domingo, 7 de julho de 2013

Poema para um sete de julho


Por uma tarde de julho
(para Pelotas, 201 anos)

Morrer assim
numa tarde de sete de julho
ouvindo Pour Élise ao piano.

Morrer assim
quando a cidade esquecida de frio
é um hemisfério de blocos de concreto
lancinantes.

Morrer assim
como falou Wamosy
– a angústia roendo as vísceras.

Morrer assim
como tantas vezes já acontecera.

Morrer por morrer
como fenecem os dias, escondidos
em suas velhas tumbas
sem ritual nem liturgia.

Estranha tarde para morrer
quando o sol se debruça
no azul do pano de fundo.

Morrer insone: a angústia de saber...
Que o agora antecede o amanhã
construindo o hoje?

Morrer em meio ao som da Catedral
batendo sinos neste carrilhão do viver.

Morrer assim, em campanário,
Princesa que desperta
lúcida
– pombinha pousada nos dobrões de ouro
do passado.
Joaquim Moncks
Poeta Pelotense
V. perfil do autor e página no Facebook
Leia Duas Almas, soneto de Wamosy.
Ouça a bagatela para piano nº 25 em lá menor Pour Elise, de Beethoven.
Texto: Recanto das Letras
Foto: F. A. Vidal

Um comentário:

Unknown disse...

Julho é um bom mês para morrer!
Pensando bem,
sempre que repouso meus pés endurecem
de tão frios.
Melhor esperar aquecer.

Janeiro sim, é um bom mês para morrer!
Refletindo bem, é pior.
Sempre que deito começo a suar.

Melhor esperar,
melhor esquecer.