Crônica de esportes de Gian Amato conta, mais uma vez, a história do jovem gaúcho que, em 1953, em concurso nacional, desenhou uma proposta de camiseta para a Seleção, e ganhou. Deu no jornal O Globo de hoje (20). Artigo recomendado por professor Minduim no Livro das Caras. FACEBOOK O GLOBO
Segundo a Wikipedia em inglês, Schlee é um desenhista brasileiro de camisetas esportivas, nascido em 1935. Na verdade, nasceu em 22 de novembro de 1934. Desde os 14 anos de idade até pouco antes de aposentar-se pela UFPel morou em Pelotas. Na Wikipedia em espanhol também é apresentado como escritor bilingue. Leia sobre o Maracanaço de 1950, quando o Brasil sediou a primeira copa depois da Segunda Guerra Mundial e sofreu inesperada derrota ante o Uruguai.
Segundo a Wikipedia em inglês, Schlee é um desenhista brasileiro de camisetas esportivas, nascido em 1935. Na verdade, nasceu em 22 de novembro de 1934. Desde os 14 anos de idade até pouco antes de aposentar-se pela UFPel morou em Pelotas. Na Wikipedia em espanhol também é apresentado como escritor bilingue. Leia sobre o Maracanaço de 1950, quando o Brasil sediou a primeira copa depois da Segunda Guerra Mundial e sofreu inesperada derrota ante o Uruguai.
Camisa canarinho da seleção completa 60 anos nesta segunda. Criador do uniforme, o brasileiro Aldyr Schlee torce pelo Uruguai e lembra da final de 1950
RIO - A paixão pelo futebol desconhece fronteiras. Ao cruzar, ainda criança, a ponte entre as cidades de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e Rio Branco, no Uruguai, o brasileiro Aldyr Schlee encerrou qualquer dúvida existente em seu coração dividido e passou a torcer pela Celeste Olímpica. Até aí, tudo bem, é um fato normal naquela região. A não ser por um detalhe: Aldyr é o criador da legendária camisa Canarinho, uniforme número 1 da seleção brasileira, apresentado ao mundo pela primeira vez há 60 anos, em 20 de janeiro de 1954.
Antes de Carlyle ser o primeiro jogador a vestir, na apresentação do uniforme, a camisa com a qual a seleção viraria lenda (até então, o Brasil jogava de branco), Aldyr era um jovem de 18 anos entusiasmado com o desenho e o futebol. Fazia ilustrações dos gols que ouvia no rádio. Ao saber do concurso promovido em 1953 pelo jornal carioca “Correio da Manhã”, ele criou três modelos, que farão parte de uma exposição em Porto Alegre, em junho, no Museu dos Direitos Humanos do Mercosul. O Canarinho venceu mais de 200 concorrentes.
— Hoje, reconheço que a camisa Canarinho tem um significado maior do que eu poderia ter imaginado. Apesar de algumas modificações ao longo do tempo, 60 anos se passaram e a essência está intacta. Não é comum, ainda mais quando se conhece o autor do “crime” — disse brincando Schlee, por telefone, da cidade gaúcha Capão do Leão, onde vive atualmente.
O autor do tal “crime” nasceu em 1935 na isolada Jaguarão. Por estar a 200 metros do Uruguai, e a 389km de Porto Alegre, Jaguarão propiciava a Aldyr o contato com um canal de comunicação inédito dentro e fora dos campos. A transmissão da Rádio Nacional só era viável à noite, enquanto as emissoras uruguaias eram onipresentes. As revistas e os jornais brasileiros, chegavam três ou quatro dias após a rodada do fim de semana. Em uma época sem internet, era impossível para os veículos brasileiros concorrerem com o “El País”, disponível na segunda-feira em uma banca perto da casa de Aldyr.
— Eu sou meio uruguaio. Dependíamos do Uruguai para tudo, do atendimento odontológico às informações sobre futebol, que eram fundamentais para mim. Então, eu me tornei torcedor do Nacional, no Uruguai, e do San Lorenzo, o time do Papa Francisco, na Argentina. E torço para o Uruguai até hoje — declarou Schlee, sem se importar com o fato de preferir a Celeste:
— Isto é muito particular. Ninguém fica cobrando se alguém é América no Rio, não é?
Quando o Brasil foi eliminado pela Hungria de Puskás , em Berna, na Copa de 1954, na Suíça, Aldyr não ficou apreensivo pela possibilidade de associarem a derrota ao novo uniforme:
— A consagração da camisa canarinho se deve à qualidade do futebol apresentado pela geração pós-1954. Pude ver de perto, em 1953, que o ambiente entre os jogadores não era muto profissional — disse Aldyr.
Às vésperas da Copa, Aldyr evita fazer previsões. Em vez de torcer por um novo Maracanazzo, prefere a isenção, porque já teve sua partida dos sonhos. A final de 1950 está viva na memória:
— No dia do jogo, da final entre Brasil e Uruguai, eu estava em um cinema em Rio Branco. Como eu soube que tínhamos vencido a Copa? Era sessão tripla e, no meio da segunda sessão, com o cinema lotado, a projeção foi interrompida. Escutamos o barulho do lado de fora, e o locutor da sala anunciou que o Uruguai era campeão. Tocaram o hino e todos choraram.
No Brasil, também.
Antes de Carlyle ser o primeiro jogador a vestir, na apresentação do uniforme, a camisa com a qual a seleção viraria lenda (até então, o Brasil jogava de branco), Aldyr era um jovem de 18 anos entusiasmado com o desenho e o futebol. Fazia ilustrações dos gols que ouvia no rádio. Ao saber do concurso promovido em 1953 pelo jornal carioca “Correio da Manhã”, ele criou três modelos, que farão parte de uma exposição em Porto Alegre, em junho, no Museu dos Direitos Humanos do Mercosul. O Canarinho venceu mais de 200 concorrentes.
— Hoje, reconheço que a camisa Canarinho tem um significado maior do que eu poderia ter imaginado. Apesar de algumas modificações ao longo do tempo, 60 anos se passaram e a essência está intacta. Não é comum, ainda mais quando se conhece o autor do “crime” — disse brincando Schlee, por telefone, da cidade gaúcha Capão do Leão, onde vive atualmente.
O autor do tal “crime” nasceu em 1935 na isolada Jaguarão. Por estar a 200 metros do Uruguai, e a 389km de Porto Alegre, Jaguarão propiciava a Aldyr o contato com um canal de comunicação inédito dentro e fora dos campos. A transmissão da Rádio Nacional só era viável à noite, enquanto as emissoras uruguaias eram onipresentes. As revistas e os jornais brasileiros, chegavam três ou quatro dias após a rodada do fim de semana. Em uma época sem internet, era impossível para os veículos brasileiros concorrerem com o “El País”, disponível na segunda-feira em uma banca perto da casa de Aldyr.
— Eu sou meio uruguaio. Dependíamos do Uruguai para tudo, do atendimento odontológico às informações sobre futebol, que eram fundamentais para mim. Então, eu me tornei torcedor do Nacional, no Uruguai, e do San Lorenzo, o time do Papa Francisco, na Argentina. E torço para o Uruguai até hoje — declarou Schlee, sem se importar com o fato de preferir a Celeste:
— Isto é muito particular. Ninguém fica cobrando se alguém é América no Rio, não é?
Quando o Brasil foi eliminado pela Hungria de Puskás , em Berna, na Copa de 1954, na Suíça, Aldyr não ficou apreensivo pela possibilidade de associarem a derrota ao novo uniforme:
— A consagração da camisa canarinho se deve à qualidade do futebol apresentado pela geração pós-1954. Pude ver de perto, em 1953, que o ambiente entre os jogadores não era muto profissional — disse Aldyr.
Às vésperas da Copa, Aldyr evita fazer previsões. Em vez de torcer por um novo Maracanazzo, prefere a isenção, porque já teve sua partida dos sonhos. A final de 1950 está viva na memória:
— No dia do jogo, da final entre Brasil e Uruguai, eu estava em um cinema em Rio Branco. Como eu soube que tínhamos vencido a Copa? Era sessão tripla e, no meio da segunda sessão, com o cinema lotado, a projeção foi interrompida. Escutamos o barulho do lado de fora, e o locutor da sala anunciou que o Uruguai era campeão. Tocaram o hino e todos choraram.
No Brasil, também.
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