Sobre este trabalho, a professora Loiva Hartmann escreveu o seguinte:
A palavra em quaisquer de seus suportes: esse é o insight do talento de Nathanael Anasttacio. Multimidiático, percorre quaisquer desses caminhos com desenvoltura. Seus poemas têm a energia e a indignação do jovem diante de uma sociedade em desestruturação. Ou será que sempre foi uma grande farsa e, hodiernamente, diante de tantos meios de exploração da realidade, a farsa está mais exposta?
A literatura é o reflexo da trajetória de um povo. E o jogo proposto por NAnasttacio, numa linguagem despojada e atrevida, própria dos jovens, desnuda o escrevinhador engajado em sua realidade, com a coragem necessária para a denúncia, mas, com a ternura característica que traduz o talento literário. Convido o prezado leitor a me acompanhar nessa prazerosa leitura.
O estupro da minha inocência
Despindo-me de tudo que acreditava
Meu psiquiatra fala que é um processo natural
Eu acho de muito mau gosto a piada
A violência com que o viver me pegou
Um toque áspero e um perceber estranho
Uma sensação de medo profundo
Medo de que nada aconteça
Medo de que os culpados sejam os inocentes de ontem
Medo de que tudo que me foi ensinado esteja errado
A beleza do que havia visto um dia ... sumiu
Enterrada sob camadas de leituras sensoriais possíveis
E só agora vejo isto ...
E então percebo que minha pureza não resistiu
Fui me distorcendo de tal forma
Que o que é feio passou a ser belo
E o passar dos entendimentos foi crescendo
Tornando a realidade uma estante vazia
Quem mais não viu ?
Pois todas as testemunhas disseram estar dormindo
Enquanto meus olhos eram rasgados e o mundo vinha invadindo
Ninguém viu ... ouviu ... ou refletiu sobre isso
Sobra para a vítima o silêncio sobre o ocorrido
Se seus olhos não tivessem sido abertos
Como enxergar o que se deixou para trás ?
As malas
A chave na porta
O carro na calçada
Quem era livre ... hoje em dia não é mais isento
E a inocência sinceramente ... era o que dava beleza
A esse caos insano
A violação dos padrões aceitos
Quando se polui as normas e transgride as regras dos modos
Sem nunca desconstruir a regra do tempo
O que nasce ao seu tempo ... tem o tempo de evoluir
E na minha inocência
Só queria mudar o mundo ...
Aquele mundo que só existia
... na minha ignorância
Nathanael Anasttacio
Fotos da web
Um comentário:
Nathanael. teu livro chegou aqui na VAng de RG. To curtindo, muito bom teu trabalho e o melhor é que é poesia social, engajada... ótimo!
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