Cultura, para fotografar o patrimônio arquitetônico de 20 cidades brasileiras contempladas pelo projeto Monumenta. Entre elas estava Pelotas. Durante o trabalho, ele propôs ao IMS um projeto em que pudesse se deter mais no cotidiano das cidades. A proposta foi aprovada e virou livro e exposição.

A exposição começou por Porto Alegre, na Galeria Instituto Moreira Salles. Foi justamente com essa mostra do fotógrafo paulista que o IMS inaugurou sua galeria de arte no Rio Grande do Sul, em março de 2003. Posteriormente, as fotos estiveram mais 3 meses em São Paulo, de outubro de 2003 até janeiro de 2004 (veja notícia).

Livro de fotos em cidades gaúchas
No entanto, as Imagens do Rio Grande do Sul não foram exibidas nas sete cidades gaúchas fotografadas. Uma compensação para os gaúchos do interior seria comprar o livro (dir.).

De Pelotas, só duas ou três fotos. Uma delas é a que abre esta postagem (acima), tomada em local não identificado.

Como informa a reportagem citada, o fotógrafo havia conhecido Pelotas em 1990 e voltou em setembro de 2002, ficando cinco dias para fazer os registros. Declarou-se impressionado com a arquitetura eclética ainda preservada, especialmente com os prédios do entorno da praça Coronel Pedro Osório, a Caixa D'água e a Santa Casa.

– Foi o local em que mais gastei filme. O que vocês têm aí não se encontra mais em local algum.

Sobre o trabalho de Mascaro, há uma análise crítica escrita por Ferreira Gullar: A cidade oculta. Veja biografias do fotógrafo segundo a Wikipédia e o portal FUNARTE.
Imagens da web

domingo, 12 de maio de 2013

Memória da Moda


Esta quarta (15), dentro da 11ª Semana Nacional de Museus (13-19 de maio; v. programação em Pelotas), o Museu da Baronesa inaugura a exposição "Memória da Moda". Preparando a montagem, a casa ficará fechada ao público nos três dias prévios.

A abertura da exposição, às 18h, inclui a palestra "Vestígios do vestir: notas para uma história da moda em Pelotas", com o professor Raphael Castanheira Scholl. A mostra poderá ser visitada a partir da quinta (16), e permanecerá por três meses e meio, até 31 de agosto.

No sábado (18), Dia Internacional dos Museus, a visitação será, excepcionalmente, das 9h às 18h, sem fechar ao meio-dia e com entrada franca. No mesmo dia, às 16h, haverá recital do violonista Pedro Di Azz no Salão Dona Sinhá (retirar senhas gratuitas no Museu).

Museu da Baronesa mostra móveis e roupas do século XIX.
O horário normal do Museu é, de terça a sexta, das 13h30 às 18h, e sábados e domingos das 14 às 18h (ingresso: R$ 2). Não abre às segundas-feiras.

O sítio do Museu da Baronesa não tem sido atualizado, mas há informações na página do Facebook e por telefone (3228 4606).

O Parque da Baronesa, onde se situa o Museu, está aberto todos os dias, com entrada livre.
Foto: C. Domingues

Todas as mães, segundo Simões

Acho eu que todas as mães são sempre muito amorosas e só pensam nos seus filhinhos: vejo-o aqui em casa. Às vezes estão aqui três, quatro comadres, vizinhas. Ou brancas ou caboclas ou pretas ou mulatas, todas elas se ocupam dos seus pequenos, falam das suas graças, nos vestidinhos que lhes querem fazer, nas doenças que eles têm tido. E sempre com tanto amor, tanto carinho, tanta alegria, tanta esperança!...

As cores das mães, as suas feições, os seus corpos, serão diferentes: uns feios, defeituosos, até disformes, ou serão agradáveis, bonitos; mas a voz, a voz das mães, quando diz "Meu filhinho!", é sempre suave, harmoniosa, doce, de consolação... Mas a da minha mãe ainda mais que todas!

Eu não sei pelo que é: às vezes minha mãe zanga-se comigo; um dia mesmo deu-me um cocorote... Mas eu logo me esqueci de tudo, e quando estou no colo de minha mãe não tenho medo de nada deste mundo, nem dum leão, nem  da fala grossa do seu Juca Polvadeira, o capataz da estância.

Quem é que na vida pode nunca esquecer a voz de sua mãe? Só mesmo as crianças que a tenham perdido quando ainda muito pequeninas, ou os maus filhos, os filhos ingratos. Até a siá Mariana já me contou uma história que diz que, quando a gente morre, a cantiga que os anjos cantam é a mesma cantiga que as mães cantam quando balançam os berços das crianças...

João Simões Lopes Neto


Texto: "Terra Gaúcha: Histórias de infância", escrito ao redor de 1906 (v. reportagem sobre o livro)
Foto: M. F. Soares


sábado, 11 de maio de 2013

"O Liberdade" no 5º Festival do Documentário Musical

Museu da Imagem e do Som foi uma das 5 salas paulistas que exibiram filmes do IN-EDIT Brasil.
De 3 a 12 maio, o festival mostrou 15 filmes nacionais, 29 internacionais e vários shows musicais. 

Imagem/somos

Registros momentâneos
Imagem sonho
Olho/olha

Elas aprisionadas não têm liberdade
Imagens/som

Cidade/meio/conteúdo
Tudo condensado no frame/fotograma

Registro do tempo social
Afinal ... polissêmica imagem cultural

Banhada no enquadramento
Banhada na trama daquele momento
Decorativa ... banhada em liberdade memorial

Imaginar/ação
Sonorizar o previsível/plausível
Signatários

Oh liberdade
Oh libertai-vos

Voz invisível
Vizinhos do acaso


Sábado, 11 de maio de 2013. 15h 30min. Museu da Imagem e do Som. O Liberdade. Um pedaço da cultura/música/cinema de Pelotas estava presente na mostra/festival internacional do documentário musical.

O catálogo da mostra abre com uma frase sugestiva: O mundo está cheio de grandes histórias. A arte é saber contá-las.

Rafael e Cíntia em São Paulo hoje (11)
E dois diretores de cinema contaram uma história de Pelotas para uma plateia que ao final os aplaudiu/agradeceu/questionou.

Os questionamentos ficaram por conta das técnicas utilizadas/escolhidas e também das minúcias no como entrevistar os atores sociais/personagens/indivíduos.

Os agradecimentos e aplausos foram pela qualidade do longa-metragem dirigido por Cíntia Langie e Rafael Andreazza.

A música popular pelotense/brasileira foi o mote e fio condutor que introduziu habitantes/personagens característicos da nossa cidade. Nossos costumes ficaram claros nas intenções estéticas/artísticas do documentário.

O bar/restaurante/salão de dança em questão torna-se um microcosmos que expressa de maneira local/regional uma universalidade/humanismo latentes em todos os vilarejos/cidades/metrópoles.

Ficou claro que temos uma Pelotas que não se conhece, que não se explora. Muito aumentou o movimento do Liberdade após o filme, contou o diretor. Mas anos antes do filme o bar já produzia cultura e música de qualidade, completou ele.

Pelotas precisa buscar-se e fazer justiça a sua fama de cultural e efervescente. Nós temos história, temos passado e precisamos olhar nosso presente.

As imagens mostram uma comunidade em torno do bar Liberdade. E isso foi imageticamente preservado durante as filmagens, pois é como se a rotina do lugar não tivesse sido mexida pela câmera/operadores/equipe de áudio. Inclusive, no bate-papo com os diretores, foi citado o uso de abajures para iluminar sem interferir no ambiente.

Eles filmaram sua aldeia e falaram automaticamente do mundo. Mostraram uma cidade que a própria cidade não via.

O LIBERDADE. Um documentário sociológico/antropológico/artístico muito bem costurado na edição, que remete a uma cidade chamada HUMANIDADE.

Nathanael Anasttacio


Por 39 anos, Liberdade mereceu o nome.
Desde 9 de fevereiro de 2013, o Liberdade não abre mais à noite. Após a tragédia de janeiro em Santa Maria, as autoridades pelotenses interditaram quase todas as casas noturnas da cidade por não ter adequada prevenção de incêndios (v. notícia oficial).

Lamentavelmente, o reduto pelotense do chorinho não pode reverter a situação (mais por questões jurídicas do que financeiras), e ainda ninguém intercedeu pela reabertura do bar, que foi também reduto da liberdade (desde 10 de maio de 1974), no fim dos "anos de chumbo".
Imagens: N. Anasttacio (1-2), Secult Jaguarão (3), R. Marin (4)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mostra do Grupo de Bagé (1950-1955)

"Fazendo marmelada", linoleogravura de Glênio Bianchetti (1952)
De 16 de maio até 30 de junho, o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo exibe a exposição “Grupo de Bagé”, dentro das comemorações da Semana dos Museus no Brasil (18 de maio é o Dia Internacional dos Museus). Abertura na quinta (16) às 19h. A curadoria é coordenada por Helena Kanaan, professora do Centro de Artes da UFPel. A informação foi publicada na internet sexta (3), pela Revista da UFPel, nº 34

O Grupo de Gravura de Bagé foi formado pelos gravuristas Glauco Rodrigues (1929-2004), Carlos Scliar (1920-2001), Glênio Bianchetti (1928) e Danúbio Gonçalves (1925). A seguir, transcrevo trechos da matéria.


Glauco, Glênio, Danúbio e Carlos
O Grupo de Bagé teve seu início com músicos e escritores e originou um movimento pela modernização das artes no Rio Grande do Sul. Portanto, esta mostra é um resgate da memória da nossa história artística.

As gravuras produzidas pelo Grupo denotam um refinamento da técnica, levando o Rio Grande do Sul a ser referência de uma modernidade que marcou a história das artes plásticas no Brasil, tendo forte influência do expressionismo alemão, de Cândido Portinari e Lasar Segall.

A mostra reúne gravuras de 1950 a 1955, época em que o grupo se reunia nos arredores de Bagé. Instigados por questões sociais, os quatro artistas se engajavam em favor da paz mundial. No campo desenhavam as paisagens, os trabalhadores, os animais, captando os comportamentos de um lugar, tudo o qual ficou registrado como a atmosfera própria desse passado recente.

Gravura de Danúbio Gonçalves (1951)
Com isso também mantinham o pensamento democrático de não fazer apenas uma obra, mas com a possibilidade da matriz, multiplicá-la e atingir um número maior de apreciadores. A vivência em meio ao Grupo era um constante debate e uma escola de aprendizagem sobre a técnica da gravura.

A mostra no MALG é uma oportunidade para saber mais também sobre essa técnica, através da mediação e demonstração com matrizes de madeira (a chamada xilogravura) e de linóleo (não o original, que já não se fabrica) que resulta como linoleogravura. A maioria das obras expostas foram feitas a partir dessas matrizes.

As 30 gravuras foram escolhidas de um conjunto de cerca de 70 obras do acervo do Museu Gravura Brasileira de Bagé. Elas se encontravam em estado precário e foram há pouco restauradas por Naida Corrêa, com o patrocínio de uma entidade privada de Bagé, com a consultoria da professora Andrea Bachettini (ICH/UFPEL). As profissionais realizaram a restauração com criterioso zelo, de forma a permitir que a história da gravura gaúcha reconte aos visitantes de agora cenas típicas daquela época.

Em 1986, o Instituto de Letras e Artes da UFPel teve como professor convidado um dos artistas do Grupo de Bagé. Danúbio Gonçalves formou a primeira turma da Universidade com habilitação em Gravura, deixando ensinamentos de valor inestimável para os profissionais que hoje são docentes na instituição.

"O jogo do osso", linoleogravura de Glênio Bianchetti (1955)

Sobre o Grupo de Bagé, veja o artigo A formação do Grupo de Bagé, a pesquisa de Clélia Camargo Os Quatro de Bagé, nota e comentário no blogue Amoras Azuis, e o verbete na WikipédiaO sítio do Espaço Cultural da Maya registra algumas obras deste grupo. Pode-se procurar por cerca de 3 mil artistas visuais na Enciclopédia Itaú Cultural.

Imagens tomadas dos links acima

Duo Finlândia volta a Pelotas


Finlandia é um duo formado pelo argentino Mauricio Candussi e o brasileiro Raphael Evangelista. Fiéis a suas raízes, eles criam uma nova experiência musical mesclando ritmos tradicionais de suas nações com sonoridades eletro-acústicas, em violoncelo, acordeão e piano. É um duo que soa como mil, como disse um comentarista da MTV Brasil.
Vivendo em seus países e comunicando-se pela internet, compõem em conjunto e organizam, cada ano, desde 2010, um disco e uma turnê internacional. O começo foi pela América do Sul e Brasil (veja notícia do Gaia Brasil).

Em junho de 2011, vieram a Pelotas por primeira vez (vídeo acima), dentro do projeto Corredor Cultural, durante o festival Satolep Circus (v. notícia do E-Cult). Depois foi a vez da Europa.

Hoje (10) os dois animam o Pelotas Jazz Festival 2013 (v. programação) defronte ao Teatro Guarani, das 19h às 20h. Ouça mais de sua música no sítio FINLANDIA.

Alívio Imediato, teatro terapêutico

"Alívio imediato" estreou em outubro de 2012
“Alívio Imediato” é um experimento poético do aluno de Teatro Carlos Eduardo Pérola, sob a orientação do professor Adriano Moraes. A peça foi criada dentro do Núcleo de Teatro Universitário da UFPel e estreada em outubro de 2012.

Cada sessão admite 10 espectadores. Desde sua estreia, já houve sete apresentações, que foram presenciadas por cerca de 80 pessoas. Agora, ao longo de maio de 2013, encontra-se em nova temporada, sextas e sábados, sempre na sede do Núcleo (Andrade Neves 1149).

No primeiro ano do curso, Carlos já havia pesquisado o tema “O Trabalho do Ator com Síndrome de Asperger”. Trata-se de uma forma de autismo que altera a afetividade e a sociabilidade, mas não as habilidades de linguagem e fala (v. na Wikipédia).

O próprio acadêmico descobriu no teatro (antes estudava História) uma forma de enfrentar essa síndrome e desenvolver-se como pessoa. Com este experimento, ele propõe entre linhas que o teatro seja um modo de liberação para a pessoa com inibições emocionais e do comportamento.

Na peça teatral, ele obtém "alívio imediato" para algumas inquietações inerentes à síndrome. As palavras centrais são catarse e reabilitação.

De acordo à nota de divulgação (ver no sítio da UFPel), o experimento se realiza numa casa com vários quartos e salas, e o único ator conduz o público pelos cenários, à medida que constrói uma espécie de brincadeira linguística. Ele se diverte com a pronúncia, o movimento e o gesto concreto, sem se importar com os significados nem o idioma usado, envolvendo o espectador nessa diversão e originando, também neste, um "alívio". A atividade permite reflexões sobre a mentalidade infantil nos primeiros anos de vida e sobre a recuperação de transtornos psíquicos.
Andrade Neves 1149, Pelotas

O espaço teatral cria uma dimensão paralela à realidade e permite, assim, em jogos muito básicos, que se realizem fantasias e extravasem dificuldades pessoais. Portanto, esta criação experimental encontra-se mais próxima à psicopedagogia e à psiquiatria, analogamente ao Psicodrama, do que à área literária e dramatúrgica.

O experimento tem direção teatral de Adriano Moraes e Elias Pintanel; cenários e figurinos de Marcelo Silva. Informações e reservas para as apresentações: ufpel.teatro@gmail.com. Veja mais sobre Carlos Eduardo Pérola em seu blogue Alívio Imediato.
Imagens da web