Apesar de que os pelotenses preferem os tradicionais docinhos e o clima frio não facilita a venda de sorvete, a nova loja foi aceita como um ponto de encontro da juventude e das famílias.
Quanto ao nome, a onomatopeia de zumbido não foi compreendida (abelhas gostam de mel; não de gelo), mas deu certo pelo sentido social, o zunzum das conversas. Com o tempo, novas sorveterias surgiram, com os mesmos elementos à europeia, trazidos pelos castelhanos.
Quase 40 anos depois, o sorvete da Zum Zum conserva as suas marcas mais perceptíveis: a contextura cremosa e o sabor açucarado.
Apesar de algumas variedades terem sido descartadas por baixas vendas, ainda saboreamos algumas que chegaram para ficar, como leite condensado, doce de leite — a famosa especialidade platense do dulce de leche — e rum com passas.
- O sambayon — mistura de sabayon (forma francesa de zabaione) e "sambaião", que é uma receita musical brasileira — ainda é bem aceito, pela gostosa mescla de vinho, gemas e lascas de chocolate.
- Chocolate com menta esteve na Zum Zum mas não pegou entre nós, apesar do sabor profundo e até do aroma que exalava.
- O sorvete de café é outra variedade que europeus e castelhanos gostam, mas que os brasileiros - inexplicavelmente - não aprovaram.
É de se destacar a oferta de seis sabores dietéticos (esq.), feitos com adoçante artificial. Para quem pode abusar da saúde — pois o sorvete já contém gordura e açúcar — há vários complementos da mais marcante doçura, como bombons, cremes, musses, confeitos granulados, fios de ovos, chocolate em calda e doce de leite puro.
A melhor opção é deixar esses adornos de lado, pois desvirtuam o sabor do sorvete artesanal e aumentam o preço na balança. Se houvesse tipos de biscoitos, wafers e bolachas, ajudaria na digestão, mas os acompanhamentos coloridos atendem mais aos olhos do que a uma satisfação real.
A fórmula de negócio da Zum Zum se baseia em duas raízes do tradicionalismo: culto ao pioneirismo e persistência no tempo. Concentrando-se em agradar ao consumidor, obtém suficientes lucros no verão que lhe permitem fechar a casa nos meses de inverno. O lado menos desenvolvido é a criatividade. Uma possível ideia promocional - coerente com o tradicionalismo - seria relacionar os 40 anos da sorveteria com os 200 anos de Pelotas, mas, dado esse esquema fleumático, o fato não será aludido ou comemorado em 2012.
Nos anos 80, a febre dos bufês de sorvetes que inundou o Brasil deu um impulso a este tipo de negócio. A Zum Zum adotou o bufê de balança, sem mudar o seu estilo (somente renovou o aspecto interno da loja).
Se diversificasse a oferta, ampliasse o espaço ou melhorasse o antigo visual (dir.), a empresa ainda poderia enfrentar o “frio” interesse pelotense pelo alimento gelado. No entanto, a Zum Zum aposta basicamente na boa qualidade e na ultraespecialização: sorvete e nada mais.
Para os clientes que preferem não servir-se (e pagar um pouco menos) há atendimento em balcão a preços fixos para a casquinha, o cascão e dois tamanhos de copos descartáveis (veja os preços na foto abaixo). O copão comestível (foto 2) vai somente na balança (hoje, o preço é R$ 2,59 cada 100 gr).
A avó de nossas sorveterias ainda abriu duas filiais em Pelotas, buscando o habitat de seu consumidor, o de mais alto poder aquisitivo. Mas, no fim das contas, o público pelotense só entra nas sorveterias quando faz muito calor e elas passam a maior parte do tempo vazias.
A sorveteria Zum Zum funciona - desde 1972 - na Rua Quinze de Novembro 624, todos os dias de calor, de setembro a abril, aprox. de 12h a 22h. As filiais ficam na Av. Bento Gonçalves 3407 (o chamado Shopping Lobão) e na Av. Antônio Augusto Assumpção 8953 (Laranjal).
O artigo acima saiu no Amigos de Pelotas há dois anos, com o título A pioneira dos gelados que aquecem o verão (leia os comentários) e foi modificado para esta publicação. As fotos foram tomadas terça-feira (18).
Fotos de F. A. Vidal
2 comentários:
Acho que a sorveteria fechou. Estive na cidade em maio/23 e a encontrei fechada, embora fosse início da noite. Uma lástima, lembro muito do sorvete de doce de leite nos idos anos 80, quando fazia faculdade em Pelotas.
Não fechou não! Ela está aberta! O horário de funcionamento deles é mais restrito, não ficam abertos até tarde e não abrem no inverno!
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