terça-feira, 6 de novembro de 2012

Histórias do "theatro" que cresceu com o imperador


“Sete de Abril: o teatro do imperador” é o livro do jornalista Klécio Santos que será lançado hoje (6) na sede do Instituto João Simões Lopes Neto. Quando um jornalista escreve livros, geralmente segue o caminho do realismo ou do documento. Neste caso, além do conteúdo jornalístico, se trata de uma bela homenagem a um dos maiores ícones culturais de Pelotas, a cidade onde Klécio seguiu seu curso superior.

O sete de abril

A obra conta detalhes e curiosidades do nosso Teatro Sete de Abril, em relação com o imperador brasileiro Dom Pedro II (1825-1899). Este paralelo não deixa de ser original e de agradável leitura, mantendo sempre o sentido da verdade histórica.

O nome do Teatro foi, com certeza, tomado do dia da abdicação, em 1831, do imperador Dom Pedro I em favor do seu filho homem nascido no Brasil, Pedro, então com somente 5 anos de idade. Com a despedida do governante português pouco querido pelo povo, a data marcou o início de um novo período político e passou a ser feriado nacional. Mas em Pelotas ganhou uma segunda conotação.

Um ano depois da abdicação, em 7 de abril de 1832, a Freguesia de São Francisco de Paula, criada vinte anos antes, assumiu a condição de Vila. O decreto era de 1830 mas a elevação vinha sendo adiada por meses e meses, e o dia escolhido foi o deste feriado, talvez por conveniência prática. Por isso a data tem um significado nacional e um local, mas tudo indica que o nome do Teatro tem a força do significado nacional. Os relatos são feitos pelo historiador Mario Osorio Magalhães (veja histórico da Câmara e um histórico do Teatro).

O dois de dezembro

O aniversário natalício de Dom Pedro II também faz parte da história do Teatro. A construção foi terminada em 1834, mas a sala já funcionava antes disso e a inauguração foi feita em 2 de dezembro de 1833, dia em que o futuro imperador completava oito anos.

Com reformas em 1870, em 1916 e em 1927, o prédio ficou fechado uns anos, após ser tombado e municipalizado, na década de 1970. A reabertura ocorreu exatamente 150 anos depois da inauguração, também em 2 de dezembro (dir.). Desde 2010, o Teatro se encontra interditado, à espera das verbas para uma restauração.

A reforma ortográfica de 1943 aboliu no Brasil o uso do dígrafo "th", mas os pelotenses seguem usando até hoje, contra as regras nacionais, a grafia antiga Theatro Sete de Abril. O motivo aduzido é que um nome próprio não poderia ser alterado, mas o mesmo não ocorre com entidades como o Clube Comercial, que deveria então ser grafado Club Commercial. Sobre esta questão, veja as notas Conservadorismo ortográfico e Atualização ainda que tardia.

O autor do livro

Atualmente editor-chefe do Grupo RBS em Brasília, Klécio Santos começou sua carreira de jornalista em Pelotas. Em 2010 recebeu o prêmio Trezentas Onças, em reconhecimento aos que se destacam pela preservação da memória e pela divulgação da obra de João Simões Lopes Neto. Foi ele quem publicou a descoberta da casa que pertenceu ao Capitão, onde atualmente é a sede do Instituto.

O livro, que traz textos inéditos dos pelotenses Simões Lopes Neto e Francisco Lobo da Costa, sai pela editora Liberatos e terá distribuição em Porto Alegre e Brasília. Veja no sítio de Zero Hora uma foto dupla (arraste o slider) que mostra o teatro hoje e em 1916.

Além da cerimônia de lançamento de hoje (6), o autor autografa na Feira do Livro de Pelotas (7-11) e na Porto Alegre (10-11). Fotografias de Nauro Júnior. À venda na Livraria Vanguarda (R$ 50).
Imagens: F. A. Vidal (1, 3), RBS (4)

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