Sabemos que pelo canal passavam, em outras épocas, indígenas, colonos portugueses e escravos. Somente no século XX foi construída a primeira ponte, que logo se fez estreita para o transporte de cargas pesadas. Nos anos 70 foi elevada outra mais segura, que com naturalidade permanece até hoje do lado da antiga, em abandono e deterioração.
Mas talvez nunca tivéssemos visto tantas contradições, neste simples ponto de vista: movimento e detenção, estreitamento e amplidão, obsessão e liberdade, luz e escuridão. Não há perigos aparentes, mas a imagem sugere dúvidas e ansiedades sem resolver. Uma possível claustrofobia se vê anulada pela grande amplidão na terra e no céu, mas o preto e branco espalha fortes sensações depressivas. Os elementos simétricos olham para o céu, como querendo ordená-lo obsessivamente.
Os aspectos aqui mesclados são os de uma transição vital, que uma ponte simboliza: ritmos e velocidades, esperanças e tristezas, libertações e asfixias. Para entender-nos melhor e mover-nos mais em nossas crises de mudança, precisamos de mais olhos fotografando pontes.
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