A contribuição da mídia impressa para a construção da Memória Afetiva da praia do Laranjal
As notícias veiculadas na mídia contribuem, sim, para o Turismo na Praia do Laranjal. Há que, como qualquer leitor atento, perceber os interesses existentes por trás delas. Há notícias que são publicadas com o claro intuito de favorecer ou desmerecer o segmento político responsável pela administração pública. Outras, parecem notícias “vale a pena ver de novo”, ou seja, são reportagens sobre fatos que acostumamo-nos a presenciar na temporada de praia, como, por exemplo, a falta de qualidade da água da lagoa para os banhistas.
Mas, há um terceiro grupo de notícias que, embora pouco espaço receba nos principais órgãos de imprensa locais (ou mesmo regionais), remete a uma efetiva contribuição para o Turismo em nossa querida praia do Laranjal. Refiro-me às publicações de textos, sejam contos, crônicas, memórias etc, que fazem referência a fatos, pessoas, experiências vividas, memórias de nossos cidadãos neste cantinho da Lagoa dos Patos. É neste sentido que, sim, vejo que há uma contribuição muito efetiva da mídia para a construção do Turismo na praia, em particular, do Turismo Receptivo para nossos próprios concidadãos. Cito minha experiência pessoal.
Foi a partir de uma notícia publicada na página 13 do Jornal Diário Popular, edição de 20/09/2002, que vim a conhecer (ou a me reencontrar) com o escritor Felipe Assumpção Gertum. A notícia fazia referência à premiação do livro “Paraíso de Cristal”, romance agraciado como o Melhor Livro Estrangeiro pelo Prêmio Internacional Il Convívio 2002 da Academia Internacional da Itália. Esta pequena nota publicada no jornal de maior circulação local fazia referência ao escritor como sendo o presidente do Instituto Nacional Brasileiro Senador Doutor Joaquim Augusto de Assumpção, o que, na época, foi motivo de uma grande inquietação pessoal. Por ter vivido muitos anos fora de Pelotas, fiquei curioso: afinal, quem é Felipe ou, ainda, que Instituto é este?
Já se passaram quase 10 anos da referida nota publicado no Diário Popular. Conheci, ou reencontrei-me com Felipe. Conheci o Instituto, através da pessoa incansável do Felipe. Fui agraciado com o primeiro lugar na primeira edição deste mesmo concurso, tendo submetido o conto “Risadinha” para apreciação pelos jurados do certame (leia notícia de 2008). Enfim, reencontrei-me com o Laranjal. A premiação do conto “Risadinha” possibilitou mais do que um exercício literário sobre a nossa querida praia do Laranjal. Pela primeira vez eu acreditei que poderia publicar algo que EU tivesse escrito, algo que falasse de NOSSO chão, das memórias de NOSSA gente, das pessoas queridas.
Hoje, após esta experiência, já são mais de 4000 livros impressos, seja de “Curuzu”, “Nuvem Passageira” e, recentemente, “Cartas à Micaela” (no prelo), que nasceram de uma experiência singular até então, nunca antes por mim aceita ou compreendida: eu havia, para a construção do referido conto, mergulhado em uma pasta de recortes de jornais, recortes que por um bom tempo, como estudante ou professor de Letras, pelo simples prazer de tê-los, fui guardando. Tornou-se aquela pasta de recortes parte de minha Memória Afetiva sobre a praia do Laranjal.
Quando no momento que escrevo estas linhas, tenho a minha frente as excelentes crônicas – verdadeiros tratados da Memória Afetiva de Felipe sobre o Laranjal (O retrato que eu te dei, Diário da Manhã, 11/02/07; Jogando bosta na Geny, DM, 25/03/07; Eternas Rainhas, DM, 20/01/08; Coisas boas no Laranjal, DM, 24/02/08; Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes: o pecado da omissão, DM, 09/03/08) – reconheço-me como parte integrante desta História, desta Memória, desta contribuição que o Afeto traz para o Turismo e que a mídia impressa, como instrumento, contribui, em muito, para a perpetuação de nossa querida praia do Laranjal.
O fato é claro: foi uma pequena nota publicada em um jornal diário, sob a premiação de um escritor conterrâneo que estimulou minha curiosidade. Foi a premiação de uma escrita minha, um conto sobre minha memória nos verões passados na praia do Laranjal, que permitiu que eu me visse como “escritor”. Foi a Memória Afetiva de dois homens que viveram duas gerações próximas com seus familiares em um cantinho da Lagoa dos Patos que contribuíram, sim, e continuaram contribuindo para o Turismo em nossa querida praia do Laranjal.
Esta é minha contribuição: que possamos, nós pelotenses, produtores e receptores de textos publicados na mídia impressa local, os maiores responsáveis pelo Turismo em nosso querido cantinho da Lagoa dos Patos.
Marcos de Oliveira Treptow
Fotos de João Célia (1), F. A. Vidal (2) e Norma Alves (3)
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