Durante agosto de 2015 (precisamente, de 12-8 a 1-9), o Atelier Giane Casaretto voltou a expor, no Corredor Arte do Hospital da UFPel. Desta vez foram 19 pinturas sobre o tema "Pelotas", produzidas em anos anteriores no atelier.
As artistas são: a professora Giane Casaretto e as alunas Fernanda Tröger, Fátima Ferreira, Greice Brod, Heloisa Motta, Rosamélia Ruivo, Carmem Brod, Maria Helena Braga, Vera Holthausen e Clarice Silva (v. mais imagens no Facebook). O convite (dir.) mostra a criação de Giane, uma colagem livre de detalhes urbanos pelotenses, como a Fonte das Nereidas e o calçadão do Mercado.
Costumeiramente no primeiro semestre, o grupo trabalhava motivos relacionados com a Princesa do Sul e organizava, em sua própria sede, mostra alusiva à Semana de Pelotas, celebrada de 1 a 7 de julho. Desta vez, durante três semanas a exposição não foi feita na época de praxe, mas chegou a pessoas que nunca teriam ido a uma galeria de arte ou a um ateliê de pintura: trabalhadores do hospital, pacientes em tratamento e os visitantes dos enfermos.
Um detalhe especial nesta ocasião é que os trabalhos sobre Pelotas marcaram a 300ª (tricentésima) exposição de arte no Corredor do Hospital. O projeto de humanização foi iniciado no ano 2000 e completa 15 anos de atividade ininterrupta, mais precisamente na sexta-feira 18 de setembro (v. post de 2010 Dez anos do Corredor Arte).
"Charqueada", de Maria Helena Braga, ilustra a antiga casa do Barão de Butuí, José Antônio Moreira, às margens do Arroio Pelotas. A construção ficou muitos anos abandonada e passou por reforma recentemente (a pintura ilustra o seu estado "antigo", até 2010 aproximadamente).
Sem tentar uma reprodução minuciosa da realidade, a artista conseguiu um distanciamento que sugere a idealização de um tempo ainda mais antigo que o observado, como que obnubilado por lágrimas. Potenciando a introspecção, ela trabalhou o reflexo na água, que remarca a ruralidade do local, afastado das luzes e geometrias do centro urbano. A tela de 50x70 custa somente R$90 mas terá grande valor afetivo para a maioria dos pelotenses, pois evoca a riqueza que deu fama à cidade, riqueza perdida gradualmente desde as primeiras décadas do século XX.
Rosamélia Ruivo pintou "Patrimônio: banco", outra emblemática face da tradição pelotense, tanto pelo lado arquitetônico como pela história econômica. Em tamanho menor que a tela descrita acima (40x50) esta tem o preço de R$80. Novamente devemos comentar: o valor de mercado seria pelo menos dez vezes maior, se fosse apregoado ou oferecido em leilão.
Em 1928 o Banco do Brasil inaugurou esta imponente sede, defronte à Prefeitura Municipal, com a qual compete, até hoje, em solenidade e sofisticação. As duas instituições representam o poder imperial do século XIX: esta última aloja o governo político, inicialmente nas mãos dos fazendeiros locais, enquanto o Banco do Brasil, imune à decadência das charqueadas, se associa desde sempre ao capital federal. O prédio passou ao Município em 1970, que o utilizou por mais 30 anos, mas, em vez de restaurá-lo, deixou-o fechado e em deterioração progressiva na última década.
Há mais de um século que Pelotas perdeu a antiga riqueza e não existe mais o Império do Brasil, mas o povo ainda respeita e estima a grandiosidade destes símbolos colocados no coração da cidade. A imagem aqui reproduzida mostra outro tipo de idealização afetiva, a que maquia defeitos e sujeiras e prefere recordar as caras dos bisavós não pelas nuvens da memória mas pelas nítidas fotos dos álbuns de família.
As artistas são: a professora Giane Casaretto e as alunas Fernanda Tröger, Fátima Ferreira, Greice Brod, Heloisa Motta, Rosamélia Ruivo, Carmem Brod, Maria Helena Braga, Vera Holthausen e Clarice Silva (v. mais imagens no Facebook). O convite (dir.) mostra a criação de Giane, uma colagem livre de detalhes urbanos pelotenses, como a Fonte das Nereidas e o calçadão do Mercado.
Costumeiramente no primeiro semestre, o grupo trabalhava motivos relacionados com a Princesa do Sul e organizava, em sua própria sede, mostra alusiva à Semana de Pelotas, celebrada de 1 a 7 de julho. Desta vez, durante três semanas a exposição não foi feita na época de praxe, mas chegou a pessoas que nunca teriam ido a uma galeria de arte ou a um ateliê de pintura: trabalhadores do hospital, pacientes em tratamento e os visitantes dos enfermos.
Um detalhe especial nesta ocasião é que os trabalhos sobre Pelotas marcaram a 300ª (tricentésima) exposição de arte no Corredor do Hospital. O projeto de humanização foi iniciado no ano 2000 e completa 15 anos de atividade ininterrupta, mais precisamente na sexta-feira 18 de setembro (v. post de 2010 Dez anos do Corredor Arte).
Charqueada, de M. H. Braga |
Sem tentar uma reprodução minuciosa da realidade, a artista conseguiu um distanciamento que sugere a idealização de um tempo ainda mais antigo que o observado, como que obnubilado por lágrimas. Potenciando a introspecção, ela trabalhou o reflexo na água, que remarca a ruralidade do local, afastado das luzes e geometrias do centro urbano. A tela de 50x70 custa somente R$90 mas terá grande valor afetivo para a maioria dos pelotenses, pois evoca a riqueza que deu fama à cidade, riqueza perdida gradualmente desde as primeiras décadas do século XX.
Rosamélia Ruivo pintou "Patrimônio: banco", outra emblemática face da tradição pelotense, tanto pelo lado arquitetônico como pela história econômica. Em tamanho menor que a tela descrita acima (40x50) esta tem o preço de R$80. Novamente devemos comentar: o valor de mercado seria pelo menos dez vezes maior, se fosse apregoado ou oferecido em leilão.
Em 1928 o Banco do Brasil inaugurou esta imponente sede, defronte à Prefeitura Municipal, com a qual compete, até hoje, em solenidade e sofisticação. As duas instituições representam o poder imperial do século XIX: esta última aloja o governo político, inicialmente nas mãos dos fazendeiros locais, enquanto o Banco do Brasil, imune à decadência das charqueadas, se associa desde sempre ao capital federal. O prédio passou ao Município em 1970, que o utilizou por mais 30 anos, mas, em vez de restaurá-lo, deixou-o fechado e em deterioração progressiva na última década.
Há mais de um século que Pelotas perdeu a antiga riqueza e não existe mais o Império do Brasil, mas o povo ainda respeita e estima a grandiosidade destes símbolos colocados no coração da cidade. A imagem aqui reproduzida mostra outro tipo de idealização afetiva, a que maquia defeitos e sujeiras e prefere recordar as caras dos bisavós não pelas nuvens da memória mas pelas nítidas fotos dos álbuns de família.
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