segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Carmen Garrez vê Frida Kahlo

Carmen Garrez formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFPel, em 1986, e desde então vem dedicando-se às artes plásticas, especialmente à pintura naïve e aos conteúdos femininos (leia nota deste blogue).

Com seu próprio sítio como vitrine virtual (link aqui), mantém-se produzindo, vendendo e comunicando-se com seu público no Brasil e em outros países.

Em 1990, Carmen foi premiada pela Bienal de Arte Mística (Governador Valadares, MG) e pelo Concurso para a capa da Listel da CTMR (Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência), em Pelotas. Também ilustrou as capas de 3 livros de Manoel Magalhães: “Guerra Silenciosa" (1992), “Dois Textos Marginais" (1995) e “O Abismo na Gaveta” (1999).

Desde 1988 até 2007, a artista participou em mostras coletivas no Brasil, EUA e Europa (a próxima é em agosto de 2011, no México). Por outro lado, conta em seu currículo, no mesmo período de 20 anos, seis exposições individuais: Espaço de Novos na Prefeitura (Pelotas, 1989), Centenário da Revolução Farroupilha (Piratini, 1989), Espaço de Arte do Banco do Brasil (Pedro Osório, 1997), Sociedade Científica Sigmund Freud (Pelotas, 2000), Corredor Arte da FAU-UFPel (Pelotas, 2002) e Galeria da CliArte (Pelotas, 2007).

O ritmo das exposições individuais de Carmen (uma a cada 3 anos, em média) é bem mais baixo que o das participações coletivas (uma anual), e não por falta de produção, mas exatamente pelo contrário: sua criatividade está sempre gerando ideias e entregando obras, sem que reste muito tempo para montar exposições.

Um de seus quadros recentes mostra uma Frida Kahlo no estilo de Carmen Garrez, tropical por fora e melancólica por dentro. Belas cores rodeiam a imagem da mulher, como se a própria natureza quisesse adorná-la, com aves, flores e fundos celestes. Talvez para compensar a dor que a deixa amarrada a um corpo limitado e limitante; talvez para que a tristeza não a imobilize totalmente.

Nesta imagem, no entanto, é só a alma que se vê frustrada e constrangida, pelo menos em seu lado feminino. Será o seu lado masculino que se sente menos inibido para agir? As mãos não estão bem visíveis, e aparecem debilitadas (pendurando das orelhas). Os olhos pensativos não enxergam longe nem veem coisas tão belas; precisam de lágrimas, e a lua é que chora por eles.

Assim como a maioria dos bons e verdadeiros artistas, Carmen mostra como é possível e liberador transformar em limonada os limões que a vida nos dá. Mas as limonadas de Carmen nos parecem mais doces. Será indicativo de uma doçura interna maior, ou de um maior talento para processar a amargura que a vida nos apresenta? Um dia talvez saibamos.
Foto de Carmen: F. A. Vidal

6 comentários:

Carmen Garrez disse...

Querido amigo Francisco !

Agradeço com alegria no coração as palavras a respeito de minha arte e pintura inspirada em Frida Kahlo.
Como são importantes tuas palavras,nelas descubro nuances de minha arte, espio minha criação através de teu olhar !!!
Sabes que amo o que dizes... muito grata !
Um carinhoso abraço,
Carmen

Unknown disse...

Tão importante e nobre quanto pintar é a visão crítica e inteligente do trabalho consumado. A arte de Carmen Garrez, abundante de sutilezas cromáticas, sensível em sua narrativa pictórica, reinventa-se nas palavras de Francisco Vidal. É um convite que ambos fazem aos olhares curiosos, instigando-os, ainda, a verem muito além do pintado e do escrito. Parabéns, Carmen, por mais está maravilha, e cumprimentos a Vidal por seus olhos de ver.

Marcia Lisboa disse...

O talento de Carmen Garrez realmente merece ser mostrado, divulgado e cantadp em prosa e verso!
A ´fase Frida Kahlo´ já cumpre a promessa de ser das mais espetaculares.
Desejo que cruzes muitos oceanos com tua obra!

Anônimo disse...

Uma tela espetacular!

Unknown disse...

O trabalho dessa artista merece todo o respeito e destaque no meio das artes. Suas obras são muito sensíveis e expressivas! Agora, ganham o mundo!

Anônimo disse...

o trabalho desta artista é maravilhoso....poor Edivania da silva lopes