Na segunda metade do século XX, dirigiu a principal seção de jornalismo cultural no antigo Correio do Povo, estimulando em leitores de todo o Estado a crítica, a criatividade e o amor pela literatura.
Como estudioso da cultura do Rio Grande do Sul, Reverbel escreveu a primeira biografia de João Simões Lopes Neto ("Um Capitão da Guarda Nacional", 1981), outra sobre Assis Brasil ("Diário de Cecília de Assis Brasil", 1983) e o ensaio histórico "Gaúcho" (1986).
José Antônio Mazza Leite, diretor do Museu do Charque, escreveu sobre Reverbel, que conheceu e visitou com frequência em Porto Alegre:
Reverbel, hospitaleiro e amável, conversava contando suas histórias de vida, sempre com muito humor. Contou-me que vinha a Pelotas e ficava hospedado no Hotel Rex.
Aqui pesquisava, escrevia e informava-se. Eram suas fontes José de Almeida Collares, doutor Luís Simões Lopes, Rui e o jovem Cláudio Simões Lopes. Muito papo foi trocado nos bares e nas praças de nossa cidade. O livro que daí teve origem, "Um capitão da Guarda Nacional", é leitura obrigatória para quem quer conhecer João Simões Lopes Neto e a vida de Pelotas na virada entre os séculos 19 e 20.
Mais de uma vez, Reverbel disse-me que gostaria de morar em Pelotas, mas a fragilidade de sua saúde não permitia esse luxo. Aqui tinha amigos e gostava de perambular pelas mesmas ruas do seu herói João Simões Lopes Neto (leia o artigo completo de Mazza Leite).
Em homenagem a quem resgatou Simões do esquecimento em que se encontrava, o Instituto batizou seu auditório com o nome de Carlos Reverbel, desde que estabeleceu sua sede na antiga casa do escritor pelotense (Rua Dom Pedro II nº 810). Veja mais informações nos blogues Vendaval das Letras e no do Instituto J. Simões Lopes Neto.
Hoje (17) às 19h, comemora o centenário de nascimento de Reverbel, primeiro simoniano, com a palestra da jornalista de ZH Cláudia Laitano e a presença de Beth Reverbel de Souza, filha do homenageado.
Fotos: Vendaval das Letras (1) e IJSLN (2)
4 comentários:
Sem desmerecer o livro Um Capitão da Guarda Nacional, muito menos seu ilustre autor, mas no intuito de zelar pela história, venho informar que Ivete Simões Lopes Barcellos Massot, escreveu uma biografia de seu tio "Simões Lopes Neto na Intimidade" que foi publicada em 1974 pela Editora Bels (Porto Alegre) em coedição com o Istituto Estadual do Livro.
É verdade que o livro citado é anterior ao de Reverbel, mas é reconhecido a este o pioneirismo desde 1945, quando a Editora Globo (de Porto Alegre) o enviou a Pelotas para uma reportagem de divulgação prévia da edição crítica dos Contos. A reportagem saiu em 1945 na Revista do Globo [pt.wikipedia.org/wiki/Revista_do_Globo] e foi aí que o escritor e sua viúva foram tirados do esquecimento.
As pesquisas de Reverbel continuaram por mais de 40 anos, pois se transformaram quase numa missão de vida. Após o livro dele ter saído, ele seguiu pesquisando, escrevendo e publicando.
Na introdução da biografia escrita por Carlos Francisco Sica Diniz, este autor qualifica o livro de dona Ivete como memórias familiares, contendo imprecisões históricas. O seu grande valor é afetivo, devido à proximidade das fontes; seu defeito seria a distância no tempo (foi escrito entre 60 e 70 anos depois dos fatos).
Ivete Simões Lopes Barcellos Massot nasceu em 1898, filha da irmã mais nova do escritor, Maria Izabel de Freitas Lopes. Conheceu-o, portanto, até os 18 anos dela.
O mérito de Reverbel é a pesquisa biográfica incansável; no entanto, as poucas imprecisões se fazem nele mais criticáveis, pela menor distância no tempo (30 anos depois da morte de Simões). Esta é a avaliação de Sica Diniz.
Os livros citados estão à venda em sebos virtuais. O de Sica Diniz tem uma versão no Google Books.
Beleza. Muito obrigado pelas informações e pelo seu precioso tempo. Vou tratar de juntar ao livro de tia Ivete essas outras obras.
Há outro texto biográfico anterior ao de dona Ivete e ao de Reverbel:
"Alguns aspectos de Simões Lopes Neto", de Mozart Victor Russomano, contido em "Fundamentos da Cultura Rio-Grandense", 3ª série, de Darcy Azambuja e outros (URGS, 1958).
Uma biografia posterior a todas essas é a de Antônio Hohlfeld, "Simões Lopes Neto" (Tchê, 1985).
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