Acho eu que todas as mães são sempre muito amorosas e só pensam nos seus filhinhos: vejo-o aqui em casa. Às vezes estão aqui três, quatro comadres, vizinhas. Ou brancas ou caboclas ou pretas ou mulatas, todas elas se ocupam dos seus pequenos, falam das suas graças, nos vestidinhos que lhes querem fazer, nas doenças que eles têm tido. E sempre com tanto amor, tanto carinho, tanta alegria, tanta esperança!...
As cores das mães, as suas feições, os seus corpos, serão diferentes: uns feios, defeituosos, até disformes, ou serão agradáveis, bonitos; mas a voz, a voz das mães, quando diz "Meu filhinho!", é sempre suave, harmoniosa, doce, de consolação... Mas a da minha mãe ainda mais que todas!
Eu não sei pelo que é: às vezes minha mãe zanga-se comigo; um dia mesmo deu-me um cocorote... Mas eu logo me esqueci de tudo, e quando estou no colo de minha mãe não tenho medo de nada deste mundo, nem dum leão, nem da fala grossa do seu Juca Polvadeira, o capataz da estância.
Quem é que na vida pode nunca esquecer a voz de sua mãe? Só mesmo as crianças que a tenham perdido quando ainda muito pequeninas, ou os maus filhos, os filhos ingratos. Até a siá Mariana já me contou uma história que diz que, quando a gente morre, a cantiga que os anjos cantam é a mesma cantiga que as mães cantam quando balançam os berços das crianças...
As cores das mães, as suas feições, os seus corpos, serão diferentes: uns feios, defeituosos, até disformes, ou serão agradáveis, bonitos; mas a voz, a voz das mães, quando diz "Meu filhinho!", é sempre suave, harmoniosa, doce, de consolação... Mas a da minha mãe ainda mais que todas!
Eu não sei pelo que é: às vezes minha mãe zanga-se comigo; um dia mesmo deu-me um cocorote... Mas eu logo me esqueci de tudo, e quando estou no colo de minha mãe não tenho medo de nada deste mundo, nem dum leão, nem da fala grossa do seu Juca Polvadeira, o capataz da estância.
Quem é que na vida pode nunca esquecer a voz de sua mãe? Só mesmo as crianças que a tenham perdido quando ainda muito pequeninas, ou os maus filhos, os filhos ingratos. Até a siá Mariana já me contou uma história que diz que, quando a gente morre, a cantiga que os anjos cantam é a mesma cantiga que as mães cantam quando balançam os berços das crianças...
João Simões Lopes Neto
Texto: "Terra Gaúcha: Histórias de infância", escrito ao redor de 1906 (v. reportagem sobre o livro)
Foto: M. F. Soares
POST DATA
14-5-13
Um comentário:
 medida em que nos aprofundamos em Simões Lopes Neto, seu talento eclético, abrangendo todas as nuances de estilo, nos arrasta a continuar a pesquisa e a divulgação de seu nome. Aqui, fundindo poesia e prosa, nos comovemos com a singeleza do texto. Simões fez e foi de tudo um tanto. Tardiamente nos aprofundamos a analisar e a difundir seu imenso talento. E quanto mais o fizermos, mais o vemos aproximar-se das maiores expressões literárias e humanas.
Parabéns ao Blog, pela excelência do conteúdo.
Abraço fraterno, prof.ª Loiva Hartmann
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