Nossas vidas, um grito embalado a vácuo |
herói da história
Alguns dias não acabam nunca,
algumas histórias, não acabam bem,
uns ficam quietos
outros bêbados
eu fico entre os loucos
sempre achando ridículo
o desfecho final.
Já estou na rua,
com os pés molhados
e sem guarda chuva,
quando a platéia urra
aplaudindo em desespero,
de pé,
a queda do vilão,
como se eles próprios
fossem os heróis
e não apenas
meros
coadjuvantes.
Temporal
No meu peito existe um buraco,
não, um furo...
talvez seja melhor dizer fenda,
ou fissura...
enfim,
um espaço.
Por onde a dor esvai,
gota a gota
alagando o mundo,
goteira sem balde
das tormentas da alma.
Alexandre Vergara é um poeta pelotense, desconhecido como muitos que guardam seus escritos em gavetas por toda sua vida. Aos 34 anos ele decidiu começar a publicar, mais ou menos um poema por dia, no blogue O grito e o vácuo.
Seus versos assimétricos falam da dor de viver nas cidades de hoje, mas, ao contrário dos textos existencialistas, seus sintéticos poemas costumam nos deixar com a ponta de um leve sorriso no pensamento. A vida dói, mas afinal vale a pena poder falar dela.
POST DATA
Março 2014
O escritor Manoel Magalhães, que vem publicando trabalhos de Alexandre no blogue Cultive Ler, definiu assim o estilo do poeta (outubro 2013):
Alexandre Vergara opta por um certo romantismo às vezes amargo, trazendo à tona sensações ambivalentes, assinalando as questões do coração e da razão, regadas a um bom vinho e embaladas pelo som de um jazz bem tocado.
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