Do fovismo francês, o artista toma as cores puras, vibrantes, instintivas, exaltadas por si mesmas. Do cubismo sintético de Picasso, vemos o modelamento das linhas, num geometrismo mais livre.
Em depoimento à reportagem da UCPel (leia nota), André também informa influência do expressionismo. Todos esses movimentos artísticos se desenvolveram entre fins do século XIX e início do século XX. Por outro lado, a predominância de formas femininas nas telas evoca uma inspiração na antiga arte egípcia.
Quanto às técnicas, o artista usa basicamente o spray, material à base de óleo, típico das artes de rua, como o graffiti (às vezes aportuguesado para "grafite"). Ao agredir o suporte e permitir o escorrer da tinta, o jato do spray imprime dramaticidade e movimento à composição. Outro material aqui usado é o pincel atômico, também contemporâneo.
A fusão entre estilos modernistas elaborados - especialmente o cubismo de Picasso, de inícios do século XX - e a técnica contemporânea do spray, de sentido primitivo, resultou no "cubismo urbano" de André Winn.
É um ecletismo que, reunindo o não acadêmico da arte, pretende resgatar o seu sentido revolucionário ou, pelo menos, expressar ingredientes humanos tão extremos como o intelectualismo e a rebeldia. A atitude oposicionista se revela aqui ao escolher elementos que se contradizem.
As 23 obras aqui espostas são fruto da inspiração ocorrida nas primeiras horas de 2010. Com o impulso da virada do ano e a esperança de um novo caminho aberto, André criou todos estes desenhos, num bom exercício prático e teórico.
Natural de São Lourenço do Sul, André formou-se em Programação Visual pelo CEFET e atualmente estuda no 3º semestre da Licenciatura em Artes da UFPel. Outra proposta sua esteve em exposição numa sala da SeCult, há uns dias (veja nota).
A expressão "cubismo urbano" não havia sido usada na pintura até agora, pois ela remete à arquitetura por ambos lados: diretamente, pela palavra "urbano" e indiretamente pelas artes plásticas (pois não há cubismo rural). Uma denominação mais própria para esta expressão pictórica seria "neocubismo" ou "pós-cubismo".
A própria Galeria de Arte da UCPel (esq.) tem um aspecto geométrico, com um longo biombo metálico. Somente a visão conjunta de pessoas e obras de arte alivia a aparência asfixiante das vigas verticais. Neste caso, ao representar pessoas de modo semiabstrato as obras de André Winn (dir.) fazem uma boa ponte entre a rigidez da cenografia e a humanidade biológica dos espectadores.
Imagens: F. A. Vidal (1-3) e UCPel (4)
Um comentário:
Achei muito interessante e bonita a pintura! Parabéns!
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