A artista recém formada pela UFPel Ana Maria Batista vem realizando performances em que representa conteúdos feministas, em lugares específicos de Pelotas.
Em 2009, ela representou um aspecto do conto de Simões Lopes Neto "Os cabelos da china" (veja a nota), como parte de uma exposição que resgatou trabalhos de um concurso artístico realizado em 2008. Os artistas plásticos realizam este tipo de atuações que jogam com o concreto e o simbólico, mas fico em dúvida se este gênero não deveria considerar-se parte das artes teatrais ou cênicas.
Ana utiliza seu próprio corpo como material para representar o uso e abuso que a mulher sofre na sociedade. O estímulo à reflexão - mais uma ação social do que uma obra artística em si - pode ampliar-se para a dor que todo ser humano sente na opressão e perda da liberdade, seja como indivíduo ou como grupo social.
Ao inaugurar-se a primeira grande exposição na Cotada, em outubro, ela mostrou graficamente outro aspecto desse sofrimento psíquico e moral oculto à consciência pública (ou consentido por todos, por motivos que passam ao debate).
Encadeou-se a si mesma no chão do último andar, num espaço aparentemente desenhado para esse fim, e ali permaneceu por vários minutos, à vista de todos, impossibilitada de libertar-se e de comunicar-se. O trabalho se chamou "Chave Mestra".
A provocação serve para debater sobre o uso social do corpo, sobre a opressão da alma e a escravidão humana, sobre a vitimização dos doentes e dos loucos, sobre a perda da vontade, dos desejos e da dignidade humana.
Foto: Guitavares (Flickr)
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