A notícia foi dada primeiro pelo sítio da UFPel, coordenado por Clayton Rocha (leia). O último veículo pelotense a citar o fato na internet foi o ClicRBS, mas o fez com fotos próprias (leia nota).
O doutor Mozart (acento no A) sempre foi e será lembrado pelo cargo mais alto que alcançou: Ministro Vitalício (1969/1984) e Presidente (1972/1974) do TST - Tribunal Superior do Trabalho (veja currículo). Publicou mais de 60 obras jurídicas, algumas delas reeditadas mais de 25 vezes. Nos últimos anos, dedicou-se também a escrever artigos de jornal e crônicas de viagens, autoaludindo-se como um "viajante apressado".
A respeito desse vulto extraordinário, que encima o título desta colaboração, poder-se-ia mencionar que foi Professor, Magistrado e Jurista com letras maiúsculas.
Nele não se pode asseverar, com firmeza, em que ângulo de atividade mais luziu: se na cátedra da Faculdade, se presidindo audiências ou emitindo despachos e sentenças, se escrevendo livros a mancheia. Porque, em qualquer ramo, seu destino foi espargir ensinamento e distribuir cultura.
É relatado que nos conhecemos, em pessoa, no começo da década de 1960, quando ele veio emitir a aula inaugural na então Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas de Bagé. Foi-nos apresentado por outro digno pelotense, o doutor Francisco de Paula Azevedo Veiga, então promotor de Justiça em nossa Rainha da Fronteira.
Desde ali já vislumbramos o talento jovial, o entusiasmo pela vida que ele exteriorizava; a polimorfa cultura, homem aberto a todo e qualquer diálogo; a verve sedutora, numa imponência física que, ab initio, gerava veneração, apreço e respeito. E seu amor pela esposa (Gilda Corrêa Meyer Russomano), a quem louvava com emotividade e entusiasmo onde estivesse, na vida e na morte dela, era impressionante e modelar.
Também seu incentivo continuado aos filhos mesclava-se ao envaidecimento que nutria pelos mesmos, onde se distinguia o varão Victor, hoje quiçá o causídico de mais prestígio junto ao TST (Brasília) segundo, pessoalmente, alguns ministros daquela alta corte já revelaram.
Pelotas e o Brasil jamais o olvidarão, porque ele foi homem que nunca se desgarrou de seus deveres; porque ele enalteceu a cátedra universitária; porque sempre exaltou a Justiça do Trabalho; porque produziu artigos de jornal de fôlego intelectual insuperável; porque deixou a ex-alunos, colegas, amigos, advogados, admiradores um séquito de amor entranhado à lealdade, lendo, pesquisando e estudando até os estertores da vida terrena. Na permanência nesta, pelejou até os derradeiros instantes.
Com sua morte, por conseguinte, perdeu não só a Princesa do Sul, mas a própria pátria brasileira, em cujo bloco cultural se abriu um vácuo de fundas raízes com a ida de Mozart Victor Russomano aos braços de Deus.
George Teixeira Giorgis
Imagens da web
Nenhum comentário:
Postar um comentário