A Universidade Federal de Pelotas comprou em abril dois prédios da antiga fábrica Cotada (veja a notícia).Após décadas de abandono, o edifício maior - Benjamin Constant esquina Dona Mariana - não parece ter sido tocado: por fora a identificação em enormes letras (esq.), por dentro pequenos pátios, a estrutura em cimento, um velho elevador, grandes buracos entre os pisos.
O professor José Luiz de Pellegrin, diretor do Departamento de Arte e Cultura da UFPel, que vinha organizando grandes mostras no Cais do Porto desde 2006, imaginou agora a ocupação artística desse velho prédio, tão grande que uma turma de formandos do Instituto de Artes não conseguiria preencher. Foram chamados professores, ex-alunos e outros artistas, inclusive de fora de Pelotas, e o resultado teve inauguração na sexta-feira passada (23).
Aberta até amanhã (31), a "Arte no Porto III" é a maior exposição coletiva já vista em Pelotas, com 72 artistas (inicialmente eram 74, mas dois não puderam chegar), sem que mediasse prêmio ou concurso.O entusiasmo e a criatividade que estiveram em jogo também dão mostra de como um ponto de partida velho e deteriorado permitem uma renovação e um futuro vislumbrado além dele. Esta ação coletiva pode considerar-se como uma multi-intervenção, que dá caráter poético a um espaço de nossa cidade que nos envergonhava e parecia destinado à destruição.
A imprensa de Pelotas funciona por agenda e não cobre os eventos artísticos após acontecerem - somente os anuncia. Não havendo aqui uma publicação exclusivamente dedicada à arte, esta megaexposição tomou os meios de surpresa e ficou sem ser informada ao público. Nem sequer o sítio oficial da UFPel deu detalhes da inauguração (leia). Somente um documentário da produtora Moviola mostrará ao mundo esta pequena façanha.Nos próximos dias, mostrarei alguns aspectos que mais me chamaram a atenção.
Fotos de F. A. Vidal
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