Paris, Je T'Aime foi o filme escolhido para iniciar mais um ciclo de cinema ao redor da História da Arte, na sexta-feira 9 de abril. O professor Carlos Alberto Santos (abaixo), que leciona esta disciplina na UFPel, seleciona algumas obras audiovisuais que ilustram períodos históricos e aspectos artísticos interessantes, e os comenta antes da projeção. Abertos à comunidade, os ciclos vêm sendo feitos há três anos no I.A.D., com sala quase cheia, e sem cobrar entrada. O esquema começou há uma década quando o Instituto de Artes estava na Marechal Floriano e os filmes ainda eram em VHS.
Nossa cidade é uma extensão de nossa família, já disse Vítor Ramil (veja entrevista). Por que não se entender bem com nossa comunidade, se ela é feita de pessoas que pensam, sentem e sonham? Mas geralmente quem mais odeia um lugar são os que nele habitam, e os turistas que o visitam uma vez por ano são os que o fotografam e louvam. Talvez por isso, Paris, Je T'Aime tem 22 diretores dos cinco continentes e atores franceses e estrangeiros. Há dois diretores brasileiros, Walter Salles e Daniela Thomas.
O modelo do filme coletivo pode ser aplicado a quem quiser manifestar amor por sua cidade. Dezoito bairros de Paris inspiram dezoito relatos de seis ou sete minutos, de gêneros diversos, sobre amores e medos, cada um deles acontecendo em ruas, praças, restaurantes, metrô, cemitério, dentro de casa, longe de casa, dentro do carro, longe do país de origem etc. A premissa do filme é que a cidade é um grande coração coletivo formado por milhares de corações individuais.
Segundo a Wikipédia, Paris tem 105 km2 e Pelotas, 1608. No filme, Montmartre, Pigalle, Quartier Latin, Bastille e outros setores parisinos sediam histórias de prazer e sofrimento, ilustrando como as pessoas vivem ou tentam viver. Em nossos bairros e sub-bairros não seria diferente: o centro histórico, Simões Lopes, o Porto, a Cerquinha, Recanto de Portugal, a Z3, a Dom Joaquim, Tablada, Guabiroba, Vila Princesa, Navegantes, Obelisco e toda a zona rural.
Pelotas está sendo descoberta por turistas, pesquisadores e estudantes, enquanto alguns pelotenses persistem em dois mundos fictícios e paralelos: o das glórias históricas e o das denúncias urgentes. Vaidades e ódios se anulam, e a comunidade fica estagnada. Os tempos e as interações nos levarão a uma integração gradual, passando pela conscientização de nossas belas e feias intimidades.
No trecho sobre o bairro Tour Eiffel (abaixo), de tom levemente surrealista, escrito e dirigido pelo francês Sylvain Chomet, um menino chamado Jean-Claude conta como seus pais se conheceram. As imagens mostram como o mímico (ator inglês Paul Putner), preso por engano ao imitar um ladrão, se apaixona por uma colega (atriz belga Yolande Moreau), também presa por algo parecido. Eles têm este filho, que é objeto de deboche por ser "filho de mímico", ocupação que o relato coloca como odiada pela sociedade. Mas seus pais o amam assim como é, e o animam a sorrir para a vida, como faz todo palhaço.
No trecho sobre o bairro Tour Eiffel (abaixo), de tom levemente surrealista, escrito e dirigido pelo francês Sylvain Chomet, um menino chamado Jean-Claude conta como seus pais se conheceram. As imagens mostram como o mímico (ator inglês Paul Putner), preso por engano ao imitar um ladrão, se apaixona por uma colega (atriz belga Yolande Moreau), também presa por algo parecido. Eles têm este filho, que é objeto de deboche por ser "filho de mímico", ocupação que o relato coloca como odiada pela sociedade. Mas seus pais o amam assim como é, e o animam a sorrir para a vida, como faz todo palhaço.
Assim deveríamos orgulhar-nos de nossa cidade e nossas origens.
Imagens da web e F.A. Vidal (2)
Imagens da web e F.A. Vidal (2)
Um comentário:
Nossa, Francisco! Parabéns! Voltaste com todo pique: matérias lúcidas e interessantes!
Bj, Tê!
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