A atividade foi iniciada pelo psicanalista Paulo Luís Sousa e seguiu em mãos de um informal clube filosófico, entre os quais o professor Jandir João Zanotelli ex-reitor da UCPel, e a empresária sra. Aira Gallo. O piso superior da Doçaria Pelotense se fez acolhedor para as conversas do pequeno grupo, porém com inconvenientes acústicos. Eu estive em quatro encontros e num deles expus um ponto de vista psicológico.
Em agosto de 2007, Zanotelli tratou a pergunta “Por que me odeias se não te fiz nenhum favor?”, ao redor dos valores da solidariedade e da generosidade. Houve doze presentes, que participaram fazendo perguntas e comentários. Esta reunião teve um convite de divulgação (abaixo), que deu impulso à atividade, mas o procedimento não se repetiu.
Em setembro, cinco pessoas discutiram, durante quase duas horas, sobre a pergunta “O que é o poder?” e seus significados filosóficos, teológicos e psicológicos.
Em outubro, a reunião foi em torno ao tema “Como ocorre o encontro humano?” (no caso, ocorreu em torno a uma bandeja de doces e o chá de frutas da Doçaria). Ante a pouca clareza na organização das datas, os sete contertúlios concordaram que as sessões ficassem na penúltima quarta-feira de cada mês.
A reunião de novembro abordou o tema “Nascimento e Morte”. Depois disso, as férias diluíram o grupo, que não se reconstituiu no ano seguinte (ou não me informou).
As quatro reuniões foram organizadas pela sr. Aira Gallo, dona da Doçaria, e o professor Zanotelli fez as exposições para estimular os debates, sugerindo também os temas seguintes, com aprovação dos contertúlios. Apesar de ser uma excelente ideia, não teve continuidade por falta de organização. Entre fundar um estilo próprio em Pelotas e reproduzir uma iniciativa trazida de fora, a informalidade do grupo não conseguiu nem uma coisa nem outra.
O Café Sócrates não é um lugar físico, mas uma forma de diálogo, que pode estabelecer-se entre pessoas de quaisquer idades ou origens, somente exigindo atitudes de curiosidade, tolerância e profundidade. Longe de pretender encontrar respostas definitivas, visa a gerar mais perguntas em torno a assuntos de interesse das pessoas.
Em dezembro de 1992, o francês Marc Sautet (dir.), professor de filosofia, iniciou diálogos num café de Paris, que denominou "Café Filosófico", com inspiração socrática. Em 1995 relatou seu método no livro Un Café pour Socrate (veja passagens do texto original). Os temas eram escolhidos na hora do encontro - domingos às 11h - e as opiniões eram dadas por todos os presentes, somente facilitadas por um mediador, que era sempre ele. Sautet faleceu em 1998, por um tumor cerebral, aos 51 anos, mas os cafés-philos (leia verbete na Wikipédia) seguem até hoje.
A divulgação deste método nos Estados Unidos pertence a Christopher Phillips (abaixo à esq.), escritor que em 1996 fundou a S.P.I. (Sociedade para a Indagação Filosófica) em Nova Jersey e estabeleceu orientações para o debate coletivo.
A divulgação deste método nos Estados Unidos pertence a Christopher Phillips (abaixo à esq.), escritor que em 1996 fundou a S.P.I. (Sociedade para a Indagação Filosófica) em Nova Jersey e estabeleceu orientações para o debate coletivo.
Em 2001 ele escreveu parte de suas experiências em Socrates Café: a Fresh Taste of Philosophy (1ª imagem acima à dir.), e já tem mais dois livros nesse tema. Algumas das sugestões de seu criador são que as reuniões destes “clubes filosóficos” sejam semanais ou quinzenais, durem duas horas, tenham a condução de um facilitador (não um expositor) e girem cada vez em torno a uma pergunta, que cada pessoa responderá. É importante a estabilidade do lugar, horário e periodicidade. O objetivo é ordenar a expressão participativa, estimulando a curiosidade e a tolerância intelectual. Há um formato para crianças e adolescentes, com os mesmos princípios.
A iniciativa se transformou numa espécie de franquia internacional bastante livre, que já teve centenas de grupos em diversos países. Na América do Sul, há ou houve pelo menos um Café Sócrates em Caracas e outro em Buenos Aires. A esposa de Christopher, a professora e pesquisadora mexicana Cecilia Chapa Phillips, traduziu a informação principal ao espanhol, mas ao parecer os livros ainda não passaram ao português.
Imagens da web (1, 3) e F. A. Vidal (2)
Imagens da web (1, 3) e F. A. Vidal (2)
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