"Meu mar", de Alayde Reck |
O Corredor Arte está expondo 17 quadros em acrílica da pelotense Alayde Rodrigues Reck, a maioria dos quais se encontra à venda. É a segunda vez que a artista de 84 anos apresenta seu trabalho neste espaço, permanentemente aberto aos usuários e funcionários do Hospital Escola e ao público externo. A mostra segue até a segunda-feira 1 de abril, na Rua Professor Araújo 538.
Na década de 1960, após seu casamento, Alayde cursou estudos de pintura em porcelana em Cruz Alta (RS), no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Joinville (SC). Ao retornar a Pelotas em 1967, passou a ensinar essa técnica de pintura na Escolinha de Artes da Praça Júlio de Castilhos, hoje Parque D. Antônio Zattera. Estas informações foram divulgadas pela agência organizadora do Corredor Arte.
"Casario", de Alayde Reck |
Por três décadas, ela ministrou cursos em Pelotas e em cidades vizinhas, e mostrou seu trabalho também em outras regiões do país. Em 1999, a professora fechou seu ateliê e ingressou como aluna em cursos de pintura em tela. Passou a desenvolver as técnicas de aquarela, pintura a óleo e tinta acrílica.
Numa situação equivalente à de aposentada, ela prosseguiu sua atividade artística com finalidades adicionais à criação estética: a expressiva, para liberar emoções, e a profilática, para melhorar a qualidade de vida. Como a pintura representou para ela um sentido de vida, era inevitável a continuidade criativa para manter e desenvolver a saúde mental.
Em 2004 participou numa coletiva sob a orientação da professora Ana Magda Velloso da Silva (leia nota). Em 2005, expôs individualmente na Galeria Pampah (veja notícia), mostrando a evolução técnica: da porcelana aos quadros.
Hoje com 84 anos e excelente saúde, ela agradece pela recomendação de seu médico, que lhe aconselhou a continuidade na pintura. “Ele falou que eu não deveria parar, pois faz muito bem para mim. A arte é tudo para mim, é o que me dá forças para viver”.
Em cada imagem, Alayde obtém um efeito visual particular, conjugando a sensibilidade, as habilidades aprendidas e o pincel: por exemplo, em "Alameda" é a profundidade de um caminho que avança no meio da floresta (na foto abaixo, atrás da artista). Foi colocado estrategicamente num dos extremos do corredor, o que dá a ilusão de um prolongamento, ao modo de um espelho, como se o espectador pudesse continuar a caminhada.
Alayde Rodrigues Reck |
"Meu mar" reconstitui o estrépito avassalador e o movimento meio caótico das ondas. Tons escuros sugerem que a umidade não traz boas lembranças, e a luminosidade se distribui de modo a assumir também um função expressiva. Se o chão não dá segurança alguma, o céu pode trazer relâmpagos e fantasmas.
"Casario" dá uma impressão contraposta a essa insegurança marinha: no silêncio cortado somente por uma suave brisa, a tarde de outono em terra firme mostra que nada de mau pode acontecer. Os caminhos levam para cima e as grandes casas protegem das tempestades e têm uns desvãos cálidos e convidativos.
Fotos: Corredor Arte
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