Fechado desde janeiro, o Hipódromo do Jockey Club de Pelotas (esq.) tem visto um renascimento das mãos de seu presidente Carlos Moreira Mazza (leia a nota).
O Diário Popular destacou o espírito otimista do acontecimento, simbólico da renovação de nossa cidade, e anunciou um Grande Prêmio para o domingo 5 de dezembro próximo (veja a notícia).
Neste domingo (21), a jornalista Gabriela Mazza escreveu, em seu blogue Adoro Melancia: diário de bordo do meu cotidiano, a emocionante crônica:
Criei-me correndo e brincando em meio às escadas e aos bancos do Hipódromo da Tablada. Minhas fotos de infância mesclam entre aniversários, natais, e fotos ao lado de cavalos, jóqueis e todo aquele universo que foi meu cenário de menina.
Posso dizer que, desde que me entendo por gente, meu pai faz parte dessa história. No ano passado, quando ele decidiu formar uma chapa e se candidatar à presidência do Jockey Club de Pelotas, fiquei receosa. Ele estava em plena luta contra um câncer, que já tinha levado seu rim direito.
Enquanto isso a antiga diretoria estava atolada em histórias muito malcontadas. O abacaxi não era pequeno e ainda por cima muito azedo. Cheguei a comentar se aquele seria um bom momento, já que imaginei que teria um desgaste além do imaginável. Pensei que não seria o melhor remédio.
Com seu estilo singular, meu pai me respondeu:
— Eu sou homem de morrer lutando!
Acatei sua decisão e durante este ano e meio o apoiei incondicionalmente. Foi uma árdua batalha pela revitalização do nosso querido “prado”. Liminares na Justiça e pressão por todos os lados.
Depois de muita água rolar por debaixo da ponte, este domingo foi marcado pela reabertura da Tablada. Apoiado por um grupo de fiéis escudeiros e pela força impressionante da minha mãe, eles conseguiram. O Jockey Club de Pelotas reconquistou a Carta Patente, ganhou novos ares e estava de volta, ainda mais especial.
Quando nos aproximamos de carro e vi aquele pavilhão repleto, comecei a me emocionar. Eu não imaginava que tanta gente estaria lá. Eram pessoas das mais variadas idades. Famílias inteiras, amigos, desconhecidos. Eram os velhos frequentadores do prado, que estavam órfãos do seu programa de domingo. Eram os jovens, empolgados com a retomada de um patrimônio de todos.
Percorri as velhas escadas da Tablada inebriada com a alegria daquele público. Vi lágrimas escorrendo dos olhos de gente para quem o Jockey era parte de sua vida. Entre abraços e sorrisos, enxerguei o quanto tinha valido a pena aquela batalha. Senti um orgulho enorme transbordar do meu peito.
Desci para comprar uma pipoca para Sofia. Contei que quando eu tinha a idade dela, sempre comia uma pipoca com mel, que era vendida atrás do pavilhão dos remates. Nos dirigimos para carrocinha e uma moça simpática nos atendeu. Pedi uma salgada para Sofia e nisso vi que ela tinha a tal da pipoca com mel, uma raridade entre os pipoqueiros modernos.
Comentei com a menina que quando eu era pequena sempre comia aquele tipo de pipoca, e que me dava um gosto de infância na boca. Falei que tinha um pipoqueiro que sempre ficava naquele local e que era uma referência para o meu tempo de criança. Foi então que ela brilhou os olhos e me disse:
— Era o meu pai!
Enchi os olhos de água e saí com a Sofia pela mão, saboreando aquele gosto maravilhoso de domingo.
Eu não disse pra ela, mas tive a certeza de que meu pai tinha feito a coisa certa!
Fotos de Nauro Jr (1, 2, 3, 5)
Um comentário:
Xavante Munhoso na área... Gol do Brasil!
Raríssimas vezes fui a Tablada, mas não tem como não se emocionar ao ler um artigo como este. Parabéns, Gabriela Mazza!
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