José Luiz Röhnelt |
Começamos lembrando que a crítica construtiva, bem intencionada, é mais benéfica para o administrador - público ou privado - que o elogio fácil, muitas vezes movido por interesses pessoais.
Teatro de Ouro Preto |
Não será exagerado defini-lo como uma relíquia arquitetônica, de estilo semelhante ao do nosso Sete de Abril [2ª foto abaixo]. A diferença reside na forma de administração.
Teatro Sete de Abril |
Aqui, nos fins de semana, se não houver programação, com as portas fechadas, priva-se os forasteiros da satisfação de admirar uma das joias mais valiosas do patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade.
Essa orientação prevaleceu também durante a Fenadoce, quando milhares de pessoas nos visitaram, atraídos pela programação e, com certeza, pelo desejo de visitar os pontos turísticos. Presenciamos a cena de grupos contemplando a fachada do prédio, enquanto outros se detinham na leitura das placas comemorativas.
Estamos convictos de que o prefeito Fetter Júnior, mergulhado no estudo dos problemas da cidade, que não são poucos, não tem conhecimento do fato. Caso contrário, dinâmico como é, a falha administrativa já teria sido corrigida, com a implantação de, pelo menos, um horário de visita.
O Blog do Noblat publicou o seguinte texto em março passado sobre o Sete de Abril. Sobre a fundação da Vila, em 7 de abril de 1832, e a mescla histórica com a Abdicação, 7 de abril de 1831, veja o artigo de Mário Osório Magalhães (Diário Popular, domingo 08.06.2008).
O Theatro Sete de Abril foi a primeira casa a abrir suas portas às artes cênicas na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e a quarta no Brasil. No auge do ciclo das charqueadas, os detentores do poder político e econômico construíram belas residências, prédios públicos e monumentos com traços arquitetônicos imponentes, revelando suas aspirações à nobreza.
Recebeu três visitas imperiais: em 1846, D. Pedro II e sua esposa foram aclamados e a corte ceou no salão do teatro, no intervalo do primeiro e segundo atos; em 1865, o casal imperial foi aplaudido pela platéia entusiasmada; e em 1885, a Princesa Isabel e o Conde D’Eu, hospedados na cidade, assistiram a vários espetáculos. Talvez dessas visitas resulte o fato de Pelotas ter, entre seus ilustres habitantes, nove barões, dois viscondes e um conde.
Em 1916, o teatro passou por uma reforma e disso resultou a linha art déco que hoje o caracteriza. Ganhou três vitrais: o central tem as cores da bandeira do Brasil e os laterais, as cores do Rio Grande do Sul. Foi tombado pelo IPHAN por seu imenso valor histórico.
Muitos gostariam de visitar o foyer onde D. Pedro II e a corte imperial cearam, mas ainda não valorizamos nem cuidamos nosso próprio patrimônio. Há pelotenses que levam doces e salgados para comer durante o espetáculo, sem consciência de que estão num prédio restaurado de 180 anos.
A Prefeitura faz investimentos no uso e na preservação do teatro, mas o povo também precisa colaborar. Se tivermos orgulho de nossa cidade, será maravilhoso, mas quantos de nós sequer saberíamos responder as perguntas de um turista?
Fotos da web.
Fotos da web.
3 comentários:
Devemos muito a Sra. Antoninha Berchon Sampaio, que com grande empenho nos anos 80 fez diversas campanhas para o restauro do teatro 7 de Abril. Sem a força de vontade e amor à terra dessa senhora, com certeza o 7 de Abril teria um fim bem triste como muitas casas de espetáculo que vimos fechar e ruir. Infelizmente não temos o amor que vemos nos porto-alegrenses em restaurar o São Pedro, em modernizar as estruturas e no empenho para construir aquele maravilhoso complexo cultural. E não falta uma Eva Sopher em Pelotas, falta o espírito de Eva Sopher em cada um de nós pelotenses. O teatro 7 de Abril, viveu um período de glória do anos 80 e 90, depois das más administrações foi perdendo o brilho... foi apagando e desbotando. Não resido mais na cidade, mas a última vez que estive no teatro, me causou muita tristeza ver o abandono e as más condições dos ambientes. Desejo de fazer algo nós temos, falta é coragem! Se a comunidade abraçasse a causa e vestisse a camiseta (Não abandone o teatro!- seria um bom mote pra campanha) e fossemos cobrar das autoridades, expor nas mídias e fazer barulho mesmo, tenho certeza que seria positivo. Cá entre nós, somos meros espectadores disso tudo, observamos calados, quando muito nos refugiamos nos nossos blogs, em elocubrações que pouco eco vão ter na realidade. Mas,pelo menos temos a oportunidade de desabafar... o desejo de revolução existe, ainda vou marchar de foice em punho e tomar a Intendência! E do Secretário de Cultura? Deixem que eu cuido dele...
No dia seguinte e mesmo espaço do jornal, foi publicada a seguinte resposta do Teatro:
"Concordo com esse senhor quando afirma que o Sete de Abril é uma das joias mais valiosas do patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade, mas tenho que discordar quando ele diz que o teatro permaneceu fechado durante a Fenadoce.
Apesar do reduzido número de funcionários e do corte de horas extras, o teatro esteve sim aberto diariamente durante toda a Feira do Doce, inclusive nos finais de semana e feriados, independentemente da programação, seguindo a orientação da administração.
Qualquer pessoa poderá comprovar através de um livro de presenças do teatro. O livro é mantido no hall de entrada e grande parte dos visitantes o assina".
Ana Lúcia Ortiz Alt
Funcionária do Theatro (53-3225-5777)
Parabéns ao Sr. Röhnelt.
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