quinta-feira, 13 de março de 2014

Um Príncipe chamado Exupéry

O piloto francês viajou pelo Brasil em voos diários.
Companhia Mútua de teatro e animação, atualmente estabelecida em Itajaí (SC), foi fundada em 1993 e pesquisa o teatro de animação desde 2002, além de dedicar-se ao clown, à pantomima e à narrativa cênica. Os integrantes principais são Mônica Longo e Guilherme Peixoto.

Um de seus 6 espetáculos, “Um príncipe chamado Exupéry” [pronúncia aproximada: ekzu-perrí], está numa maratona de apresentações iniciada no Rio Grande do Norte, algumas das quais acompanhadas de oficinas de animação teatral de bonecos. O Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012, do Ministério da Cultura, viabiliza a turnê.

A obra se baseia na vida de Saint-Exupéry e no seu  livro "O Pequeno Príncipe" (v. Wikipédia), publicado originalmente em 1943, nos Estados Unidos, em inglês e em francês. O autor se encontrava no exílio desde 1940, após ter participado como piloto francês ante o ataque alemão, na Segunda Guerra Mundial.

No Brasil, a primeira edição do famoso romance é de 1945. Na época, a França estava em ocupação e a edição saiu somente em 1946 (v. artigo "O Pequeno Príncipe"" completa 70 anos).

No Rio Grande do Sul, a Companhia está visitando 4 cidades, cuidadosamente selecionadas: Caxias de Sul (11-3), Pelotas (hoje quinta 13-3), Porto Alegre (dias 15 e 16) e Passo Fundo (19).

Companhia Mútua é fiel à história dos personagens.
A decisão foi apresentar-se precisamente em cidades brasileiras onde, conforme os integrantes e colaboradores pesquisaram, Saint-Exupéry entregou cartas como piloto da Companhia de Correio Aéreo Aéropostale, nos anos 20 e 30, desde Natal (RN) a Pelotas (RS).

Dentro de um hangar construído no teatro, sem uma única fala, é encenada a peça “Um Príncipe Chamado Exupéry”, com capacidade para 60 pessoas e destinada ao público adulto. Desde 2010, a montagem já circulou por 15 estados, participou em festivais de teatro de animação e foi indicada pela Revista Bravo como melhor espetáculo, em fevereiro de 2013.

Em Pelotas, serão feitas duas apresentações no Tablado da UFPel (Almirante Tamandaré 275, com Alberto Rosa), às 19h e às 21h. A produção local é de Alexandre Mattos ( 8116 0377).

Manoel Jesus

Pois é uma pena que os pesquisadores tenham achado e recuperado, ao sul da França, os destroços do avião de Saint-Exupéry, o pai do Pequeno Príncipe. Ainda bem que não encontraram seu corpo, ou o que dele deve ter sobrado, já que ficou submerso desde julho de 1944 - cerca de 60 anos - quando o piloto francês deixou a Córsega para uma missão de reconhecimento da mobilização das tropas alemãs, em continente europeu.

Na verdade, verdade pura, que é a verdade da imaginação, sempre acreditei que, num determinado momento, antes do final, o Pequeno Príncipe (aquele que caiu na Terra, encontrou um aviador e procurava um amigo) apareceu junto ao ombro de Saint-Exupéry, espiou para fora e, vendo a tempestade que se aproximava, disse:

O mítico Antoine de Saint-Exupéry, autor e personagem
– Tens certeza que não queres voltar comigo para o meu planeta?

O aviador sorriu e perguntou se ele tinha uma outra rosa em seu pequeno mundo. Entre perplexo e surpreso, o garoto disse:

– É bem possível que sim. Faz tanto tempo que estou longe de casa!

E partiram. Mergulhando nas águas do Mediterrâneo, procurando uma tumba silenciosa e o melhor caminho para retornar ao pequeno planeta que, até hoje, os astrônomos teimam em procurar entre as diversas constelações. Esquecem da máxima com que Saint-Exupéry encerra sua obra maior que é o Pequeno Príncipe:

– E gosto, à noite, de escutar estrelas. É como ouvir quinhentos milhões de guizos...

Aí, exatamente, reside a única orientação astronômica dada pelo Pequeno Príncipe, recebida na conversa que teve com a sua amiga raposa: "Só se vê bem com o coração". E dá um desfecho capaz de sensibilizar até os mais céticos: "O essencial é invisível aos olhos".

E, então, já não há outro caminho que não seja o de dar valor aos pequenos grandes prazeres da vida. Podemos encontrar a beleza da obra deste aviador, que viveu tão intensamente seus 44 anos, quando nos damos conta que o sentido maior do viver está em encontrar prazer nas coisas simples: como uma rosa que se cultiva, uma amizade que mostra sua cumplicidade até no olhar, a possibilidade de poder olhar para as estrelas ou, quem sabe, um carneiro que se precisa cuidar para que não coma a única rosa existente no planeta.
Diário Popular, 19-4-2004
Imagens da web

POST DATA
13-3-14
Veja o post Saint-Exupéry esteve em Pelotas?

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