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sábado, 27 de dezembro de 2014

Humanização do Hospital a través do amor

Asiladas do lar vicentino receberam a presença e os presentes do Papai Noel.
O Grupo de Humanização do Hospital Escola da UFPel informou no Facebook (24-12) sobre mais uma edição do Projeto Abraço de Natal, em visita às moradoras do asilo da Sociedade São Vicente de Paulo, na terça 16-12. Funcionários do Hospital levaram a alegria e a esperança ao lar feminino da rua Senador Mendonça, pela gratuidade da música, dos comes e bebes, sorrisos, conversa e gentileza.

Cada ano nesta época, os trabalhadores do Hospital Escola se organizam para comprar presentinhos para as senhoras da vila vicentina, a maioria idosas. A atividade é preparada pelo Grupo de Humanização e a Ouvidoria, e a entrega dos presentes é feita por um Papai Noel funcionário do Hospital.

A vibração rítmica do Grupo Medicação humaniza o trabalho do Hospital.
O encontro foi animado pelo Grupo Medicação, com a atuação do cantor Fábio Saraiva. O evento também teve a participação do personagem Don Juan, moço bem vestido e sedutor, que dançou com todas as senhoras. Foi uma tarde de abraços, animação e carinho, que emocionaram e gratificaram a todos os envolvidos.

O Hospital da UFPel (que já foi conhecido como "Hospital da FAU") contém diversos projetos permanentes, destinados a humanizar o ambiente médico, que habitualmente é preocupante, tanto para quem sofre a doença ou a cirurgia como para seus familiares.

Como todo problema de saúde também representa uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida, tanto do corpo como do espírito, o tratamento neste Hospital é oferecido num clima de carinho e expressão de sentimentos, o que se consegue por meio da música, das dinâmicas de grupo, da pet-terapia, de exposições de artes plásticas (o Corredor Arte, divulgado periodicamente neste blogue), de atividades de serviço e de encontro social, entre outras ideias criativas.
Voluntários do Hospital UFPel esbanjam carinho, dentro e fora da instituição.
Fotos: Facebook

domingo, 21 de dezembro de 2014

"O Caminho da Verdade", um presente com Arte

O Caminho da Verdade é, ao mesmo tempo, uma instalação de arte visual, formada por objetos móveis, e um instrumento para trabalhar a visualização interior, que na área da Arteterapia, dá origem a uma oficina de autoconhecimento. A instalação artística, o instrumento e a oficina foram criadas em 2008 pela artista e arteterapeuta portuguesa Cristina Poppe.

Esperança, figura do Caminho da Verdade
A instalação

Criada para a 1ª Bienal Internacional de Artes Plásticas de Montijo (Portugal, 2008), a instalação foi montada em duas partes:
  • uma mandala em espiral centrípeta, com 37 pés esquerdos, esculpidos em gesso, formando uma trilha em direção ao interior de si mesmo (abaixo), e 
  • um caminho curvo, formado por 24 pares de pés (veja aqui), sugerindo um caminhar em grupo. 
Cada objeto traz um desenho e representa um símbolo, e o conjunto pode ser reorganizado à vontade. O trabalho foi premiado na Bienal com 7500 euros (v. notícia).

O instrumento

O material do jogo é uma "caixa de sentimentos", que consta de um baralho de 85 cartas impressas com os símbolos da instalação. Estes pés servem para caminhar em direção da verdade, e cada símbolo representa um aspecto subjetivo da pessoa (gratidão, dor, missão, espiritualidade, liberdade, aceitação, humildade).

O instrumento psicológico pode ativar memórias íntimas, despertar o sentido da autoestima e elevar a consciência de si mesmo. Aplicado em oficina de grupo, o jogo inicia uma viagem emocional que permitirá retratar a verdade e o momento existencial de cada pessoa (também pode aplicar-se coletivamente ao grupo).

O material, que está em inglês e em português, pode ser comprado em Lisboa ou diretamente com a autora. No Brasil, a exclusividade de venda é do Ágape Espaço de Arte, e tem o valor de R$ 150 (R$ 142 à vista). Veja detalhes na página The Truth Path.

A atividade é indicada para quem trabalha com pessoas: psicólogos, educadores, arteterapeutas, terapeutas ocupacionais, psiquiatras, artistas, musicoterapeutas, orientadores espirituais. No Brasil, a oficina ainda não foi aplicada e está em fase de divulgação.

Além do jogo "O Caminho da Verdade", a galeria de arte JM. Moraes está com mais uma edição do Bazart, que oferece obras artísticas produzidas em Pelotas, de vários estilos, temáticas e técnicas, e alguns kits de materiais de arte, separados por técnicas. Os preços são acessíveis, e servem como sugestões para presentear, e para incentivar a criação.

A instalação "O Caminho da Verdade", premiada em 2008, deu origem a um jogo de autoconhecimento.
Imagens: Facebook

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

3ª Semana da Psicologia na UFPel

Michel Foucault protesta, em 1968, junto a Jean-Paul Sartre.
O curso de Psicologia da UFPel está organizando a 3ª Semana Acadêmica, a realizar-se de 17 a 21 de novembro de 2014, com o tema Psicologia em movimento: clínica, política e movimentos sociais. Em cada noite, dois temas serão tratados, dentro de um eixo de discussão. Antes das palestras, haverá oficinas (v. lista). Inscrições (R$ 15) na cantina da Leiga (Duque de Caxias 250) e informações na página da Semana Acadêmica.

A primeira edição foi feita quando a ainda única turma recém começara a funcionar. O anúncio saiu aqui no blogue, em outubro de 2011 (UFPel tem sua primeira turma de Psicologia). A 2ª Semana veio em 2013, com o tema "Saúde mental e diversidade" (v. programação).

O curso de Psicologia da UFPel ainda é bem novo, e está inserido na Faculdade de Medicina, Psicologia e Terapia Ocupacional. Desde o atual semestre de 2014, está em seu quarto ano de criação, devendo completar o currículo e o quadro de professores em 2016, quando a turma mais antiga entrar no último estágio profissional.
Fonte: Facebook

Eixos temáticos: Clínica  (segunda), Política (terça), Movimentos sociais (quarta-quinta).
POST DATA
13-11-14
  • As 4 oficinas serão realizadas no Ambulatório da Faculdade de Medicina, na sala de Intervenções do Núcleo de Neurodesenvolvimento da UFPel (atrás do campus da Leiga, em frente à rodoviária).
  • As oficinas serão nos 3 primeiros dias, antes das palestras: PSICODRAMA (segunda, 17-19h), SOMATERAPIA (terça, 16:30-17:30), APLICAÇÃO DE REIKI (terça, 18-19h) e MINDFULNESS (quarta, 17:30-19h). Esta última não aceitará pessoas atrasadas, para não prejudicar os exercícios de meditação, que requerem silêncio.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mostra das Oficinas de Criação Coletiva

A primavera natural, no olhar conjunto de Zenilda e Claudenir
O Corredor Arte apresenta, até esta terça (28-10), trabalhos das Oficinas de Criação Coletiva, projeto de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFPel. "O olhar de primavera", título da exposição, alude à presença visual de flores e paisagens coloridas, como na imagem acima, utilizada para o convite aberto.

Por outro lado, o olhar da saúde e do humanismo também pode mostrar a primavera como a fase de renascimento do ser humano, de seus sonhos, de seus sentimentos mais profundos. O sol poderia simbolizar o resgate da figura paterna, ou a iluminação da consciência, enquanto as flores no gramado sugerem a fertilidade interna, ou a aceitação de mudanças afetivas.

A atual apresentação das Oficinas traz, além das paisagens, algumas expressivas figuras humanas, como a introspectiva mulher com a boneca (esq.) e a mulher de preto com chapéu (abaixo). Cada artista projeta na produção gráfica os traços que ela mesma precisa recuperar: a maternidade, a sensibilidade, a subjetividade.

Como tem sido costume anual, uma exposição do Corredor recorda o Dia Mundial da Saúde Mental, o 10 de outubro, com a participação dos integrantes das Oficinas, tanto em trabalhos coletivos como em alguns individuais.

Aqui no blogue, informamos sobre mostras anteriores das Oficinas Coletivas (v. o artigo de 2012 Criação artística contribui à saúde mental e a postagem de 2009 Saúde é FundaMENTAL).

Direcionado a pessoas com transtornos mentais, o projeto busca restabelecer nelas o sentido de cidadania, mediante ações artísticas com apoio de equipes interdisciplinares, em nível de prevenção. Este ano, as oficinas tiveram a coordenação da artista Marta Fehn Fiss e das assistentes sociais Nilza Bertoldi, Lenara Stemalke, Anete Bertoni e Marlete Araújo.

Sem relação aparente com a primavera,
o preto sugere morte e eventual renascimento.
As sessões de trabalho nas Oficinas são acompanhadas por psiquiatras, que nas pinturas buscam identificar sentimentos e analisar traços de personalidade dos artistas-pacientes. Sobre a inclusão nestas ações artísticas, o residente em Psiquiatria Matheus Copi explica em que sentido elas são benéficas:
As oficinas possibilitam o convívio social dos pacientes, que muitas vezes ficam isolados em casa, e desta forma eles podem trabalhar em atividades diferenciadas.
As pesquisas apontam que a expressão artística, tradicionalmente realizada de modo individual, aumenta a realização pessoal e ajuda a melhorar e conservar a saúde mental. O uso da arte mostra que o processo criativo pode tanto reconciliar conflitos emocionais, como facilitar a autopercepção e o desenvolvimento humano.

No modo de criação coletiva, os participantes são estimulados a manifestar seu íntimo de diversas formas, e isto faz com que o grupo confraternize. Não só o diálogo de subjetividades, mas a necessidade de acordo para a expressão do sentimento comum, são fatores que levam a uma renovação mental e espiritual, que faria muito bem a qualquer ser humano, são ou enfermo, criança ou adulto.

Quando a força das cores se impõe por sobre a nitidez das formas,
a pessoa está mostrando que suas emoções não se submetem ao controle racional.
Imagens: Corredor Arte (1, 4), F. A. Vidal (2, 3)

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Dia do Psicólogo 2014, 7ª região

Esta manhã, o Conselho de Psicologia gaúcho (7ª zona nacional) emitiu a nota abaixo, "O Compromisso Social na Construção da Psicologia", sobre a importância atual dos psicólogos no bom desenvolvimento da sociedade brasileira (leia no portal do CRP). 

Sábado (30-08), a subsede Sul, que atende os profissionais de Pelotas e região, terá um programa de palestras sobre a atuação psicológica em diversas áreas. Confira as atividades do projeto A força do diálogo em 40 mobilizações, em razão dos 40 anos do CRP-RS e alusivas ao Dia do Psicólogo.

Também em Pelotas, a Sociedade Científica Sigmund Freud programou a palestra "Narcisismo e redes sociais", com o professor Ricardo Azevedo da Silva. Confira no vídeo abaixo o texto de Walmir Monteiro sobre o lado mais subjetivo e sensível do ser psicólogo no acompanhamento de pessoas.


Neste 27 de agosto, Dia do Psicólogo, o Conselho Regional de Psicologia destaca as mudanças pelas quais a profissão vem passando nos últimos anos.

Historicamente, a atuação dos psicólogos esteve restrita à Psicologia Aplicada, executada em consultórios particulares, escolas e empresas, e o trabalho dos psicólogos era acessado apenas por aqueles que dispunham de recursos para custeá-los.

Contudo, nas últimas décadas, a Psicologia tem proposto outros modos de atuação, compreendendo os aspectos subjetivos que são constituídos no processo social e que constituem os fenômenos sociais, através de práticas que se comprometam mais com a transformação da realidade de seu país do que com a adaptação das pessoas aos discursos de normalidade hegemônicos.

Assim, a partir da década de 1980 podemos identificar uma ampliação na forma de pensar e fazer Psicologia no Brasil, sustentada pela ideia de levar a profissão aonde houver demanda, em diferentes contextos, de modo que ela contribua para processos de democratização e garantia de direitos da maioria da população.

Este compromisso social assumido pela profissão está implicado diretamente na defesa das políticas públicas, na promoção dos direitos humanos e também nas formas de atuação mais tradicionais.

As práticas do psicólogo não repousam na neutralidade. Estão implicadas eticamente com as escolhas teóricas e técnicas que são feitas. São práticas que sempre colaboram com um projeto de sociedade. A Psicologia está a serviço de uma sociedade menos desigual e violenta, menos moralista e mais ética, menos normativa e mais plural.

O CRP-RS não trabalha apenas para psicólogos sociais ou institucionais, como às vezes é compreendido, mas por um projeto de sociedade na qual diferentes formas de ser e viver sejam possíveis. Para isso, aposta na sua força do diálogo e em ações de mobilização pelo estado.

Alessandra Xavier Miron
Psicóloga
Conselheira do CRP-RS


domingo, 15 de dezembro de 2013

"O Renascimento do Parto" já está em Pelotas


O documentário brasileiro O Renascimento do Parto será exibido em Pelotas, às 19h da segunda 16 e da terça 17, no CineArt (Shopping Calçadão). A organização do evento em nossa cidade é das mães e ativistas Tainã Soares e Tati Bastos. A entrada custa R$ 10.

O filme é um dos meios para criar consciência social sobre os benefícios do parto normal e os malefícios causados pela imposição das cesarianas nos hospitais.

Ainda não disponível em DVD nem na internet, já foi exibido em diversas cidades brasileiras, sempre buscando sessões especiais no circuito comercial, para dar mais visibilidade à campanha.

Após a sessão de estreia, será feito um debate com as profissionais Isane D'Ávila, psicóloga e doula, e Marilu Correa Soares, doutora em Enfermagem em Saúde Pública. Veja mais informação sobre o filme na postagem "O Renascimento do Parto" poderia vir a Pelotas, de 28-9-13.

sábado, 28 de setembro de 2013

"O Renascimento do Parto" poderia vir a Pelotas


"O Renascimento do Parto" é um documentário que questiona a realidade obstétrica no Brasil e no mundo, e defende nascimentos mais humanos e menos traumáticos (v. sítio do filme e página no Facebook). O projeto iniciou com financiamento exclusivo dos criadores, e optou pelo financiamento coletivo, para pagar os custos iniciais e para aumentar a divulgação. O filme está motivado por uma causa internacional, em prol da paz e de uma humanidade com melhor saúde e mais harmonia.

O longa-metragem surgiu no circuito comercial em 9 de agosto de 2013 e mediante ações virtuais já chegou à oitava semana em 30 cidades brasileiras, com cerca de 25 mil espectadores, sem ter contrato com redes de exibidores, somente com uma distribuidora. As "ações virtuais" incluem, além de um bem-sucedido crowdfunding, recados pessoais no Facebook e telefonemas aos donos de cinemas.

Os cineastas são o casal brasiliense Érica de Paula e Eduardo Chauvet (foto abaixo). Ela é psicóloga, doula e acupunturista e ele, apresentador do SBT, com formação em cinema (leia entrevistas com Érica para o blogue Mamatraca e a Revista TPM).

Eles dizem que só se requer boa vontade para promover a exibição do filme em qualquer cidade do Brasil (leia a explicação). Não há recompensas em dinheiro, mas sim a alegria de contribuir a uma causa justa.

Portanto, "O Renascimento do Parto" também poderá ser visto em Pelotas se alguém tomar a iniciativa de conseguir a sala de cinema e pedir a cópia aos diretores. Há 4 semanas já existe uma campanha inicial mediante a comunidade Eu quero o Renascimento do Parto em Pelotas.

O filme já foi inscrito em 4 festivais internacionais (EUA, China e Venezuela), proximamente será exibido na TV aberta e, mais adiante, ficaria disponível em DVDs. Mas pretende, antes, ser visto no cinema em mais cidades do Brasil.

Érica e Eduardo
No documentário, que defende a gestação consciente e do parto natural, alguns especialistas explicam as mais recentes descobertas científicas, que têm mostrado uma civilização que nasce sem os chamados "hormônios do amor", liberados apenas em condições específicas de trabalho de parto. 



Por exemplo, a psicóloga Laura Uplinger (filha de brasileiros e licenciada na Sorbonne), diz: "O nascimento clássico hospitalar traz, com a primeira transição forte de vida, a marca da violência" (v. entrevista na TV argentina em 2011).

No mundo moderno há um número alarmante de cesarianas ou de partos com intervenções violentas e desnecessárias, contrariando o que é recomendado hoje pela ciência (a OMS admite 15% de cesarianas num, país). Tal situação traz sérias consequências perinatais, psicológicas, sociais, antropológicas e financeiras (veja mais sobre o projeto no sítio Benfeitoria).


Fotos: Carol Dias (FB), GPS Brasília

POST DATA
22-10-13
Diário Popular publicou a reportagem Cesarianas viram epidemia e chamam à reflexão.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Três contra todos, o livro a três


O primeiro livro de André "Deco" Rodrigues vem sendo anunciado pelo Facebook desde outubro de 2012 e agora já pode ser lido completo. Em fevereiro de 2013 ele já estava pronto, segundo o Diário Popular. Haverá um pré-lançamento com autógrafos no Restaurante Madre Mia, hoje (25-9), e um lançamento formal na próxima Feira do Livro.

Em novembro de 2012, o autor liberou as primeiras 37 páginas (v. Facebook), que são pouco mais de um terço da obra, num saboroso adiantamento aos fãs. A ideia era contar um romance fora do comum e num formato atual, algo assim como um folhetim virtual. O mais "moderno" seria relatá-lo em tweets, mas o formato tradicional em papel se mostrou mais adequado: a história tem três narradores, que são os mesmos personagens que se enrolam num romance triangular.

O namoro a três contém 3 casais: 1 legal e 2 clandestinos.
Por sua alta dose "homo", há mais narcisismo do que união.
O escritor entrou na roda e terminou a história em cerca de um mês. Os capítulos são brevíssimos e os fatos que enredam Rafaela, Eduarda e Lucas deixam o leitor enredado com eles desde a primeira página, assim como começou a envolver virtualmente o público, meses antes da publicação.

Além dessas inovações de forma (na divulgação e no relato), Deco Rodrigues também lança seu primeiro livro com um conteúdo provocativo: o texto sugere, já no título, que o amor erótico, vivido com toda sua subjetividade emocional, passa a ser um ato político quando é praticado ante a sociedade. Quem namora dentro da tradição já briga com seus pais, mas quem desafia os padrões sociais começa uma guerra aberta contra todos, algo assim como a Revolução das Flores nos anos 60.

Na pós-modernidade do século XXI, o ousado é oficializar o triângulo, integrando o amante ao casal estabelecido. O terceiro, portanto, não é excluído, pois deseja aos outros dois (e não somente a um) e ao mesmo tempo é desejado por eles (e não somente por um). Complicado? Se Freud o lesse, veria aí o complexo do bebê que se sente afastado pelos pais... e que, na fantasia, deixa o voyeurismo e realiza a aproximação amorosa com ambos. Nessa leitura, trata-se de um casal e um filho.
"Vicky Cristina Barcelona" (Woody Allen, 2008) mostra dois triângulos consecutivos: no primeiro, Juan Antonio seduz as amigas Vicky e Cristina por separado (homem bígamo). Na trama central, o casal de Juan Antonio e María Elena seduz e é seduzido por Cristina (trio amoroso). Quando dois deles se reúnem, aparecem os conflitos; quando os três convivem juntos, reina a harmonia (v. trailer). 
Para isso se requer a postura homossexual das "amantes", motivo pelo qual é mais "fácil" que esse trio ocorra com duas mulheres. Uma reflexão pelo lado masculino é feita pelo gaúcho Nei Van Soria na recente música Tolerância. Já aludi às complicações de reunir dois homens atraídos por uma mulher, no post Jules e Jim, uma para dois, três para três).
Deco Rodrigues faz a narração a três vozes.
Manoel Soares Magalhães, que já descreveu o lado obscuro de nossa cidade, anunciou que "Três contra todos" promete revelar (desnudar) a noite pelotense (v. nota do Cultive Ler). Em "Vampiros" (2008) e "O homem que brigava com Deus" (2002), o escritor mostrou os sérios dramas emocionais de personagens noturnos e subterrâneos de Pelotas.

Sobre o livro de Deco, Nauro Júnior comentou que "Cinquenta Tons de Cinza é coisa do passado". Nauro é editor e fotógrafo do livro.

À venda nas livrarias: Mundial (Quinze de Novembro 564), Vanguarda (Gonçalves Chaves 374), Cia. dos Livros (Quinze de Novembro 559) e no restaurante Madre Mia (Santa Cruz 2200), na Isa Cestas (Dr. Cassiano 196) e na Danny Joias (Gonçalves Chaves 659 loja 4).
Fotos: Nauro Jr

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dia do Psicólogo 2013

O Dia do Psicólogo brasileiro é celebrado hoje (27) e reservou-se totalmente para as eleições do Conselho Federal de Psicologia (v. portal do CFP).

Por primeira vez as votações são pela internet, em dois dias (26 e 27), para os que já se cadastraram virtualmente, o que permitirá conhecer o número de votos no momento de fechar-se o processo de votação. Três chapas inscreveram-se para a diretoria do CFP.

O CRP-RS (7ª região) informou que os psicólogos poderão votar desde computadores pessoais se residirem na sede (Porto Alegre), nas subsedes (Caxias do Sul, Santa Maria e Pelotas) ou em cidades próximas (até 50 km). Também poderão fazê-lo na sede ou nas subsedes, onde haverá computador disponível (v. notícia).

Como de costume, cada região determinará como festejar a data nacional da profissão, e as atividades científicas ou festivas não deverão ser nos dias das eleições. Em 2013 comemoram-se 51 anos da lei que regulamentou a Psicologia no Brasil.

A Subsede Sul da 7ª Região, situada em Pelotas, promove no sábado 31-8 a II Práxis Psi, Jornada em Comemoração ao Dia do Psicólogo, para profissionais e estudantes (inscrições pelo site). O encontro será das 9h às 16h no Hotel Curi (General Osório, 719). Mais informações (53) 3227 4197 e pelotas@crprs.org.br.

Programação completa da II Práxis Psi:
Manhã
9h – Credenciamento e Abertura
9h30 – Mesa Psicologia Social
10h30 – Mesa Psicologia da Educação e Escolar
11h30 – Intervalo almoço
Tarde
14h – Mesa Psicologia e Saúde
15h – Mesa Psicologia Organizacional
16h – Confraternização pelo Dia do Psicólogo

Também em Pelotas, a Sociedade Científica Sigmund Freud programou para quarta (28-8) às 20h a palestra "Como é ser psicólogo", com Daiane Magalhães Studzinski, e às 21h uma confraternização, para profissionais e estudantes, sócios ou não, com entrada franca.


Imagem 1: Até o tálamo
Imagem 3: Glasbergen

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ciclo debaterá Psicanálise e cinema

Cada ano a Sociedade Científica Sigmund Freud organiza uma Semana de Psicanálise, ciclo de quatro ou cinco palestras sobre um tema central à luz das teorias de Freud e outros autores. Em 2013 a escolha tomou uma direção diferente: por primeira vez a Semana tomará certos filmes como inspiração para focar em temas psicanalíticos.

O livro "Life of Pi" baseou-se no conto
de Moacyr Scliar "Max e os felinos"
(v. análise da polêmica)
Terça 20: “As Raízes da Criatividade”, com Jorge Velasco, Psicanalista.
Baseado no filme "O Reencontro" (The magic of Belle Isle, EUA, 2012)
[veja aqui o filme completo dublado]

Quarta 21: “Aventuras da Psicanálise”, com Catherine Lapolli, Psicanalista.
Baseado no filme "Aventuras de Pi" (Life of Pi, EUA, 2012).

Quinta 22: “Quem matou? Quem morreu? O que morreu? E o que sobreviveu”, com Bruno Salésio Francisco, Analista Didata.
Baseado no filme "Precisamos falar sobre o Kevin" (We need to talk about Kevin, EUA-RU, 2011).
Veja abaixo o filme completo legendado.

Sexta 21: “Diz-me o que olhas, que eu te direi quem és”, com Luiz Marcírio Machado, Psicanalista.
Baseado no filme "O segredo dos seus olhos" (El secreto de sus ojos, Argentina, 2009).
[veja aqui o filme completo, sem legendas]

Todos os encontros são às 20h, na sede da Sociedade (Princesa Isabel 280), e são gratuitos para os sócios (mensalidade R$ 30).
Cada encontro: Estudantes R$ 20, Profissionais R$ 35.
O ciclo completo: Estudantes R$ 60, Profissionais R$ 120.

"Precisamos falar sobre o Kevin", legendado completo, 1h 47 de duração

domingo, 18 de agosto de 2013

Psicóloga cria mandalas e desenhos em vidro

"Lucidez", mandala sobre vidro (25 cm) de Maria Helena Conceição Silveira
Com a exposição “Aventura das Cores”, a psicóloga Maria Helena Conceição Silveira se iniciou na exploração do mundo da arte. O Corredor Arte do Hospital Escola UFPel mostrou, em julho de 2013, as pioneiras obras desta novel artista: mandalas e desenhos pintados sobre vidro.

Mandala dos 7 Chacras, pintura sobre vidro (25cm)
Maria Helena baseia seu trabalho nos estudos de Carl Jung (1875-1961), psiquiatra suíço que formulou o conceito de inconsciente coletivo e, entre outras coisas, descobriu que as mandalas expressam conteúdos interiores do ser humano.

Jung viu que seus pacientes produziam, de forma espontânea, desenhos de mandalas, sem ter conhecimento anterior sobre elas. Segundo ele, isso significa um progresso no caminho do autoconhecimento e da individuação. Ele observou o efeito de autocura das mandalas, inclusive em si mesmo, e verificou uma dupla eficácia destes desenhos: enriquecer a ordem psíquica, se ela já existe, ou restabelecê-la, se ela desapareceu.

A psicóloga entrou no terreno da criação depois de um longo tempo de encantamento com a pintura, como observadora do que outros faziam. Para começar a construir, escolheu a transparência do vidro como suporte e a exploração de conteúdos internos como conteúdo.

"Noite", pintura sobre vidro (30x20cm)
Para ela, a pintura no vidro lança o desafio e a liberdade de deixar as cores seguirem seu rumo e seu ritmo. Ela declarou o seguinte, como reflexão sobre seu método:

— Mesmo quando faço um falso vitral, com um contorno pré-definido, eu preciso deixar a tinta livre para poder seguir seu curso e se aconchegar nas margens que a delimitam. Se eu não conseguir me conter nessa interferência, as cores não me darão uma boa resposta. E este é um dos grandes lances da vida. Como me segurar ante a vontade e o condicionamento cultural de controlar racionalmente o que estou pintando?

Maria Helena garante que em todas estas vivências, a satisfação é indescritível.

— Qualquer um de nós que tenha afinidade com esses materiais (tintas, cores, pincéis, vidro) pode também arregaçar as mangas, abrir as janelas da casa e da alma para ventilar os resíduos tóxicos das tintas e dos entraves pessoais, como o medo de tentar, a ideia pré-fabricada de não ter condições, de não ter criatividade, e se lançar na aventura das cores.

"Tarde de inverno", pintura s/vidro (15x20cm)
Para a psicóloga, as cores e seus significados são fundamentais. Segundo a cromoterapia, todas as cores têm propriedades que nos afetam diretamente, tanto física — cada cor vibra em um órgão, reequilibrando-o, de forma curativa — quanto emocionalmente, interferindo em nosso humor e nosso ânimo.

Sobre o Corredor Arte, Maria Helena filosofa:

— Sabe quando a gente vai caminhando, envolvidos em sentimentos desconfortáveis, de tensão, preocupação, medo, muitas vezes sem perceber com muita nitidez o que se passa à volta? E aí, repentinamente, somos surpreendidos por algo fora de nós que nos puxa para outra gama de sentimentos? E, momentaneamente, ficamos absorvidos por esses outros estímulos “do bem” e quando retomamos nossa caminhada, parece que estamos um pouquinho mais aliviados... Eis um dos objetivos de um espaço de arte dentro de uma instituição em que muita alegria e realização acontecem. Mas também, onde passamos por situações desafiadoras.

Maria Helena Conceição Silveira
— O Hospital Escola merece parabéns por manter essa prioridade e por valorizar tudo isto que o Corredor Arte representa. Manter por tantos anos, um espaço de arte dentro do Hospital, se constitui num esforço persistente de fazer valer o olhar para o belo, para a criatividade, tornando possível aos que ali passam, uma pausa para conectar com outras sensações, um estímulo à conexão consigo mesmo, auxiliando na superação dos momentos difíceis, fazendo crer que é possível otimismo e alegria, mesmo que talvez numa das situações mais complexas e desafiadoras da vida.

Texto e foto da artista: Agência Completa
Imagens das obras: F. A. Vidal:

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Programa sobre o Dia do Homem

O vídeo mostra o programa Entre Nós da quinta passada (18-7) na TV Cidade, em que a jornalista Fernanda Puccinelli conduziu um diálogo de uma hora com o músico Toni Konrath e o psicólogo Francisco Vidal, sobre a realidade atual a propósito do Dia Nacional do Homem. A Wikipédia registra os objetivos do Dia Internacional do Homem, apoiado pelas Nações Unidas.

domingo, 21 de julho de 2013

Psicanalista José Outeiral, 65 anos

O psiquiatra e psicanalista José Ottoni Outeiral morreu neste sábado (20-7) em Porto Alegre, após três anos de luta contra um câncer pulmonar. Aos 65 anos, ele precisou de uma cirurgia por uma intercorrência intestinal e não pôde superar as complicações pós-operatórias. A notícia foi dada no mesmo dia pelo portal de notícias G1, e domingo pelo jornal ZH (v. matéria).

Outeiral no Café Filosófico, em 2008
Estudioso de Winnicott, Outeiral escreveu Adolescer, livro que originou uma peça de teatro que está em cartaz há 11 anos e já teve 500 mil espectadores, em Porto Alegre (veja o sítio da peça Adolescer). No sítio de José Outeiral são citados 25 livros em que ele participou e podem ser baixados 102 textos do psiquiatra.

Outeiral seguiu sua formação no Instituto de Psicanálise de Pelotas, mesmo residindo em Porto Alegre. Aqui concluiu a formação, e continuou frequentando a Sociedade Psicanalítica de Pelotas, da qual foi membro e analista didata. Não deixava de vir a Pelotas para lançar seus livros e palestrar cada vez que o convidassem, assim como pelo resto do Brasil.

Em maio de 2013, o Caderno Vida de ZH iniciou uma nova fase com 8 colunistas tratando de dois temas principais: "Minha Vida" e "Nossos Filhos" (v. detalhes). Outeiral foi o estreante deste último, e chegou a publicar o artigo A importância de dizer "não".

Em novembro de 2008 ele participou numa edição do "Café Filosófico" sobre o tema "família contemporânea" (confira vídeo do programa e artigo do palestrante). Veja, abaixo, a primeira parte do programa Conexão Futura em que Outeiral foi entrevistado no Rio de Janeiro, em 2011 (na 2ª parte do programa, perguntas ao vivo do público).


Imagem: Flickr CPFL Cultura

POST DATA
25-7-13

  • Foi anunciado para hoje (25) um minuto de silêncio em homenagem a José Outeiral na abertura da 3ª Conferência Internacional de Psicanálise, em Fortaleza (CE).
  • Sábado (26) haverá oração por ele em duas missas: na Igreja do Perpétuo Socorro, em Brasília, e na Igreja das Irmãs Missionárias, em Fortaleza (em ambos casos, às 19h).
  • Domingo (27), missa às 18h30 na Igreja da Ressurreição, em Porto Alegre (Colégio Anchieta).
  • Em agosto (sábado 17), filme "Milongas" seguido de debate sobre memória e sobre o encontro com o dr. Outeiral (Rua Japuanga 235, São Paulo).

segunda-feira, 18 de março de 2013

A voz do corvo: "Nunca mais".

Aves de mau agouro há  em todo o mundo,
e falam em todos os idiomas.
A artista plástica e professora da UFPel Adriane Hernandez participou, em outubro de 2009, da primeira exposição na antiga Cotada, a "Arte no Porto III", organizada por José Luiz de Pellegrin.

Talvez ao observar o prédio num estado de abandono de décadas ocorreu-lhe a expressão "nunca mais", do poema-relato "O Corvo" (The Raven), de Edgar Allan Poe (veja tradução de Fernando Pessoa).

Adriane não podia trazer aves falantes nem longos textos, mas atualizou em nossa realidade a frase agoureira, que em si mesma sintetiza muitos significados, e serve de resposta em espelho a muitas perguntas e desejos humanos.

Junto ao poder de síntese e ao realismo interativo do objeto em exposição, a artista tocou num dos temores de fracasso mais íntimos do ser humano, o da solidão perpétua. No momento e lugar menos pensado, um bolinho da sorte pode dizer-nos que será realizado nosso maior medo.

A temida frase do corvo é vivida cada dia,
 pelas almas depressivas.
Adriane jogou também com o elemento surpresa, essencial na literatura e valorizada pelas artes visuais que incluem a interação com o espectador. Acrescentou a isso a conexão auditiva com a frase do poema, ressignificando um conteúdo trágico como tragicômico.

Uma boa tese literária poderia relacionar a vida e a obra de dois poetas depressivos e mal-sucedidos: o americano Poe (1809-1849) e o nosso Lobo da Costa (1853-1888), falecidos de modo triste e prematuro. O paralelo foi proposto por Mozart Victor Russomano no discurso "O drama de Lobo da Costa", para o centenário do poeta (1953).

O material usado no trabalho de Adriane Hernandez foi um dispensador de senhas com pé de apoio, desses que davam número para espera em filas de bancos e lojas bem organizadas. Em vez de senhas numéricas, que deixavam a esperança de ser atendido em certo tempo, aqui lemos a resposta padrão, fria e definitiva: "Nunca mais".
Fotos: F. A. Vidal

sábado, 16 de março de 2013

UCPel pesquisa sobre qualidade psicológica de vida

Os psicólogos Karen Jansen e Luciano Dias de Mattos Souza apresentaram dados da pesquisa sobre depressão e qualidade de vida de jovens, que eles vêm realizando há anos no Laboratório de Saúde Mental da Universidade Católica de Pelotas. A exposição foi feita na Aula Inaugural do curso de Psicologia, nesta quarta (13), no auditório do Campus I (v. notícia do portal da UCPel).

Hoje doutores em sua área, Karen e Luciano obtiveram licenciatura e mestrado na Católica de Pelotas e atualmente são professores do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento.

Conforme Karen, o objetivo do encontro com os estudantes foi aproximá-los do Programa de Pós-Graduação, que tem os níveis de mestrado e doutorado. Luciano destacou a importância da pesquisa nos projetos de saúde que atendem a população e a contribuição dos alunos na formação do conhecimento.

Dra. Karen Jansen
Estes estudos geram publicações em revistas nacionais e internacionais (leia um dos recentes artigos). Karen ainda explicou à reportagem da UCPel que esta ampla pesquisa suscitou outras demandas e novos projetos vinculados com o Serviço de Psicologia (leia outro artigo dos mesmos autores). Daí a importância de que mais psicólogos participem nesse trabalho de equipe, em benefício da população e do avanço científico.

O mestrado em Saúde Mental foi o primeiro da Universidade Católica, fundado em 1995 por professores do Curso de Psicologia, e dele derivou em 1999 o mestrado em Saúde e Comportamento. Na época, todo o projeto foi reformulado, buscando integrar diversas áreas da saúde, aumentando a procura por parte de médicos, nutricionistas, fonoaudiólogos. No início, psiquiatras e psicólogos eram uns dois terços dos que buscavam o curso; hoje são a outra porção: cerca de um terço.
Fotos: UCPel

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Homem cuida de 160 cães abandonados

A TV Nativa levou ao ar em dezembro de 2012 esta reportagem sobre Jaime Mendes, que por meios próprios cuida de quase 160 cães abandonados e pede ajuda da comunidade para continuar com o que ele chama de trabalho. Além de sentir compaixão pelos animais maltratados e tentar alimentá-los, ele se queixa e se defende de muitas críticas à sua atitude de excessiva dedicação.

Neste caso, a obsessiva acumulação de animais encontra-se ainda no início, pois o jovem tem um emprego próprio e consegue coletar alimentos mediante doações. No entanto, não tem conhecimentos nem recursos para organizar uma entidade beneficente, e já está entrando em conflito com pessoas (desinformadas e intolerantes) que o consideram fanático e pretendem corrigi-lo.

Para não perder o equilíbrio pessoal em casos assim, é conveniente reconhecer as próprias dificuldades emocionais, as quais podem levar uma pessoa a identificar-se com animais abandonados (leia sobre a síndrome dos acumuladores), e organizar o colecionismo de modo racional e eficiente (não caótico nem compulsivo). Se o cuidador não se cuida a si mesmo, os seres "cuidados" (sejam humanos ou animais) sofrem tanto como se estivessem sozinhos. Até mesmo uma pessoa com boas intenções pode ser denunciada por maus-tratos.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cisne negro ou cisne branco

O 3º ciclo Filosofia e Cinema (v. nota) debateu, ao longo de 2012, sobre filmes com temática psicológica, especificamente as várias formas de loucura, algumas de origem social e manchando os psiquismos, e outras saindo das entranhas do indivíduo e atrapalhando a sociedade (v. lista dos 30 títulos).

Na penúltima sessão, sexta 30 de novembro, o público viu "Cisne Negro" (2010), dirigido pelo norte-americano Darren Aronofsky. Após a projeção, por mais 45 minutos o público discutiu sobre os significados do filme, com a condução da mesa: o coordenador do ciclo, Luís Rubira, e o psicanalista Jorge Velasco (última foto abaixo), que começou comentando as implicações psicológicas da história.

Nina é uma bailarina destacada, totalmente dominada pela mãe, e que se vê desafiada a desempenhar dois papéis contrapostos no balê de Tchaikovsky O Lago dos Cisnes: a branca Odette e a obscura Odile, transformadas em cisnes e competindo pelo amor do príncipe Siegfried.

A história do filme transcorre em narração paralela ao roteiro do balê clássico, com as meninas em conflito em torno ao diretor: conflitos internos da bailarina central (que imagina uma competidora) e conflitos entre as outras bailarinas, preferidas ou abandonadas pelo mesmo diretor.

A história também elabora o final trágico do balê: neste, os amantes morrem um por causa do outro (como em Romeu e Julieta, de Shakespeare) e no filme, a protagonista fracassa em sustentar a divisão interna para representar os dois papéis.

A falta de contato com a realidade e a dominação sofrida pela mãe narcisista fazem que Nina, despertada para o Cisne Negro dentro de si mesma, queira eliminar o lado branco (que considera perigoso e poderia ser um falso self, na terminologia de Winnicott). O desejo de eliminar o que é perigoso está na base dos comportamentos humanos mais primitivos e origina também os crimes passionais, o terrorismo e a repressão do Estado à delinquência.

A fantasia da personagem quer manter vivo o lado negro, que o diretor valorizou nela, pela eliminação do branco. No entanto, sua mentalidade dividida não permite a unificação nem a sobrevivência da dupla (falsidade-verdade, bondade-maldade, perfeição-espontaneidade). Talvez tardiamente possamos descobrir que um falso self não morre nunca; somente é utilizado por um "verdadeiro self" que vem a despertar e assumir a condução da personalidade, antes banalizada por aparências e conveniências.

A bailarina consegue representar em sua mente e em sua carne a contraposição entre os dois cisnes (o que ela entende como "perfeição" e realismo total). No entanto, podemos aprender a viver e superar esse conflito de modos mais abstratos e inteligentes, sem atuações tão viscerais e definitivas que nos levem a um beco sem saída. O filme não mostra como se faz isto, pois seu roteiro apontava somente à fragmentação da débil estrutura de Nina.

Em momentos de crises de crescimento, o homem duvida entre o agradar neurótico (o bem branco) e o desabafar psicótico (o mal negro). Cada um lhe dá graus e formas diferentes de prazer e lhe falam ao ouvido como um anjinho e um diabinho, como a Bela e a Fera. As duas vozes são contraditórias, mas se preservam uma à outra, não se eliminam. São tendências da mesma pessoa.

Professor de Psicanálise Jorge Velasco (de branco),
em integrado diálogo com prof. Luís Rubira (de negro)
A pessoa que quiser o equilíbrio deverá fazer as duas partes dialogarem e conviverem, sem fugir nem se atacarem. Quem não conseguir essa convivência, ficará no chamado estado esquizofrênico.

De forma parecida, a sociedade não elimina o mal dentro de si ao eliminar os perversos e psicopatas, pois sempre surgirão outros. A repressão em grau médio mantém o sistema neurótico (com tensões e doenças), mas o recrudescimento da violência social e do Estado agravam a divisão mental e fazem os mais fracos explodirem em surtos psicóticos.

Sobre o mesmo filme aqui comentado, veja uma leitura junguiana e um comentário da Soc. Paulista de Psicanálise.

sábado, 13 de outubro de 2012

Criação artística contribui à saúde mental

O Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro) foi celebrado com arte no Hospital Escola: nesse dia o Corredor Arte montou uma exposição das Oficinas de Criação Coletiva, um projeto de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFPel. A mostra pode ser visitada até 29 de outubro.

As Oficinas de Criação Coletiva têm sentido terapêutico e preventivo, buscando reabilitar a inserção social de pessoas com sofrimento psíquico. O método usado são oficinas sócio-educativas, culturais, artísticas e de lazer. Tais atividades são interdisciplinares (atuam psiquiatras, assistentes sociais e artistas plásticos).

As reuniões são semanais e realizam-se em Unidades Básicas de Saúde e no Ambulatório Especializado da UFPel. Nesta exposição os trabalhos coletivos do grupo da Faculdade de Medicina foram orientados pelas artistas Nauri Saccol e Helena Badia.

A saúde mental inclui fatores tão importantes como a expressão de sentimentos e a busca de realização pessoal, e a criação artística ajuda de modo central nesses processos psicológicos. A arte como instrumento de cura ajuda a evidenciar e resolver conflitos emocionais, facilitando a percepção de si mesmo e abrindo caminhos de desenvolvimento pessoal.

Além dos efeitos de alívio interno e de ressocialização, as oficinas de artes desenvolvem talentos escondidos, que podem significar que a sociedade ganhe uma nova voz artística e que a pessoa encontre sua vocação ao dedicar-se de modo estável a sua produção.

Um desses casos é o de Ivo Gomes, usuário de um CAPS que em 2011 mostrou no Corredor Arte sua primeira produção (veja o post Primeira individual de Ivo Gomes).
Fotos: Corredor Arte

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sonhos, o filme de Kurosawa


Esta sexta (5) o Ciclo "A Filosofia e o Cinema Psicológico" exibe o filme "Sonhos" (Japão-EUA, 1990), de Akira Kurosawa (1910-1998), um dos diretores mais destacados na história do cinema. Nesta espécie de testamento artístico feito aos 80 anos de idade, ele repete suas preferências, coloca seus questionamentos de sempre e confirma sua admiração pela arte ocidental.

À base de sonhos e pesadelos que teve ao longo de sua vida, Kurosawa apresenta oito curtas que tratam temas diversos da infância, da idade adulta e do fim da existência. Em torno a angústias de morte e soluções fantasiosas, giram conceitos freudianos, junguianos e orientais.

Os trechos têm os seguintes títulos: Sol em meio à chuva, O pomar dos pessegueiros, A nevasca, O túnel, Corvos (abaixo), Monte Fuji em vermelho, O demônio chorão e O povoado dos moinhos. O vídeo (acima) mostra o capítulo "Corvos", uma expressa homenagem à cultura europeia da Belle Epoque, cujo centro era Paris (Van Gogh como personagem e Chopin no fundo musical).

Kurosawa reconstituiu quadro de Van Gogh, inserindo-se como personagem
O cinema norte-americano é praticamente uma personagem dentro deste segmento, com a aparição de Martin Scorsese falando inglês, uma citação visual ao special effect dos Pássaros de Hitchcock (Birds, 1963) e o emprego da moderna técnica gráfica da indústria de George Lucas, sem a qual este "sonho" não teria sido possível.

Campo de Trigo com Corvos, de Van Gogh (1890)
Imagens da web

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Semana de Psicanálise estuda a sexualidade

Hoje sexta (24) conclui a Semana de Psicanálise 2012 da Sociedade Científica Sigmund Freud, com o tema "Sexualidade, o ritmo que conduz a vida". Em quatro encontros, dois psicanalistas de Pelotas (Jorge Velasco e Hémerson Mendes) e dois vindos de Porto Alegre (Patrícia Rocha e Luís Marcírio Machado) falam sobre a sexualidade no homem, na mulher, no adolescente e na criança.

O cartaz de divulgação utilizou a imagem "Nascimento de Vênus", pintura de 1879 do francês William Adolphe Bouguereau (abaixo). Apesar do nome, a obra mostra a deusa do amor e da beleza feminina já adulta, em posição sedutora e envolvente, pronta para o sexo. Vênus (Afrodite é o equivalente grego) nasceu de uma concha de madrepérola, gerada pela espuma do mar. Utilizou seu filho Cupido (Eros) para prejudicar Psiquê, bela princesa mortal, que na tradição representa a alma humana (veja a história de Cupido e Psiquê). Na pintura, eles são as duas crianças sobre o golfinho que conduz Vênus.

O psicanalista Luís Marcírio Machado fecha a Semana de Psicanálise com a palestra sobre sexualidade infantil, um tema que hoje não escandaliza, mas que provocou brigas científicas quando de sua proposta por Freud em Viena, nos últimos anos do século XIX.

Marcírio fez sua formação na Sociedade Psicanalítica de Pelotas, entidade nascida nos anos 80, com forte ligação à Sociedade Sigmund Freud. O núcleo psicanalítico de Pelotas é ainda hoje o único no Brasil que existe em cidade do interior (todas as outras se encontram na capital de seu Estado), e segue formando psicanalistas, seguindo as linhas freudianas da IPA (Associação Psicanalítica Internacional).

Por sua parte, a Sigmund Freud oferece desde 1981 uma especialização em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica (pós-graduação lato sensu de 3 anos). O antigo nome do curso, modificado há dois anos, era "Teoria e Técnica Psicanalítica Aplicada à Psicoterapia". Seus requisitos essenciais são: presenciar seminários e supervisões, seguir psicoterapia pessoal e apresentar um trabalho escrito de conclusão.
Imagem: Wikipedia