Em zona rural de Rio Grande próxima a Pelotas, Cristiane Neves fez este expressivo registro, em que a casa ermitã contrasta com seu coletivo ao fundo — uma cidade extensa e inalcançável — e todos os que habitam na terra se distanciam de um mundo superior imenso. Simbolismos universais que tocam a alma do espectador.
Foto: Flickr
2 comentários:
As construções, humildes ou não, assim como os seres humanos, revelam aos olhares atentos as características mais sutis. Do imponente ao simples, não importa, a arte se faz presente, testemunhando que o entorno é singular, rico em simbologia, cuja escrita narra a aventura do homem, abastado ou pobre. As diferenças sociais são imensas, todavia a arte do olhar aproxima o que se supõe irreconciliável. A foto traduz a comunhão entre a cidade - habitada pelos "ricos" - e o universo simples - a casa pequenina, moradia dos "pobres", solitária meio ao campo. O olhar do artista, atento à magia da vida, aproximou esses dois mundos, que a realidade, dia após dia, sem exceção, trata de aumentar o já colossal abismo que os separa.
Um lúcido comentário, que traduz a profundidade do olhar da fotógrafa.
A imagem contém ao mesmo tempo a simbologia da exclusão (solidão negativa) e o direito à individualidade (solidão inevitável do espírito). As duas convivem, misturando-se a dor interna da carência e a felicidade da consciência mais ampla.
O mais interessante é que a fotografia foi tomada desde fora de Pelotas, incluindo o elemento rio-grandino para formar um conjunto mais universal.
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