O baronato era o grau mais baixo na hierarquia aristocrática afim ao Império. Em sequência ascendente: Visconde, Conde, Marquês e Duque (acima dele, somente a família real).
Nesse regime absolutista, o Imperador concedia os títulos segundo a fortuna e o prestígio do agraciado. Assim como os grandes cafeicultores paulistas foram "barões do café", em Pelotas e região também houve empresários, políticos e fazendeiros que ficaram na História com a vulgar denominação de "barões do charque".
Segundo o artigo citado, dez charqueadores de Pelotas receberam o baronato, sendo que os dois primeiros (lista abaixo em ordem cronológica) também chegaram a Visconde. No site da UFPel, há mais detalhes sobre os aristocratas do charque, ali identificados em número de doze (veja a seção).
Domingos de Castro Antiqueira foi Barão e Visconde de Jaguari - títulos de 1829 e 1846. Financiou o exército imperial. Sua casa ainda está na Félix da Cunha com Sete de Setembro, atual SANEP e Conservatório (dir.). A Rua Visconde de Jaguari recorda seu título (paralela à Garibaldi).
João Simões Lopes foi Barão e Visconde da Graça - em 1872 e 1876. Apoiou o Império contra os farroupilhas. Morou onde hoje funciona a Casa da Criança São Francisco de Paula (Rua Uruguai 1651, esq. Quinze de Novembro, 1ª foto acima). A Avenida Visconde da Graça fica no bairro Simões Lopes.
José Antônio Moreira, Barão de Butuí - 1873. Provedor da Santa Casa e benfeitor social. Sua casa era o nº 2 da Praça Coronel Pedro Osório - o Casarão 2.
Francisco Antunes Gomes da Costa, Barão do Arroio Grande - 1884. Libertou seus escravos antes da Lei Áurea; foi deputado provincial e dono da Charqueada da Boa Vista (esq.).
Felisberto Inácio da Cunha, Barão de Correntes (nome de rua no bairro Areal) - 1884. Também abolicionista.
Leopoldo Antunes Maciel, Barão de São Luís - 1884. Outro abolicionista; morava na atual casa 6.
Aníbal Antunes Maciel, Barão dos Três Cerros - 1884. Primo do anterior; sua chácara era o atual Museu da Baronesa.
Antônio de Azevedo Machado, Barão de Azevedo Machado - 1885. Uma rua recorda seu título. Morava na esquina de Gonçalves Chaves com Sete de Setembro; a casa se estendia até a Rua Barroso, hoje está em ruínas (dir.).
Joaquim da Silva Tavares, Barão de Santa Tecla - 1886. Ganhou o título ao apoiar financeiramente a Guerra do Paraguai. Nome de rua central em Pelotas.
Joaquim José de Assumpção, Barão de Jarau - 1888. A casa de sua esposa ainda existe, na esquina de Quinze de Novembro com General Teles. O título é lembrado numa pequena rua do bairro Três Vendas.
O charqueador Francisco Antunes Maciel, Barão de Cacequi, é um dos não mencionados no artigo da Academia (o outro é o Barão de Piratini, listado abaixo como não charqueador). Francisco Maciel foi deputado e ministro do Império. Era irmão do Barão de São Luís e genro do Barão de Butuí. Morava na atual casa 8 da Praça Osório, esquina com Rua Barão de Butuí.
Outros senhores ricos residentes em Pelotas que tiveram o título de Barão, sem ser charqueadores:
João Francisco Vieira Braga, Barão e Conde de Piratini - 1854 e 1885.
Manuel Alves da Conceição, Barão da Conceição (título dado pelo rei de Portugal). Empresário português; morava no prédio de 3 andares, esquina de Quinze e Voluntários. Uma rua em Pelotas recorda seu título.
Miguel Rodrigues Barcellos, Barão de Itapitocaí - 1888. Médico e benfeitor social, morava na rua que hoje leva seu nome.
Miguel Rodrigues Barcellos, Barão de Itapitocaí - 1888. Médico e benfeitor social, morava na rua que hoje leva seu nome.
O cearense José Júlio de Albuquerque Barros (1841-1893), Barão de Sobral, foi governador do Rio Grande do Sul de 1883 a 1885. Uma rua em Pelotas leva o nome de seu filho, o pelotense José Júlio de Albuquerque Barros (1886-1952), prefeito nosso, nomeado pelo Estado Novo, mas que não foi barão.
José Luís Cardoso de Sales, Barão de Irapuã, é citado pela residência de sua filha Branca Sales, na Rua Lobo da Costa, defronte ao Teatro Guarani (esq.). Veja a nota no site da Secretaria Municipal de Turismo.
A Wikipédia tem uma lista de baronatos no Brasil, com 744 barões e 10 baronesas, sem identificar os relacionados com o charque.Fotos da web (1, 3, 5) e F. A. Vidal (2, 4).
5 comentários:
Excelente texto. Mas vale corrigir: nosso regime monárquico nunca foi absolutista. Era parlamentarista.
D. Pedro I sempre foi contra o regime absolutista e nos legou uma constituição que limitava os poderes do Imperador. Cabia ao Presidente do Conselho de Ministros, deputado federal eleito, cujo nome era escolhido pelo Imperador a partir de uma lista tríplice, comandar o governo.
D. Pedro I inclusive, tendo abdicado ao seu trono brasileiro em favor de seu filho, viajou a Portugal para enfrentar seu irmão, D. Miguel, que usurpara o trono. D. Miguel era absolutista e D. Pedro era constitucionalista (parlamentarista). Lutaram uma sangrenta guerra civil, que fii vencida pelas forças de D. Pedro. Ele, que havia renunciado também ao trono português em favor da filha, D. Maria II (a rainha carioca) morreu logo em seguida ao fim dos conflitos, legando a Portugal o moderno sistema monárquico parlamentarista, como vigia no Brasil, e também existem hoje na Inglaterra, Suécia, Dinamarca, Holanda, Luxemburgo, Espanha, Noruega e Japão.
Certo o leitor. Onde diz "absolutista" deve dizer "monárquico".
O Visconde da Graça foi João Simões Lopes Filho, filho do Comendador João Simões Lopes.
João Simões Lopes Filho, o Visconde, lutou na Guerra dos Farrapos, mas no lado dos farrapos contra o império.
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