O músico, compositor e diplomata pelotense Luiz Carlos Lessa Vinholes escreveu o artigo abaixo, com algumas recordações do Conservatório de Música na década de 1950. A Casa fundada em 1918, municipalizada nos anos 30, e depois gradualmente incluída na UFPel, se encontra hoje como uma unidade menor, dependente do Centro de Artes, e com aulas espalhadas por quatro sedes da Universidade.
Também está negligenciado o tradicional prédio do século XIX onde já por 96 anos funciona este símbolo cultural em Pelotas e bastião da música erudita. Há seis anos, a Universidade adquiriu piano novo e iniciou reforma do auditório (v. postagem); há cinco, comprou novas cadeiras (leia postagem de 2009) e, há quatro, a Prefeitura repintou as fachadas (v. postagem de 2010).
Faltou, no entanto, restaurar a estrutura do velho casarão e o Salão Milton de Lemos teve que ser interditado, em 2012. A nova reitoria tenta manter atividades no local, mas a propriedade ainda é do município e os custos de conservação são muito altos. Veja recente reportagem da RBS sobre o Conservatório de Música da UFPel.
Tiro da estante pequeno álbum que há décadas guarda parte da história de 1952 do Conservatório de Música de Pelotas. Suas páginas têm fotos, programas e dedicatórias de intérpretes que se destacaram no cenário mundial de meados do século 20.
Para mim este álbum é muito especial, pois, com minha ida definitiva para São Paulo em 1953, ele passou a ser, sem que eu quisesse, testemunha da despedida de minha cidade natal.
Folheando suas páginas, entre tantos outros, vejo e recordo a:
Lendo notícias recentes, tomei conhecimento das tratativas que visam retirar o Conservatório do local que ocupa. Preocupa-me, pois se não levarem em consideração o seu passado, destruirão parte da história de Pelotas, em prejuízo das gerações futuras. O Conservatório, no prédio em que se encontra há quase um século, é ícone da Princesa do Sul.
Também está negligenciado o tradicional prédio do século XIX onde já por 96 anos funciona este símbolo cultural em Pelotas e bastião da música erudita. Há seis anos, a Universidade adquiriu piano novo e iniciou reforma do auditório (v. postagem); há cinco, comprou novas cadeiras (leia postagem de 2009) e, há quatro, a Prefeitura repintou as fachadas (v. postagem de 2010).
Faltou, no entanto, restaurar a estrutura do velho casarão e o Salão Milton de Lemos teve que ser interditado, em 2012. A nova reitoria tenta manter atividades no local, mas a propriedade ainda é do município e os custos de conservação são muito altos. Veja recente reportagem da RBS sobre o Conservatório de Música da UFPel.
| Salão Milton de Lemos em 2011, antes da interdição, já com as novas cadeiras (hoje estas cadeiras se encontram no auditório da Lobo da Costa, sede Canguru). |
O Conservatório de Música é ícone de Pelotas
Tiro da estante pequeno álbum que há décadas guarda parte da história de 1952 do Conservatório de Música de Pelotas. Suas páginas têm fotos, programas e dedicatórias de intérpretes que se destacaram no cenário mundial de meados do século 20.
Para mim este álbum é muito especial, pois, com minha ida definitiva para São Paulo em 1953, ele passou a ser, sem que eu quisesse, testemunha da despedida de minha cidade natal.
Folheando suas páginas, entre tantos outros, vejo e recordo a:
- Anselmo Zlatopolsky, violinista nascido na Rússia, que veio “em tenra idade para o Brasil, onde mais tarde obteve sua naturalização” tornando-se spalla do Quarteto Haydn, que Mário de Andrade criou quando fundou o Departamento de Cultura de S. Paulo;
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| Conservatório ficou com um dos seus 3 pianos de concerto e nenhuma cadeira no auditório (foto de 2014). |
- Nicanor Zabaleta, o harpista espanhol considerado “o primeiro harpista do mundo” (v. biografia) depois de apresentar-se aos nove anos de idade, estudar em Paris com Marcel Tournier e ser solista das mais experientes orquestras do Velho Continente;
- o pianista Sebastian Benda, nascido na França, “descendente da dinastia de músicos iniciada no século XVIII, incluindo Franz e George Benda, compositores da corte de Frederico o Grande” (leia neste blogue crônica sobre Benda, escrita em abril de 1953;
- Guido Santorsola, italiano de nascimento, exímio executante de viola da gamba (v. Wikipedia), que no Brasil foi aluno de violino de Zaccaria Autuori e de composição com Agostinho Cantú, no Conservatório Dramático e Musical paulista, falecendo em Montevidéu, depois de desenvolver intensa atividade como compositor e regente no Teatro Sodre;
- o Trio Pró-Arte formado por Maria Amélia de Resende Martins, piano, George Retyi-Gazda, violino, e Jacques Ripoche, violoncelo, ela uma das responsáveis pela fundação, na década de 1940, da Sociedade Pró-Arte, no Rio de Janeiro, que, empresariando grandes artistas, promoveu recitais e concertos de parceria com instituições das principais cidades do Brasil;
- Walter Gieseking, pianista francês nascido em 1895, aluno de Eugenio Gandolfo, que viu sua carreira interrompida com a guerra de 1914 e que mais tarde, embora contra sua vontade, teve que tocar para Adolfo Hitler (v. Wikipedia).
Lendo notícias recentes, tomei conhecimento das tratativas que visam retirar o Conservatório do local que ocupa. Preocupa-me, pois se não levarem em consideração o seu passado, destruirão parte da história de Pelotas, em prejuízo das gerações futuras. O Conservatório, no prédio em que se encontra há quase um século, é ícone da Princesa do Sul.
Luiz Carlos Vinholes
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| Projeto PROFORMUS, do Conservatório, promove recital esta quarta (27-08), 19h, na Biblioteca Pública. |
Fotos: ASCOM (1), RBS (2), Facebook (3)
POST DATA
3-09-14
Leia reportagem Conservatório recebe apoio da Câmara.


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