segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Amigo recorda inícios de Nelson Nobre

O pelotense Huberto Luiz Paiz Machado (64 anos) comentou em julho passado, desde Santa Maria (RS), num post do Pelotas Vip, sobre sua amizade com o jovem Nelson Nobre Magalhães. Oferecemos o seu testemunho para que os leitores comentem e questionem.

Conheci-o por volta de 1965. Eu tinha 18 anos. Ele, 19 – estava no quartel. Estudávamos no Colégio Diocesano [atualmente, o campus II da UCPel].
Mais tarde, lá por 1968, eu atuava no Movimento Estudantil Secundarista, onde divulgava textos de estudantes no jornalzinho da União Pelotense de Estudantes Secundários – UPES [veja a lei 847, que declarou a utilidade pública da UPES].
Estimulei Nelson a começar a escrever, pois vi que ele gostava de discutir sobre as letras das canções populares. Nelson padecia de falta de autoconfiança, mas insisti: disse-lhe que ele seria um POETA, bastando pra isso que desenvolvesse algumas técnicas, pois não lhe faltava senso crítico e sensibilidade. Trouxe-lhe gramáticas sobre métrica e versificação… Pois não é que deu certo…

Sua primeira poesia, meio ingênua, iniciava assim:
Se eu canto em serenata,
com a voz cheia de ardor,
É em homenagem à ingrata
que ignorou o meu amor…
Até aqui o comentário de Huberto Machado.
Nelson assumiu-se como poeta (sem sair das clássicas quadrinhas) e ficou conhecido como pesquisador da história recente de Pelotas (leia sobre o Pelotas Memória e sobre seu Quiosque).

Ganhou autoconfiança para escrever e difundir suas ideias, mas nunca perdeu a extrema sensibilidade e a timidez na área amorosa. Mesmo assim, segue sendo um modelo de como podemos - sem esquecer nossos sentimentos - enfrentar a dor e dar um passo positivo na vida.

Arthur Silva, outro pesquisador de nossa zona, lhe fez uma homenagem quando de sua morte, no inverno de 2007 (leia).
Imagens: UCPel e DP

5 comentários:

isa disse...

muito lindo o texto!
te mando o link de uma postagem no blog onde tambem relato uma historia com o nelson.
http://taurusetcancer.blogspot.com/2007/07/uma-estoria.html
beijo!

Francisco Antônio Vidal disse...

Obrigado, Isabel. Esse relato é emotivo mesmo, mostra como as almas poéticas se encontram num nível superior ao resto dos mortais, que são menos sensíveis e por isso mesmo menos lúcidos. Creio que Nelson era canceriano, como Pelotas (7 de julho).

Anônimo disse...

Dr Vidal meus parabéns! Vi seu nome no blog imagensfatos, novo psicólogo da prefa! O amigo vai ter muito trabalho por lá, tem gente lá que está pensando que é Hobin Hood!

Saudoso Nelson, o calçadão da XV nunca mais foi o mesmo depois de sua passagem.

Francisco Antônio Vidal disse...

Obrigado pela saudação. Realmente, a nomeação saiu dia 28, de um concurso que fiz em 2008 (coincidência numerológica).
Mas acho que não é no Paço Municipal que pediram ajuda psicológica (saberei em janeiro). Robin Hood não era dos ricos.
Robin Fetter gosta do personagem como quem gosta de fantasias (neste caso, uma fantasia política).

Saudação ao Nelson Nobre, um emblema de amor por Pelotas (um pobre que não precisou tirar dos ricos).

Jana disse...

adorei a história. Sou filha do Huberto e simplesmente adoro ouvir meu pai cantar e contar as histórias de Nelson Nobre, o qual tive oportunidade de conhecer quando era criança.