A partir da Catedral, onde a rua começa, muitas pessoas já se referem a ela como "a rua da figueira". É muito mais fácil referir-se a um dado visual do que a um nome de pessoa, que além do mais não tem relação com árvores.
O pelotense João Jacinto de Mendonça (1817-1869) formou-se em Medicina no Rio de Janeiro, aos vinte anos. Voltando ao Sul, entrou na política, fazendo-se deputado provincial gaúcho pelo Partido Conservador e, mais tarde, Senador pelo Rio Grande do Sul. Também foi presidente provincial do Estado de São Paulo, nomeado pelo Imperador, de 1861 a 1862. Mas para os gaúchos ele é lembrado como o Senador Mendonça.
Hoje em dia, os pelotenses que estudam ou trabalham fora da cidade raramente voltam para contribuir a sua terra natal, nem são lembrados por seus conterrâneos. Mesmo que se destaquem a nível nacional, como o Senador. Os que ficam por aqui preferem orientar-se pelas árvores, que são fixas e visíveis a olho nu.
Como hoje sábado o dia estava bem ensolarado, consegui boas fotos da figueira da Senador. Descobri também que ela somente se deixa ver para os que vêm do centro da cidade (esq.), permanecendo oculta para o setor oeste (que está numa baixada), apesar de estar favorecida por sua altura natural e por estar num terreno mais elevado. Antigamente, ela estava no limite urbano, o que a fazia um verdadeiro ponto de referência.
Além de presidir toda a rua, a figueira parece uma seta a orientar toda a cidade com seus ramos agrupados em dois: um lado mais frondoso ao sul e outro menor, ao norte (dir.). Uma bússola natural, ou um signo dos destinos do Senador?
Não importa quão evidente e imponente seja uma realidade; é possível que não a vejamos de certos ângulos. Mas ela emite sua mensagem, que poderemos ou não compreender. "Pelotas, não esqueças teus filhos ilustres. – Pelotenses talentosos, deem o retorno a sua comunidade".
Fotos de F. A. Vidal.
Fotos de F. A. Vidal.
5 comentários:
Ah! As figueiras...me fez lembrar outra historia...meu pai comprou a casa em que a minha mae vive até hoje porque no jardim tem uma figueira. E quando a minha mae perguntou se ele nao visitaria o interior da casa a resposta foi taxativa:-Nao, me basta a figueira!....E isto porque esta figueira o fazia recordar outras figueiras, da estância dos meus bisavos que tinham 3 e eram conhecidos por elas. Enfim, as pessoas desaparecem e as figueiras seguem testemunhando.
Esse final da tua matéria estámeio "dramático", né...?
Escreves sempre tão bem...
Bj,
Tê!
Só para recordar, a Rua Senador Mendonça, originalmente, tinha o luso nome de Rua de Santo António. Prefiro.
Afinal quantos anos tem a figueira mais ou menos?
Pesquisei entre os vizinhos mais idosos e todos eles asseguram ter a figueira mais de cem anos, pois quando seus pais eram crianças, lá por 1920, ela já estava lá.
Por outro lado, sabe-se que esta área, hoje urbana, antigamente pertencia à chácara Oliveira, que existiu no século XIX. A esse tempo remonta a história desta árvore, mas não sei precisar em que década foi plantada (algum ponto entre 1820 e 1890, quem sabe?).
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