Laura tem formação musical no Conservatório e vem de uma família de artistas, mas como artista plástica é autodidata. O exercício como decoradora e professora lhe moldou o talento e hoje ela faz uma "arte multissensorial", integrando os vários sentidos perceptivos (visão, tato, olfato, movimento) e os significados interpessoais implícitos (conversemos com as sacolas, vamos passear com elas, usemo-las muitas vezes).
Em sua primeira exposição individual, ela traz um formato de arte utilitária, com sentido ecológico: a intervenção plástica em sacolas de tecido. O jogo de palavras implícito é com as sacolas plásticas, que têm poluído todo o planeta. A hiperprodução de sacos em material tóxico aumenta o lixo jogado no mar e causa a morte de animais que os comem, confundindo-os com alimento.
Em nossas compras, usamos sacos plásticos por uma única vez, e os pomos no lixo sem culpa, pois não lhes damos valor sentimental nem neles vemos beleza alguma. A proposta ecologista é não usar tanto plástico e preferir os recipientes naturais.
Os artistas que abraçam a causa ecológica facilitam essa preferência, escolhendo um material adequado, reciclável, e dando-lhe um conteúdo afetivo, mediante cores e personificações. Ganhando um valor estético, o objeto utilitário se humaniza e a poluição ambiental diminui.
A flexibilidade criativa desta artista permite que os diversos usuários se identifiquem com as figuras plasmadas: abstrações de diversas aparências e personagens femininas, como a dama bebendo sozinha (abaixo) ou simbólicas, como o barquinho na areia (dir.). Está ancorado ou encalhado? Precisará de ajuda, ou só quererá conversar enquanto a maré não sobe? Dá vontade de levá-lo pra conversar em casa.
As 31 sacolas estão à venda, cada uma por R$ 25, na galeria do Campus I da Universidade Católica. Gonçalves Chaves, 373. De segunda a sexta, de 8h a 22h, e sábado pela manhã.
Fotos de F. A. Vidal.
Fotos de F. A. Vidal.
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