segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cidade sem ônibus, em mãos de um segmento

Privados ocupam parada pública e lucram com transtorno da comunidade
Pelotas está sem serviço público de ônibus há cinco dias, por um conflito entre os empresários, a Prefeitura e os empregados do transporte urbano (v. notícia de quarta 12). Estes últimos não aceitaram o aumento de 8% oferecido, que se originaria num aumento em 20 centavos da tarifa para os usuários; exigem também, com esta ação de força, que a tarifa não sofra aumento.

Este ano, o governo municipal iniciou mudanças na área do transporte público, o que trará, com os anos, leves e progressivos aumentos no preço e diversas modernizações dos serviços. Uma das inovações já visíveis é a ampliação das ciclovias.

Nestes quentes dias próximos ao Natal, além de ter que pagar mais pelo ônibus, a população que não tem veículo próprio ainda sofreu este transtorno da vida cotidiana. Desde quinta (13), lotações privadas (na foto acima, parada da Floriano) e mototáxis autônomos "ofereceram" o serviço e transporte pelo dobro do preço, o que, além de ser clandestino (contra a lei), vai contra a ética social e a solidariedade cidadã (v. notícia de quinta 13).

Ninguém reclama, pois o preço chega a ser umas sete ou oito vezes mais barato que um táxi pelotense e porque, na lei da selva em que vivemos, cada um trafica com a mercadoria que tem. Parafraseando o ditado popular: quem pode paga; quem não pode pedala.

Parada na Osório com táxis clandestinos, bem mais "baratos"
Este domingo (16), quando as lojas ficaram abertas à espera de consumidores, o público optou por não vir ao centro da cidade (v. notícia de hoje). A parada da General Osório que vai da Marechal Floriano até a Sete de Setembro (esq.) esteve toda ocupada por uma dezena de carros com improvisados itinerários e cobrando 5 reais por pessoa.

A imprensa tem noticiado esta situação sem qualificar a greve, nem se referir ao desamparo da população nem à ilegalidade dos veículos particulares que lucram com a situação. Por seu lado, a Justiça do Trabalho ordenou que as empresas pelo menos circulassem com 30% da frota e, nos horários altos, com 60% (leia a notícia), o qual não foi obedecido.

Povo e governo são pressionados por um segmento rebelde, enquanto alguns piratas aproveitam-se dos problemas alheios. Num país normal, a força do Estado deveria intervir para resguardar o bem-estar geral da comunidade.
Fotos: M. Vasconcellos (1) e F. A. Vidal (2)

POST DATA
17-12-12, 23h
A greve terminou e os ônibus começarão a sair às ruas esta meia-noite (v. notícia).

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